O Dia Mundial das Florestas tem sido oportunidade para
refletir sobre uma realidade cada vez mais preocupante, para assumir o que aprecia
nas faixas presentes no evento que concentrou um grupo de pessoas no entorno do
Teatro Amazonas da Manaus: “O Amanhã da Amazônia é Agora”.
A Ir. Agostinha, da Comissão Pastoral da Terra, destacou a
importância do momento, afirmando que “nós estamos indignados, revoltados, com
os descasos do governo, com tudo o que está acontecendo com a nossa floresta,
com o nosso meio ambiente”, denunciando o desmatamento, o garimpo, as queimadas,
insistindo em que a vida precisa ser respeitada, e chamando a assumir a
responsabilidade de cuidar da Casa Comum.
Nas diferentes falas foram denunciados os ataques do atual
governo contra as florestas, uma mostra da falta de compromisso com os diversos
povos. De fato, as florestas, a questão ambiental tem sido negligenciada há
décadas no Brasil pelos diferentes governos. Os ataques contra os povos tradicionais
são orquestrados por grupos de poder econômico, social e político, sendo alvos
do ódio. Essas pessoas são vítimas do racismo ambiental, atacadas em
consequência da invisibilização e da falta de mobilização.
“Nós não podemos nos calar diante dessa realidade de morte”,
afirmou a Ir. Rose Bertoldo, que destacou a importância de mobilizar a sociedade
para essas lutas. Segundo a coordenadora da Rede um Grito pela Vida, “durante
muito tempo, a gente se acomodou, e a gente hoje se depara com essa realidade
tão grande de morte, de assassinato das lideranças que defendem as causas dos povos
indígenas, dos territórios, dos quilombolas, das mulheres”, insistindo em que “a
gente tem que dar um basta a isso”.
Diante do ano eleitoral que o Brasil está vivendo, a
religiosa chamou a “mobilizar a sociedade a partir dos nossos espaços, para que
a gente possa ir criando uma consciência coletiva de mudança”, que ela vê como
único caminho para fazer frente a um governo de morte, e evitar continuar
enterrando lideranças, ativistas, que defendem os seus territórios, os seus
povos.
O Brasil está vivendo “um momento delicado, extremamente
desafiante”, segundo o padre Alcimar Araujo. O vice-presidente da Caritas
Arquidiocesana de Manaus mostrou sua preocupação porque grande parte das
pessoas que se posicionam em defesa da Amazônia são pessoas de fora, algo que
agradece, mas fazendo um chamado para a população local se levantar.
“A gente não pode ficar calado diante de projetos que vem
para a Amazônia, a toque de caixa, com a mesma lógica que tem vindo sempre, de
exploração”, insistiu o padre Alcimar. Ele denunciou situações acontecidas em
vários lugares da Amazônia, as falsas promessas, afirmando que “a gente não
pode olhar tudo isso com tranquilidade, e ficar olhando, e contemplando, e se
contentando com as nossas falas internas”. Diante disso, ele disse que “é
necessário a gente se organizar, é urgente a gente se organizar”.
Segundo o vice-presidente da Caritas da Arquidiocese de Manaus, "a gente está sendo tratado sempre como colônia, olhado como lugar de
exploração, e nunca como sujeitos, e a gente precisa ser sujeito de nossa
terra, de nossa região”, insistindo na importância de se posicionar, de ampliar
e tornar maiores atos como o acontecido no entorno do Teatro Amazonas, mesmo
reconhecendo que se organizar como a grande dificuldade do momento atual. Por
isso, ele chamou a “juntar os outros que pensam como nós”, dado que “a Amazônia
precisa se posicionar, a Amazônia precisa se levantar, a Amazônia precisa ter
vez e voz, e isso não vem de graça, só vem se a gente se organiza”.
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