segunda-feira, 21 de março de 2022

Pastorais e Movimentos Sociais realizam em Manaus ato em Defesa das Florestas


O Dia Mundial das Florestas tem sido oportunidade para refletir sobre uma realidade cada vez mais preocupante, para assumir o que aprecia nas faixas presentes no evento que concentrou um grupo de pessoas no entorno do Teatro Amazonas da Manaus: “O Amanhã da Amazônia é Agora”.

A Ir. Agostinha, da Comissão Pastoral da Terra, destacou a importância do momento, afirmando que “nós estamos indignados, revoltados, com os descasos do governo, com tudo o que está acontecendo com a nossa floresta, com o nosso meio ambiente”, denunciando o desmatamento, o garimpo, as queimadas, insistindo em que a vida precisa ser respeitada, e chamando a assumir a responsabilidade de cuidar da Casa Comum.

Nas diferentes falas foram denunciados os ataques do atual governo contra as florestas, uma mostra da falta de compromisso com os diversos povos. De fato, as florestas, a questão ambiental tem sido negligenciada há décadas no Brasil pelos diferentes governos. Os ataques contra os povos tradicionais são orquestrados por grupos de poder econômico, social e político, sendo alvos do ódio. Essas pessoas são vítimas do racismo ambiental, atacadas em consequência da invisibilização e da falta de mobilização.



“Nós não podemos nos calar diante dessa realidade de morte”, afirmou a Ir. Rose Bertoldo, que destacou a importância de mobilizar a sociedade para essas lutas. Segundo a coordenadora da Rede um Grito pela Vida, “durante muito tempo, a gente se acomodou, e a gente hoje se depara com essa realidade tão grande de morte, de assassinato das lideranças que defendem as causas dos povos indígenas, dos territórios, dos quilombolas, das mulheres”, insistindo em que “a gente tem que dar um basta a isso”.

Diante do ano eleitoral que o Brasil está vivendo, a religiosa chamou a “mobilizar a sociedade a partir dos nossos espaços, para que a gente possa ir criando uma consciência coletiva de mudança”, que ela vê como único caminho para fazer frente a um governo de morte, e evitar continuar enterrando lideranças, ativistas, que defendem os seus territórios, os seus povos.

O Brasil está vivendo “um momento delicado, extremamente desafiante”, segundo o padre Alcimar Araujo. O vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus mostrou sua preocupação porque grande parte das pessoas que se posicionam em defesa da Amazônia são pessoas de fora, algo que agradece, mas fazendo um chamado para a população local se levantar.



A gente não pode ficar calado diante de projetos que vem para a Amazônia, a toque de caixa, com a mesma lógica que tem vindo sempre, de exploração”, insistiu o padre Alcimar. Ele denunciou situações acontecidas em vários lugares da Amazônia, as falsas promessas, afirmando que “a gente não pode olhar tudo isso com tranquilidade, e ficar olhando, e contemplando, e se contentando com as nossas falas internas”. Diante disso, ele disse que “é necessário a gente se organizar, é urgente a gente se organizar”.

Segundo o vice-presidente da Caritas da Arquidiocese de Manaus, "a gente está sendo tratado sempre como colônia, olhado como lugar de exploração, e nunca como sujeitos, e a gente precisa ser sujeito de nossa terra, de nossa região”, insistindo na importância de se posicionar, de ampliar e tornar maiores atos como o acontecido no entorno do Teatro Amazonas, mesmo reconhecendo que se organizar como a grande dificuldade do momento atual. Por isso, ele chamou a “juntar os outros que pensam como nós”, dado que “a Amazônia precisa se posicionar, a Amazônia precisa se levantar, a Amazônia precisa ter vez e voz, e isso não vem de graça, só vem se a gente se organiza”.


Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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