Uma mensagem de fé, esperança e corajoso compromisso com a
vida e o Brasil, enviaram os bispos do Brasil no final de sua 59ª Assembleia
Geral, que em 2022 acontece em dois momentos, um virtual, que começou dia 25 de
abril e foi encerrado no dia 29, e uma outra presencial, que será realizada no
final de agosto e início de setembro.
Em suas palavras, os bispos mostram sua alegria diante da “explosão
de solidariedade, que tem marcado todo o País na luta pela superação do flagelo
sanitário e social da COVID-19”, relatando as muitas coisas que foram feitas,
afirmando que “não nos esquecemos da morte de mais de 660.000 pessoas e nos
solidarizamos com as famílias”. Os bispos também têm reconhecido o papel dos educadores,
um tema abordado na Campanha da Fraternidade 2022, que “nos interpela a
continuar a luta pela educação integral, inclusiva e de qualidade”.
A mensagem denuncia a complexa e sistêmica crise ética,
econômica, social e política, acentuada com a pandemia, “escancarando a
desigualdade estrutural enraizada na sociedade brasileira”. Os bispos não
duvidam em afirmar que “o quadro atual é gravíssimo. O Brasil não vai bem! A
fome e a insegurança alimentar são um escândalo para o País”, e junto com isso “a
dilapidação dos ecossistemas, o desrespeito com os direitos dos povos
indígenas, quilombolas e ribeirinhos, a perseguição e criminalização de líderes
socioambientais, a precarização das ações de combate aos crimes contra o meio
ambiente e projetos parlamentares desastrosos contra a casa comum”.
A consequência disso, denuncia a Carta, é uma “violência
latente, explícita e crescente”, consequência da “liberação e o avanço da
mineração em terras indígenas e em outros territórios, a flexibilização da
posse e do porte de armas, a legalização do jogo de azar, o feminicídio e a
repulsa aos pobres”, insistindo em que “não contribuem para a civilização do
amor e ferem a fraternidade universal”.
Os bispos esperam dos governantes que “promovam grandes e
urgentes mudanças”, e façam isso “atendo-se aos princípios e aos valores da
Constituição de 1988”. Com isso, pedem que “não se permita a perda de direitos
dos trabalhadores e dos pobres”, que se supere a lógica do confronto, algo que
cobra especial relevância neste ano eleitoral, num cenário “de incertezas e
radicalismos”. Por isso, a Carta insiste em que as escolhas nas eleições “determinarão
o projeto de nação que desejamos”, fazendo um chamado ao “exercício da
cidadania, com consciente participação política, capaz de promover a ‘boa
política’, como nos diz o Papa Francisco”.
O Brasil necessita, segundo os bispos “de uma política
salutar, que não se submeta à economia, mas seja capaz de reformar as
instituições, coordená-las e dotá-las de bons procedimentos”. Diante das “tentativas
de ruptura da ordem institucional, hoje propagadas abertamente”, a Carta denuncia
que “tumultuar o processo político, fomentar o caos e estimular ações
autoritárias não são, em definitivo, projeto de interesse do povo brasileiro”.
A manipulação religiosa, mostrando que “a autonomia e independência do poder civil em relação ao religioso são valores adquiridos e reconhecidos pela Igreja”, e as fake news , que falseiam a realidade, são colocadas como ameaças, ressaltando que a democracia brasileira “não pode ser colocada em risco”. Diante disso, os bispos chamam “a participar das eleições e a votar com consciência e responsabilidade”, buscando se preocupar “com a construção de um mundo melhor, por meio do diálogo e da cultura do encontro, na luta pela justiça e pela paz”. Tudo isso, insistindo em se deixar “guiar pela esperança e pelo desejo de uma sociedade justa e fraterna”.
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