sábado, 23 de abril de 2022

Verónica Rubí: “A experiência da Ressurreição se vive em Comunidade”


No segundo domingo da Páscoa, Domingo da Misericórdia, festa instituída pelo Papa São João Paulo II no ano 2000, quem reflete sobre o Evangelho do dia é Verónica Rubí, missionária leiga na Diocese de Alto Solimões.

Desde a Tríplice Fronteira entre o Brasil, a Colômbia e o Peru, Verónica, relatando a atitude dos discípulos “reunidos de portas fechadas, com medo”, relaciona essa situação com a vida da gente, afirmando que “aí também estamos nós, com eles, experimentando o medo pela solidão, o medo de que atentem contra nossa vida, o medo à morte, medos que nos paralisam e nos isolam”.

A missionária lembra como é que Jesus se faz presente, “com uma saudação que nos conforta e nos enche de coragem: ‘A paz esteja convosco’”. Diante dessa aparição, “a alegria de vê-lo e ouvi-lo, nos confirma verdadeiramente que é ele, que está vivo, e elimina todos os nossos medos”, afirma.

Igual aconteceu com os discípulos, “Jesus nos envia em missão: ‘Como o Pai me enviou, também eu vos envio’”, recorda coordenadora da Caritas Alto Solimões. Segundo ela, “não é para que fiquemos de portas fechadas, é para sair ao encontro, especialmente daqueles com quem Jesus esteve: as viúvas, os pobres, os doentes, os famintos...”. Algo que traduz à situação de hoje: “as vítimas de violência, os migrantes, os drogo-dependentes”. A missionária insiste em que “Jesus nos envia em missão com a força do Espírito Santo, experimentando o Reino pelo perdão dos pecados”.



A experiência da Ressurreição se vive em Comunidade, destaca a missionária. Segundo ela, “Jesus se faz presente na relação com os outros, na construção coletiva, na partilha fraterna. Tomé se afastou da comunidade e perdeu essa experiência”. Essa experiência a leva a refletir sobre “quantas vezes também nós acabamos nos afastando da comunidade. Quantas vezes a soberba nos faz pensar que a nossa verdade é a mais importante, mais até do que aquela nos nossos irmãos, das nossas irmãs. Quantas vezes somos como Tomé, incrédulas, incrédulos, pessoas de pouca fé”.

O relato do Evangelho nos mostra que “uma semana depois Jesus volta a nos confortar carinhosamente com sua saudação ‘a paz esteja convosco’”, nos lembra Verônica. Ela mostra que “desta vez Tomé está presente e confirma por ele mesmo a Ressurreição de Jesus, colocando seu dedo no lugar dos pregos e a mão no lado ferido pela lança”. Diante disso questiona: “E eu, como experimento a Ressurreição de Jesus? Acredito verdadeiramente que está vivo, ou ainda tenho desconfiança de sua presença no meio de nós? No meu dia a dia, sento alegria de estar com ele? Ou a tristeza, a autossuficiência, as dificuldades, me fazem não acreditar?”

Finalmente, Verónica lembra que “neste Domingo da Misericórdia estamos chamadas e chamados a fazer profissão de fé e junto com Tomé, e dizer ‘Meu Senhor e meu Deus’. Acreditar sem ter visto, nos dispõe a viver a vida com um olhar de fé, reconhecendo a presença e Misericórdia de Deus que nos salva ‘Bem-aventurados os que creram sem terem visto’”.     

 


Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Nenhum comentário:

Postar um comentário