O Papa Francisco enviou nesta Quarta-feira de Cinzas uma
mensagem à Igreja do Brasil refletindo sobre a importância da Campanha da
Fraternidade, que neste ano tem como tema: “Fraternidade e Educação”.
Na mensagem, o Santo Padre convida a refletir a relação entre
Fraternidade e Educação, que ele considera “fundamental para a valorização do
ser humano em sua integralidade, evitando a ‘cultura do descarte’ – que coloca
os mais vulneráveis à margem da sociedade – e despertando-o para a importância
do cuidado da criação”.
O Santo Padre adverte sobre a “urgência em adotar ações
transformadoras no âmbito educativo a fim de que tenhamos uma educação
promotora da fraternidade universal e do humanismo integral”. O Papa Francisco
lembra suas palavras no convite para um Pacto Educativo Global, onde diz que
“Nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança
educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e
contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais
fraterna”.
Em suas palavras, o Papa chama a “reconhecer e valorizar a
importante missão da Igreja no âmbito educativo”, algo que deve ir unido com a “responsabilidade
dos governos na tarefa de auxiliar as famílias na educação dos filhos,
garantindo a todos o acesso à escola”. Nesse sentido, ele insiste em que: “As
religiões sempre tiveram uma relação estreita com a educação, acompanhando as
atividades religiosas com as educativas, escolares e acadêmicas. Como no
passado, também hoje queremos, com a sabedoria e a humanidade das nossas
tradições religiosas, ser estímulo para uma renovada ação educativa que possa
fazer crescer no mundo a fraternidade universal”.
Que a educação “torne-se causa de grande esperança em cada
comunidade eclesial e de efetiva renovação nas escolas e universidades
católicas”, é o desejo do Papa Francisco para a Igreja do Brasil nesta Quaresma,
“tendo como modelo de seu projeto pedagógico a Cristo, transmitam a sabedoria
educando com amor, tornando-se assim modelos desta formação integral para as
demais instituições educativas”.
Também insiste na verdadeira conversão que deve nascer da
reflexão proposta pela Igreja do Brasil para esta Quaresma, e ao mesmo tempo, “que
as sementes lançadas ao longo deste caminho encontrem nos corações dos fiéis a
boa terra onde possam frutificar em ações concretas a favor de uma educação
integral e de qualidade”.
Finalmente, confia a Campanha da Fraternidade aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, dando a Bênção Apostólica “a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham por uma educação mais fraterna”, encerrando sua mensagem com seu já conhecido pedido que “continuem a rezar por mim”.
Texto íntegro da Mensagem:
Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Ao iniciarmos a caminhada quaresmal de conversão rumo à celebração do Mistério Pascal de Cristo, nos dispomos a ouvir o chamado de Deus que deseja conduzir-nos, através das práticas penitenciais do jejum, da esmola e da oração, ao encontro pessoal e renovador com o Ressuscitado, em quem temos a verdadeira vida e do qual devemos ser fiéis testemunhas.
Para auxiliar os fiéis nesse percurso de encontro, a Igreja no Brasil propõe à reflexão de todos, na Campanha da Fraternidade deste ano, o importante tema da relação entre “Fraternidade e Educação”, fundamental para a valorização do ser humano em sua integralidade, evitando a “cultura do descarte” – que coloca os mais vulneráveis à margem da sociedade – e despertando-o para a importância do cuidado da criação.
Efetivamente, ao olhar para a sociedade hodierna, percebe-se de maneira muito clara a urgência em adotar ações transformadoras no âmbito educativo a fim de que tenhamos uma educação promotora da fraternidade universal e do humanismo integral, como recordado no convite para um Pacto Educativo Global: “Nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna” (Mensagem, 12/09/19).
Ao mesmo tempo que se reconhece e valoriza a responsabilidade dos governos na tarefa de auxiliar as famílias na educação dos filhos, garantindo a todos o acesso à escola, deve-se igualmente reconhecer e valorizar a importante missão da Igreja no âmbito educativo: “As religiões sempre tiveram uma relação estreita com a educação, acompanhando as atividades religiosas com as educativas, escolares e acadêmicas. Como no passado, também hoje queremos, com a sabedoria e a humanidade das nossas tradições religiosas, ser estímulo para uma renovada ação educativa que possa fazer crescer no mundo a fraternidade universal” (Discurso, 5/10/21).
Desejo de todo o coração que a escolha do tema “Fraternidade e Educação” torne-se causa de grande esperança em cada comunidade eclesial e de efetiva renovação nas escolas e universidades católicas, a fim de que, tendo como modelo de seu projeto pedagógico a Cristo, transmitam a sabedoria educando com amor, tornando-se assim modelos desta formação integral para as demais instituições educativas.
Desejo igualmente, queridos irmãos e irmãs, que o itinerário quaresmal, iluminado pela reflexão proposta, seja ocasião de verdadeira conversão e que as sementes lançadas ao longo deste caminho encontrem nos corações dos fiéis a boa terra onde possam frutificar em ações concretas a favor de uma educação integral e de qualidade.
Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida e como penhor de abundantes graças celestes que auxiliem as iniciativas nascidas a partir da Campanha da Fraternidade, concedo de bom grado a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham por uma educação mais fraterna, a Bênção Apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim.
Roma, São João de Latrão, 10 de janeiro de 2022.
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