Um dos grandes momentos na caminhada da Igreja de Manaus é a
Festa de Pentecostes, que anualmente congrega no sambódromo milhares de pessoas
das comunidades, áreas missionárias e paróquias da Arquidiocese. A última vez
que isso tinha acontecido foi em 2019, e neste 5 de junho foi retomado esse
momento marcante na vida do povo da capital do Amazonas.
Foi a primeira vez que Dom Leonardo Steiner presidia a
Solenidade de Pentecostes no Sambódromo, onde foi recebido com apoteose, ainda
mais depois da notícia recebida no domingo passado e que tanta alegria tem
trazido para a Igreja de Manaus e da Amazônia, o fato de ser nomeado cardeal
pelo Papa Francisco, o que se tornará efetivo no consistório do próximo 27 de
agosto.
Uma celebração muito participada, com um povo que expressou sua
fé e sua alegria a cada momento, deixando as emoções, inclusive do Arcebispo, a
flor de pele. Ele começou a homilia dizendo que o Espírito Santo é “a graça que
Jesus, no meio do medo, do fechamento, no meio do sem horizonte deseja aos
discípulos. Ele sopra sobre eles, e diz: recebei o Espírito Santo”.
Os discípulos estavam “sem lugar para ir, sem lugar para
permanecer, sem caminho para percorrer, anoiteceram, e na noite é que o Senhor
se apresenta”, insistiu Dom Leonardo. Ele lembrou que “estavam estes homens de portas trancadas, janelas trancadas, estavam apavorados, e no meio do medo, no
meio da noite, que Jesus se apresenta como vida nova”.
O recentemente eleito cardeal, falou do Espírito novo, “que
em Atos ele é dito como vento”, afirmando que “esse vento abre portas, esse
vento abre janelas, um vento impetuoso, mas não destruidor, porque é um vento
renovador”. Segundo o Arcebispo de Manaus, “agora se respira liberdade, porque
é o Espírito da liberdade que agora entra e abre, agora pode percorrer o mundo,
agora não tem medo dos impérios, não tem medo da destruição, não tem medo dos
ataques, não tem medo da violência, porque impelidos, tomados, purificados,
pelo vento impetuoso do Espírito”.
Um Espírito que também “desce em línguas de fogo”, segundo
Dom Leonardo Steiner, que vê nelas um amor que aquece, que envia, que sai que
não se amedronta mais. Ele insistiu em que essas línguas, “mas que repousar sobre
eles, lhes penetrou o coração”. O Arcebispo de Manaus definiu o Espírito como
extraordinário, como “um Espírito transformador da realidade, mas como um
Espírito amoroso, um espírito acolhedor, um Espírito cheio de perdão”.
Nesse perdão transparece o amor, “o amor perdoa sempre, o
amor não agride, o amor constrói, aproxima”, afirmou o Arcebispo, que disse que
“quem recebe os sete dons do Espírito Santo será incapaz de não perdoar, porque
tomado, tomada pelo amor”. Dom Leonardo lembrou as palavras do Papa Francisco no
dia de Pentecostes, onde afirmou que “o Espírito que nós recebemos e os apostoles
receberam é o Espírito de amor, o Espírito da liberdade, o Espírito da paz”.
Também mostrou o Espírito como consolador, como aquele que
não afasta. Nesse sentido, disse que o Espírito que repousa sobre cada um de
nós é o Espírito do Consolo, mas nos envia como amor, como consolo, como
liberdade e como paz. O Arcebispo de Manaus definiu o Espírito do consolo como "o Espírito da proximidade, o Espírito que sabe acolher, o Espírito que sabe
confortar”. Também definiu o Espírito como um bom advogado, aquele que ajuda a
argumentar, a nos aconselhar, a nos dizer, a nos iluminar, a nos indicar a
palavra, a nos conceder palavras, não para nos defendermos, mas para falar a
verdade.
Dom Leonardo chamou a pedir a graça de “sempre estarmos
abertos à força e à graça do Espírito Santo”, algo que ajuda a falar uma
linguagem que todo mundo entende, a linguagem do amor, da paz. Daí denunciou a
necessidade “em nossa cidade, em nossas comunidades, do Espírito da paz”. Isso
diante de tanta violência, de tanta agressão, o que tem que nos levar a ser
presença de paz, de amor, de reconciliação, de liberdade e de consolo, segundo
o Arcebispo de Manaus.
Por isso, Dom Leonardo pediu “que Deus nos dê a graça de
permanecermos sempre com o Espírito do nosso lado, a guiar nossos pensamentos,
os nossos desejos, os nossos amores, os nossos passos”. Também insistiu em que “as
nossas comunidades se abram cada vez mais à força do Espírito Santo”, chamando
a participar da caminhada sinodal, “sob a força, à luz do Espírito Santo, para
que a nossa Igreja seja viva, seja uma Igreja que testemunha a verdade, que
testemunha a paz, sejamos uma Igreja que mostre quem foi Jesus e que viva a
Jesus, mas sob a força, a graça, a suavidade, do Espírito Santo”.
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