quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Dom Edson Damian: “Os povos indígenas se identificam plenamente com os sonhos do Papa Francisco”


Ao completar dois anos da exortação pós-sinodal Querida Amazônia, Dom Edson Damian, lembra que “a convocação do querido Papa Francisco para realizar um Sínodo Especial para a Amazônia, provocou grande alegria e esperança entre as comunidades”.

O bispo de São Gabriel da Cachoeira lembra que “nós ficamos muito felizes porque foi escolhido o padre Justino Sarmento Sarmento Rezende para ser perito na elaboração do documento de preparação para o Sínodo, o primeiro padre salesiano indígena da nossa região”.

Junto com isso, em segundo lugar, Dom Edson faz memória de que “nós recebemos o Documento Preparatório e as comunidades indígenas responderam com muita alegria as perguntas”. Nesse ponto destaca que “ouvi várias pessoas dizer: pela primeira vez o Papa quer escutar os povos indígenas, e como se sentiam felizes em participar”.

“Para a realização do Sínodo, por ser a diocese mais indígena do Brasil, teve uma representação muito significativa na Assembleia Sinodal, pois lá estava o padre Justino como perito, e foram escolhidas mais duas religiosas indígenas, de duas diferentes congregações”, lembra o bispo.



Falando do conteúdo da exortação pós-sinodal, o bispo de São Gabriel da Cachoeira, reconhece que “os sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia vieram fortalecer os sonhos dos povos indígenas da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, que abrange a imensa bacia do Rio Negro, com 294 mil quilómetros quadrados, e é a região melhor preservada da Amazônia”. Dom Edson Damian lembra que “menos de 10% da floresta foi derrubada, e isto se deve à presença dos povos indígenas. 90% por cento da população são povos indígenas de 23 etnias e ainda falam hoje 18 línguas”.

Esses povos indígenas se identificam plenamente com os sonhos do Papa Francisco, ainda mais quando são chamados guardiões da floresta”, insiste o bispo. Ele lembra que os povos indígenas da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, “eles conhecem os segredos da terra e a tratam como mãe, como casa comum”.

Avaliando os avanços nos sonhos recolhidos na Querida Amazônia, Dom Edson disse que “no sonho eclesial, já há tempo estão acontecendo celebrações inculturadas, com danças indígenas, cantos nas diferentes línguas, um começo para irmos elaborando uma missa no rito amazônico”. O bispo lembra “um princípio pastoral que nos orienta em todas as atividades, que é seguinte: ‘a Boa Nova das culturas indígenas acolhe a Boa Nova de Jesus’. Antes da chegada dos missionários, o Espírito Santo estava agindo a través das semina Verbi, que foram colocadas nos corações dos povos indígenas e nas culturas desta região”.

Em relação ao sonho cultural, destaca que “algo novo já começa a acontecer para concretizar o sonho cultural do Papa Francisco. Estamos realizando entre nós, em colaboração com a Rede de Educação Intercultural Bilingue na Amazônia (REIBA), o primeiro núcleo da educação escolar indígena bilíngue com a ajuda da REPAM e dos padres jesuítas”.


Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Nenhum comentário:

Postar um comentário