Começou nesta segunda-feira a primeira etapa da 59ª
Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece
de 25 a 29 de abril em modo virtual, com a participação de mais de 300 bispos.
Uma assembleia que acontece, segundo lembrou dom Walmor Oliveira de Azevedo,
presidente da CNBB, no marco dos 70 anos de criação da Conferência Episcopal e
dos 15 anos da Conferência de Aparecida, além do processo sinodal vivido pela
Igreja.
O tema central, segundo lembrou o arcebispo de Belo
Horizonte (MG) é: “Igreja Sinodal – Comunhão, Participação e Missão”, buscando “resgatar
aquilo de mais genuíno e forte que é a identidade missionária da nossa Igreja”.
Isso numa assembleia em que participar é “uma experiência importante e bonita
de reavivar o dom da graça recebido”.
A assembleia conta com a presença do núncio apostólico no
Brasil, dom Giambatistta Diquattro, que transmitiu a saudação do Papa Francisco,
e disse esperar que a Assembleia seja “um momento de comunhão e de
discernimento fecundo para a vida da Igreja no Brasil e para a sociedade
brasileira em seu conjunto”.
A Análise de conjuntura, apresentada por dom Francisco de
Lima Soares, teve como ponto de partida as “muitas guerras, muitas pestes e
pouca democracia”. O bispo de Carolina (MA), apontou que a fome e a insegurança
alimentar “voltou a se agravar e a castigar a população brasileira”. Segundo o coordenador
do grupo de Análise de Conjuntura da CNBB, a volta da fome é fruto de uma
herança estrutural do Brasil, o segundo maior exportador de alimentos do mundo,
insistindo nos maus mecanismos de distribuição da riqueza.
Em relação com as eleições, elas acontecem num momento:
“autoritário, transformação dos adversários políticos em inimigos, destruição
das conquistas e dos direitos consolidados, desmonte das políticas públicas e a
desinstitucionalização e desgaste da democracia, forte presença das redes
sociais e de um ‘ódio’ político que transformou o debate em embate”. Também
destacou a cada vez maior ligação de deputados e ministros às Igrejas
neopentecostais ocupando funções e áreas estratégicas do governo.
Na coletiva de imprensa, o arcebispo de Londrina (PR), dom Geremias Steinmetz, e o bispo de Tocatinópolis (TO), dom Giovani Pereira de Melo abordaram a questão da política e as eleições. Foi apresentada a Cartilha de Orientação Política 2022 produzida pelo regional Sul 2, que busca “ajudar na conscientização do povo sobre a questão política”. Dom Geremias abordou a questão das fake News, que definiu como “verdadeiras ameaças à democracia. É uma mentira trabalhada para favorecer candidatos que não têm boas propostas ou que têm atuações duvidosas na sociedade”.
Dom Giovane Pereira de Melo vê isso como um trabalho a longo
praço em vista da formação política da população brasileira, algo expressado no
texto “Encantar a política”, inspirado nas encíclicas do Papa Francisco:
“Evangelli Gaudium”, “Laudato Si” e Fratelli Tutti”. Para isso acontecerá de 13
a 15 de maio um seminário em Brasília, buscando capacitar multiplicadores e
parceiros, que ajudem a entender a política “como decorrência da ética e do amor
e procura atribuir o sentido mais profundo deste mandamento, que é o do amor”,
asseverou dom Giovane.
Os bispos também refletiram sobre a comunicação no processo
eleitoral de 2022, com os aportes do professor Venício Lima. Ele partiu do
compromisso comum com a democracia, recordando que ela é um regime político
caracterizado pela soberania popular com direitos iguais e liberdade de expressão.
Segundo ele, o Brasil é inexperiente em democracia, insistindo em que “no
Brasil, a mídia constitui um oligopólio do ponto de vista econômico e opera
como um monopólio, do ponto de vista político”, algo que atinge à democracia. Tudo
isso foi abordado no diálogo com os bispos, que realizaram seus aportes.
Nesta etapa virtual da 59ª Assembleia Geral da CNBB serão tratados os assuntos que exigem dos bispos reflexão e discernimento. As votações e outras temáticas específicas serão tratadas na etapa presencial, em agosto.
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