quinta-feira, 21 de outubro de 2021

O insulto não pode ser o modo de fazer política


A política, a arte de construir sociedade, se apresenta como um elemento fundamental na vida da humanidade. Porém, as atitudes daqueles que ocupam cargos políticos, tem provocado que essa arte tenha se desprestigiado cada vez mais.

São inadmissíveis as atitudes com as que a gente se depara, cargos políticos que, em vez de fazer propostas que ajudam a construir a sociedade, a fazer realidade um mundo melhor para todos e todas, se dedicam a insultar e denegrir àqueles que tem opiniões diferentes ou que denunciam aquilo que não constrói sociedade e que, por tanto, não deveria fazer parte da política.

O acontecido com o deputado estadual de São Paulo Frederico D´Ávila, que insultou gravemente e acusou de algo que constitui um crime, o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, o Papa Francisco e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, são um exemplo de atitudes que se repetem no dia a dia dentro e fora do congresso, o senado, as assembleias legislativas dos estados ou as câmaras de vereadores do Brasil.

Não podem ser toleradas palavras ou atitudes que, por outro lado, estão presentes em muitos dos cargos políticos no Brasil, inclusive em quem ocupa o lugar mais alto do poder executivo. O pior de tudo é que são pessoas que ocupam esses cargos em consequência do voto popular, o que deve levar à sociedade brasileira a refletir sobre a importância do voto e as consequências que o voto tem na vida social.



Inclusive tem pessoas que apoiam, incentivam e batem palmas diante desse tipo de atitudes. Quando nos deparamos com esse tipo de gente, vamos descobrindo doenças cada vez mais presente numa sociedade enferma. Uma sociedade onde o insulto e a ofensa se tornam argumentos, validados inclusive por uma parte do coletivo social, deve recapacitar e tentar descobrir suas falhas estruturais.

Insultar nos diminui, nos faz perder a razão, nos afasta dos outros e de nós, pois a gente vai deixando para trás aquilo que nos torna humanos. Uma das características próprias do ser humano e a capacidade para debater, para contrastar opiniões diversas, para construir a sociedade a partir de argumentos, que podem ser divergentes, mas que não podem ser motivo para insultar.

O que fazer para desterrar da sociedade e da vida pública todo tipo de insulto? Quais os argumentos que cada um de nós tem e que nos permitem estabelecer pontes, também com aqueles que pensam diferente? São questões que devem estar presentes na nossa vida, também nos espaços em que é formada a personalidade das gerações mais novas. A sociedade se constrói com atitudes, que não podem estar marcadas pelo ódio.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 - Editorial Rádio Rio Mar

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