A pobreza é uma realidade com presença secular na vida
da humanidade. Podemos dizer que a pobreza tem diferentes causas, mas também
somos desafiados a assumir que superar a pobreza é possível. Para isso se faz
necessário estarmos dispostos olhar os outros com sentimentos diferentes,
deixando para trás o egoísmo, que pode ser considerada como uma das causas da
pobreza, e assumindo a partilha.
A gente partilha quando sente compaixão pelos outros,
uma pergunta que coloca na nossa frente a Jornada Mundial dos Pobres deste ano.
Instituída pelo Papa Francisco, neste próximo domingo, 14 de novembro, acontece
a quinta edição. Na sua mensagem para esta Jornada, o Papa Francisco nos lembra
que “toda a obra de Jesus afirma que a pobreza não é fruto duma fatalidade, mas
sinal concreto da sua presença no nosso meio”. O Santo Padre insiste em que “os
pobres são verdadeiros evangelizadores”.
Isso acontece, nos lembra a mensagem pontifícia, “porque
permitem descobrir de modo sempre novo os traços mais genuínos do rosto do Pai”.
Além das ações, o Papa pede atenção para com os pobres, se preocupar com eles,
partilhar a sua sorte, a exemplo de Jesus. Nos envolvermos diante do sofrimento
dos outros, especialmente dos vulneráveis e descartados, pode ser considerado
como um termómetro que mede nossa capacidade de viver a compaixão, que pode ser
considerada atitude indispensável na vida dos discípulos.
A partilha é uma atitude que deve ser assumida, como
algo que gera fraternidade, reforça a solidariedade e cria as premissas
necessárias para se alcançar a justiça, segundo a mensagem do Papa Francisco.
Num momento histórico em que a pobreza no Brasil está
aumentando, devemos nos questionar sobre o que fazer para superar essa realidade
que cada dia mais atinge a pessoas próximas da gente. A pandemia pode ser
considerada como uma das causas do aumento da pobreza, mas não podemos negar
que as decisões políticas também contribuem para o aumento da pobreza.
A falta de políticas públicas, o recorte dos direitos
trabalhistas, o aumento da inflação, sobretudo dos produtos de primeira
necessidade, está fazendo com que a vida dos mais pobres fique cada dia mais
difícil. A fome, a população de rua, o desemprego, e outros indicativos da pobreza
aumentam a cada dia, e isso faz com que seja urgente a toma de medidas para
superar uma realidade cada vez mais cruel. Ver pessoas procurando comida num
caminhão de lixo não pode nos deixar indiferentes.
Fazemos parte de uma sociedade que cria guetos, que
considera os pobres como pessoas aparte. Na verdade, é a própria estrutura
social que produz a pobreza, e isso demanda respostas concretas, fomentando a solidariedade
social e a generosidade. Mas somos capazes de fazer isso? Desde a fé nossa
resposta tem que ser clara: a compaixão nos faz felizes e nos ajuda a entender
que salvar o outro, especialmente aquele que sofre, é nos salvarmos a nós
mesmos.
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