A poucos dias da Assembleia Eclesial da América Latina
e do Caribe, que será realizada de 21 a 28 de novembro, podemos dizer que
estamos diante de um novo jeito de fazer as coisas na Igreja, de um claro
exemplo de sinodalidade.
Nunca na história da Igreja aconteceu uma assembleia
em nível continental onde leigos e leigas, vida religiosa, sacerdotes e bispos,
participem de um momento em que juntos, de igual para igual, possam discernir
novos caminhos para a Igreja. Ainda mais, uma assembleia que acontece de modo
presencial e virtual, mas que como foi enfatizado várias vezes, todos participam
em igualdade de condições na hora de poder se expressar.
Serão mais mil os participantes, e a grande novidade é
que a maior porcentagem, 40 por cento dos assambleistas, são leigos e leigas. O
Concilio Vaticano II insistiu numa Igreja Povo de Deus, constituída a partir do
Batismo, e depois de mais de 50 anos nos deparamos com um evento eclesial onde
isso quer se concretizar na prática. Sabemos que o desafio é grande, fruto de
resistências tradicionalmente presentes na vida da Igreja, mas os caminhos que
podem nascer são motivo de grande esperança.
A sociedade, também a Igreja, ao longo da história tem
se organizado de um modo piramidal. Passar desse modelo social e eclesial a um
modelo circular, sinodal, onde a divisão seja substituída pela união, resulta
um desafio. O ser humano tem dificuldade para se relacionar de igual para igual
com quem é diferente, com quem pensa diferente. Custa entender que as
diferenças oferecem possibilidades de enriquecimento pessoal, mas também
comunitário.
Pensamentos diferentes ajudam a chegar mais longe, a
vislumbrar com maior facilidade novas possibilidades. Essa é uma reflexão que
todos nós somos chamados a fazer, também como sociedade. Diante de polarizações
que não levam a nada, que enfraquecem o tecido social e eclesial, somos
chamados a fazer e assumir propostas e modos de fazer as coisas diferentes. Não
podemos continuar incentivando divisões e enfrentamentos se queremos fazer
realidade um futuro melhor.
Essas novas práticas, cada dia mais urgentes e
necessárias, se tornam um reto para o futuro da humanidade, para sermos
sociedade e Igreja. Ou caminhamos juntos, ou a cada dia vamos sofrer as
consequências da divisão e do enfrentamento. Juntos somos mais e podemos gerar
perspectivas melhores, que ajudem a incentivar um nós coletivo e deixar para
trás os egos que, mesmo pensando que nos fazem ser mais, na verdade nos tornam
menores.
É tempo de apostar pela unidade, pelo cuidado mutuo,
pela felicidade para todos e todas. Superemos aquilo que nos afasta dos outros
e reconheçamos tudo o que de positivo existe no outro. É tempo de caminhar
juntos, de sinodalidade, de apostar em um novo jeito de fazer as coisas na
Igreja e na sociedade.
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