sábado, 23 de abril de 2022

Dom Mário Antônio: “Eu não sinto mais o coração partido, sinto que tenho um coração em partida”


A Diocese de Roraima enviou seu bispo Dom Mário Antônio da Silva para sua nova missão como Arcebispo de Cuiabá, para a qual foi nomeado pelo Papa Francisco no dia 23 de fevereiro de 2022, serviço que assumirá no dia 1º de maio.

Foi uma celebração de agradecimento pelos cinco anos e meio de alguém de quem foi destacada sua presença no meio do povo, sua humanidade, sua alegria, acolhida e profecia, agradecimento por tudo aquilo que o povo da Diocese de Roraima teve a graça de aurir com a sua presença no meio deles.

Foi momento para fazer memória do caminho percorrido, a través de luzes que recolheram o vivido por Dom Mário Antônio com a Vida Religiosa, o clero, as pastorais e movimentos.  Segundo o bispo são “testemunhos de palavras, de gratidão, de luz, não na minha vida, no meu ministério pessoal, mas na missão e nas páginas vivas do Evangelho da nossa Diocese de Roraima”.



Dom Mário Antônio disse que no seu ministério episcopal em Roraima, “eu procurei não atrapalhar, procurei ajudar e motivar”, dizendo ter consciência de que colaborou, “porque vocês foram dóceis ao Espírito Santo e verdadeiras luzes nas situações de escuridão”. Ele disse ter ficado com o coração partido quando conheceu a notícia da sua transferência, mas que a celebração o curou, “eu não sinto mais o coração partido, sinto que tenho um coração em partida, em partida com o apoio, com a oração, com o carinho e com a benção de cada um de vocês”.

O Arcebispo eleito de Cuiabá agradeceu, “por me enviarem, por me darem coragem, por me darem apoio e sustento na missão, não muitas vezes fácil e por vezes incompreendida”. Ele fez leitura de uma carta onde destacou a importância do trabalho da Igreja de Roraima com os povos indígenas, uma causa “assumida como anúncio da dignidade humana e por vezes como denúncia daquilo que negava o Evangelho e os direitos humanos”.

Dom Mário Antônio insistiu, citando a São Paulo VI, em que “passar de condições menos humanas para condições mais humanas é evangelizar”. Ele foi relatando o sofrimento do povo yanomami em consequência da invasão do garimpo e a luta assumida pela Diocese em sua defesa, uma realidade que tem se acentuado nos três últimos anos, em que “o dragão devorador da mineração tomou força novamente e avança com toda a voracidade e poder das organizações criminosas sobre a Terra Yanomami”, denunciando os vários crimes que estão acontecendo com os yanomami, algo que definiu como “uma vergonha para nosso país e fazem o nosso coração sentir o sofrimento e a morte que os Yanomami e a natureza estão vivendo”.



Diante disso denunciou “a omissão e a irresponsabilidade do Governo Federal, que em vez cumprir seu papel na defesa dos povos indígenas e de suas terras, patrimônio da União, incentiva as invasões e coloca na pauta do Congresso Nacional o Projeto de Lei que legaliza a mineração em terras indígenas”, o que só traz sofrimento. Por isso o bispo disse: “Deus nos livre dessa maldição!”, convidando a se unirem na defesa e na garantia da vida e do território Yanomami, a promover a justiça e assumir o compromisso para com a defesa e o cuidado da Casa Comum.

No final da celebração se multiplicaram as homenagens e lembranças do vivido em seu tempo como Bispo de Roraima, para depois ser abençoado por diferentes pessoas em representação dos presentes na celebração, também os povos indígenas e seu irmão. A tudo isso, Dom Mário Antônio respondeu dizendo que “o Espirito Santo que sopra sobre nós, vai nos manter sempre em comunhão”, afirmando que “vai ser difícil sentir distância de vocês”.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

2 comentários:

  1. Se não fosse a Igreja Católica a levantar sua voz em meio à tanta destruição...estaríamos todos entregues à morte.
    Parabéns Dom Mario Antonio; e muita luz no seu novo arcebispado.

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  2. Quanta honra ver vc nessa missão,trabalhamos junto em jacarezinho a anos atrás,parabéns

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