O Sínodo para a Amazônia ajudou a Igreja da região a tomar
consciência da necessidade de acompanhar a vida dos povos que habitam em países
diferentes. O Documento Final, no número 13 afirma que “territórios de
circulação indígena tradicional, separados por fronteiras nacionais e
internacionais, exigem uma pastoral transfronteiriça capaz de compreender o
direito à livre circulação destes povos”.
Essa pastoral transfronteiriça tem sido um empenho na
Diocese do Alto Solimões. A paróquia de Belém do Solimões, que acompanha o povo
ticuna, vem dando passos para fazer realidade uma Igreja intercultural. De 4 a
8 de janeiro de 2022, 204 ticunas de 27 comunidades, que fazem parte do
Vicariato Apostólico de Leticia (Colômbia) e da Diocese do Alto Solimões, se
reuniram para participar do 2º Encontro Geral da Pastoral Ticuna, coordenado
pelos Frades Menores Capuchinhos, e as Missionárias da Imaculada e os Missionários
de Guadalupe.
O encontro aconteceu na paróquia São Francisco de Assis,
comunidade de Belém do Solimões, dentro da Terra Indígena EWARE. Nele
participaram Ministros da Palavra, Catequistas, Agentes do Dízimo, Jovens,
coordenadores, Missionários, Caciques, tanto homens quanto mulheres.
Ao longo de 5 dias, tem sido um momento de partilhas,
escutas dos desafios de cada comunidade, trabalhos em grupo, e formações em
torno a 4 pilares: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. Ao longo do
encontro foi valorizada a língua e cultura ticuna, com instrumentos musicais
indígenas, celebrações, terço e louvores todo dia. O encontro também refletiu
sobre o Sínodo 2021-2023, que tem como tema “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão,
Participação e Missão”, sendo encaminhado tudo o que foi refletido aos bispos
da Dioceses do Alto Solimões, Dom Adolfo Zon, do Vicariato Apostólico de
Leticia, Dom José de Jesús Quintero Díaz e ao Papa Francisco.
No final do encontro, as comunidades presentes no encontro
assumiram compromissos para viver neste 2022, entre outros: celebrar de forma
inculturada todo Domingo; fazer catequese e rezar o terço toda semana; cuidar
melhor da natureza (ecologia); cuidar dos jovens formando grupos e lutando
juntos contra o alcoolismo; continuar a preparar e enviar mais missionários/as
ticuna para ajudar as comunidades e Paróquias mais enfraquecidas; rezar mais
pelas vocações e organizar melhor a pastoral vocacional ticuna.
Buscando uma melhor articulação e se fortalecer como povo ticuna
católico em nível diocesano e transfronteiriço, foi planejado e aprovado um
calendário pastoral para 2022, onde serão realizadas formações bíblicas para os
Ministérios e Sacramentos como também encontros em prol da ecologia, da cultura
e da luta contra os problemas juvenis (o alcoolismo, a violência e o
suicídio...) educando para a feliz sobriedade.
A grande participação tem sido motivo de alegria para os organizadores
do encontro, que tem vivido este momento como uma grande celebração. Uma oportunidade
para amadurecer uma Igreja com rosto indígena e missionário, um desafio e uma
dificuldade, mas que aos poucos vai dando passos que ajudam a torna realidade
uma das propostas do Sínodo para a Amazônia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário