Estudos recentes mostram que na América Latina, sobretudo no Brasil está se dando a passagem do catolicismo ao pentecostalismo, um debate abordado na entrevista de Dom Walmor Oliveira de Azevedo a Rádio Vaticano-Vatican News.
Segundo o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), esse “é um movimento já de décadas”, que define como “uma grande
transformação cultural e religiosa”. Mesmo assim, o arcebispo de Belo Horizonte
vê necessário uma análise mais profunda, dado que “é um tema importante e
fundamental no trabalho evangelizador”.
Estamos diante de “um movimento no trânsito religioso, de
ida maior, mas também de retorno”, insiste Dom Walmor. Afirmando que é um tema
que está sendo estudado e que provoca preocupação, “a preocupação não é
simplesmente na perspectiva do número”. Os bispos do Brasil, segundo seu
presidente, “queremos que o Brasil seja cristão, católico de modo especial”, dizendo
com todo respeito que “há um crescimento pentecostal a partir de um
cristianismo torto”, enfatizando a necessidade de “propor o cristianismo na sua
autenticidade”.
O arcebispo de Belo Horizonte foi relatando o que seria um
cristianismo torto: “um cristianismo que se baseia na teologia da prosperidade
é um cristianismo torto. Um cristianismo que não se baseia na solidariedade
universal e na fraternidade é um cristianismo torto. Um cristianismo que não
olha a experiência profunda de se debruçar sobre os pobres e sofredores, é
torto. Um cristianismo que não projeta luzes numa reorganização da sociedade é
torto. Um cristianismo que também não devolve esperança e alegria de viver numa
fé profunda é torto”.
Segundo o presidente da CNBB, “o Brasil e a América Latina
têm diante de si o desafio de ser cristão”. Para isso insiste em que “no centro
da experiência cristã, evangélica ou católica, há o tema o tema da
autenticidade”. Ele coloca como grande trabalho a fazer, “que muitos vivam a
experiência, a fé cristã católica”, algo que vê como “um enorme desafio e que a
CNBB como serviço à Igreja no Brasil, tem como tarefa primordial”. Para isso, se
faz necessário novas respostas, “a partir das Diretrizes Gerais para a Ação
Evangelizadora da Igreja no Brasil”.
Seguindo a riqueza da tradição da Igreja no Brasil, o
presidente do episcopado coloca como desafio, “uma mudança de mentalidade, de
jeito de ser, de dinâmica missionária”, insistindo na importância “do modo de
ser na experiência de fé daqueles que são missionários e missionárias”.
Enfatizando que a Igreja no Brasil tem horizonte e rumo, diz que “nós precisamos
é fortalecer uma grande experiência de fé”.
Dom Walmor relatou a resposta dada no início do século diante
de uma pergunta sobre o grande desafio para a Igreja no terceiro milénio,
quando ele disse que “o grande desafio é a fé como experiência”. Segundo o
arcebispo de Belo Horizonte, “não é a fé apenas como conservação intelectual, racional
e doutrinal”. Destacando a importância do tesouro de mais de dois mil anos que a
Igreja carrega, insistiu em que “o grande desafio é exatamente uma fé como
experiência, uma experiência que toque a vida das pessoas”.
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