A formação de lideranças sempre foi um desafio para a Igreja
da Amazônia, que se tornou ainda maior depois do Sínodo para a Amazônia. Sempre
buscando uma maior presença como Igreja nas comunidades, aos poucos estão sendo
dados os passos que ajudam a fazer realidade esse propósito.
Na Exortação pós-sinodal, refletindo sobre o debate em torno
à ordenação de ministros locais, Querida Amazônia diz que “não se trata apenas
de facilitar uma presença maior de ministros ordenados que possam celebrar a
Eucaristia. Isto seria um objetivo muito limitado, se não procurássemos também
suscitar uma nova vida nas comunidades. Precisamos de promover o encontro com a
Palavra e o amadurecimento na santidade por meio de vários serviços laicais,
que supõem um processo de maturação – bíblica, doutrinal, espiritual e prática
– e distintos percursos de formação permanente”.
É uma formação que pretende estabelecer um diálogo com as
culturas locais, um caminho que em algumas dioceses foi iniciado décadas atrás,
mas que agora está sendo incentivado com maior força, buscando avançar na
interculturalidade.
Na Diocese de São Gabriel da Cachoeira, que tem a maior
porcentagem de população indígena do Brasil, sempre houve missionários que se
empenharam em assumir na caminhada das comunidades a riqueza das culturas
locais, a través de cantos, ritos, línguas, que foram introduzidos na liturgia
e nos processos de formação. Em continuidade com essa caminhada, está
acontecendo o segundo módulo da Escola de Formação de Lideranças, que de 17 a 29
de janeiro reuniu cerca de 70 lideranças das 11 paróquias da diocese.
Uma iniciativa fruto da Assembleia Diocesana, que busca
oferecer formação teológico pastoral para as lideranças das diversas
comunidades de todo o território da diocese. Se fizeram presentes representantes
de 9 dos 23 povos que habitam a Diocese de São Gabriel da Cachoeira.
Na primeira semana, de 17 a 21 de janeiro, os participantes
aprofundaram no conhecimento do Novo Testamento, com a assessoria do biblista Mauricio
Sete, sacerdote missionário Fidei donum da diocese de Módena, pároco da
Catedral de São Gabriel da Cachoeira. Foi momento para estudar os evangelhos,
fazendo uma introdução a cada um dos evangelhos e se centrando na figura da Virgem
Maria, aprofundando assim em questões relacionadas com a Mariologia.
A partir do dia 24 de janeiro, iniciaram a etapa da Eclesiologia,
acompanhados pelo padre Zenildo Lima, reitor do Seminário Arquidiocesano de
Manaus, onde se formam os seminaristas dos Regional Norte 1 da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), do qual faz parte a diocese de São
Gabriel da Cachoeira. Segundo o padre Zenildo, “as reflexões sobre a
Eclesiologia retomam toda a caminhada da Igreja enquanto participante da história
da salvação”.
O assessor afirma que foram abordadas “as principais ideias
eclesiológicas a partir do Concilio Vaticano II, perpassando Medellín, Puebla e
a Conferência de Aparecida. Da mesma forma, as inspirações da Evangelii Gaudium
e do Sínodo da Amazônia”, onde o padre Zenildo participou como auditor da
Assembleia Sinodal.
O encontro tem sido uma ocasião de aprofundar o Documento com
as Diretrizes Pastorais do Regional Norte 1 aprovado em última assembleia, que
segundo o reitor do Seminário de Manaus, “também apresenta a identidade da
Igreja da Amazônia”. Também houve oportunidade para os participantes se
envolverem no processo de escuta do Sínodo sobre a Sinodalidade.
No encontro se fez presente Carlo Krieger, embaixador do
Luxemburgo no Brasil em visita a São Gabriel da Cachoeira. Segundo Dom Edson
Damian, “ele quis conhecer a realidade da nossa diocese, por ser a mais
indígena do Brasil”, ficando “encantado com tudo aquilo que ele viu, se sentindo
à vontade no meio dos nossos povos indígenas”. Para o bispo local, “foi uma
visita de dois dias, mas carregada de um sentido muito grande”, do
representante diplomático de um país, que segundo o embaixador caberia mais ou
menos 100 vezes no território da diocese mais extensa do Brasil, com 294 mil
quilómetros quadrados.
Parabéns
ResponderExcluirIgreja viva e inculturada
Os leigos protagonistas
Igreja viva inculturada com protagonismo dos leigos
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