Ir ao encontro das pessoas é elemento fundamental na
vida da Igreja, na vida de todo batizado. É no encontro que a gente vai
descobrindo aquilo que faz parte da vida dos outros. A gente escuta, partilha a
vida, conhece realidades que até aquele momento eram distantes, cresce, se
enriquece.
Vendo e acompanhando a missão que os seminaristas do
Seminário São José de Manaus realizaram no último final de semana, a gente vai
descobrindo o que isso significa na vida das pessoas. Ainda mais em uma
sociedade onde cada vez mais existe a dificuldade de parar, sentar, escutar, se
interessar pela vida do outro, não só pelos seus problemas e dificuldades,
também pelas suas alegrias e conquistas.
Quando a gente se faz presente em realidades que nos
resultam desconhecidas, podemos ter uma atitude de distância, de medo, diante
de uma realidade diferente, mas também podemos nos interessarmos diante daquilo
que nos ajuda a ter um outro olhar da realidade. Viver de olho aberto nos humaniza,
mas também poderíamos dizer que nos diviniza, nos aproxima de um Deus que não
tem medo de caminhar no meio do povo, de se misturar e acompanhar a vida das
pessoas.
Existem realidades que são consideradas exóticas, mas
que muitas vezes não interessam. As dificuldades que muitas vezes vivem as
comunidades indígenas e ribeirinhas, inclusive aquelas mais próximas de Manaus,
deve nos levar a refletir. O abandono institucional, também eclesial, a falta
de políticas públicas que garantam os direitos fundamentais deve ser pauta de discussão
no âmbito social, político e eclesial, mas para isso é preciso conhecer a
realidade e entender como a falta daquilo que pode ser considerado mais do que
necessário atinge à vida das pessoas.
Ainda mais quando a gente percebe a capacidade de
acolhida que o povo tem, sua disposição para partilhar, para dividir a vida e o
que eles têm, mesmo que aparentemente seja pouca coisa. Experimentar isso, gera
alegria, dá sentido à vida, ajuda a superar as dificuldades que a gente
encontra muitas vezes para chegar até os outros, dificuldades que muitas vezes a
gente faz maiores do que realmente são.
É no diálogo com o outro que nós vamos construindo
relações, mas também construindo vida, em nós mesmos e naqueles com quem a gente
vai se encontrando. Assim nós vamos enriquecendo nossa existência, em todas
suas dimensões, também em nossa vida espiritual. Não podemos esquecer que a
gente tem a possibilidade de se enriquecer ainda mais quando se depara com
pessoas diferentes. A diferença não pode gerar desconfiança e sim interesse por
aquilo que era desconhecido.
São histórias de vida, clamores, experiências de uma
vida de fé, de confiança em Deus e nas pessoas, através das quais descobrimos a
mão de Deus desenhando os caminhos da história e da vida do povo. Sempre em
atitude de aprendizagem, de vontade de conhecer, e assim crescer e encontrar
aquilo que fundamenta e dá sentido à vida da gente.
É na delicadeza que a gente se encontra.
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