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representantes da Igreja de Manaus têm se reunido no Centro de Treinamento
Maromba para participar da Assembleia Sinodal arquidiocesana, que teve no dia
21 de outubro sua abertura e será clausurada no domingo 23.
Um momento para
a Igreja de Manaus se sentir “juntos a caminho na edificação do Reino da verdade
e graça, da justiça, do amor e da paz!”, segundo Dom Leonardo Steiner. O
Arcebispo de Manaus vê a Assembleia como um tempo para “nos darmos conta da
beleza e grandeza de ser Igreja, de sabermos onde estamos, como estamos e como
podemos ser uma presença sempre mais missionária, misericordiosa, samaritana”.
Lembrando a
história da Arquidiocese de Manaus, destacou que ela “sempre foi capaz de
encarnar-se, colocar-se numa postura de inculturação e de interculturalidade,
ser sinal de esperança, ação misericordiosa”. Nesse sentido, “as Assembleias
nos ajudaram a ser o que somos: igreja missionária, ministerial, encarnada”. Daí
a necessidade de “ouvir a realidade, as comunidades, e mesmo questionar nossos
modelos de evangelização e as nossas estruturas e organização”, insistiu o Cardeal
Steiner.
Dom
Leonardo defendeu a “exigência de uma dinâmica sinodal maior”, considerando o caminho
da sinodalidade como o melhor modelo eclesial para a Arquidiocese de Manaus. Segundo
o Arcebispo, “na sinodalidade somos chamados a uma articulada e dinâmica
comunhão, que se faz realidade nas comunidades”. Por isso, ele vê a Assembleia
Sinodal Arquidiocesana como instrumento para “oferecer orientações, diretrizes que
nos ajudem a ser presença libertadora, encarnada,
misericordiosa, samaritana, esperança”. Mais do que eventos, ações pontoais,
buscar “linhas, diretrizes a serem seguidas”. Tudo isso como fruto de uma
escuta que insistiu na formação, nos ministérios, na partilha e na presença
junto aos povos indígenas.
Povos
indígenas que agradecem àqueles que abraçam sua causa no momento crítico que
está passando o Brasil, sofrendo diante do avanço do garimpo ilegal, madeireiras
e outras ameaças, segundo Ariene dos Santos Lima, do Povo Wapixana. Um momento triste,
mas de resistência, que leva os povos indígenas, muitos deles ameaçados de
extinção, a clamar por justiça, a insistir na necessidade de lutar para salvar
o Planeta, as florestas e os rios.
Uma Igreja onde
mulheres são maioria nas pastorais, movimentos, comunidades, que foram
importantes no processo sinodal, insistiu Rosana Barbosa Lopes, membro da
Comissão de Coordenação da Assembleia Sinodal. Nessa escuta, as mulheres,
firmes na missão da Igreja, pediram maior reconhecimento e valorização na
Igreja, participar dos processos decisórios. Não buscando enfrentamentos e sim
caminhar juntos, homens e mulheres, pois segundo Rosana, “temos muito mais a
contribuir quando formos valorizadas”.
A Arquidiocese de Manaus, com uma extensão de mais 95 km2, compreende 8 municípios do Estado do Amazonas, com aproximadamente 2,5 milhões de habitantes. Uma presença eclesial com um olhar particular para indígenas, ribeirinhos e migrantes, segundo o Padre Geraldo Bendaham. Uma Arquidiocese que conta com 21 pastorais e com um bom número de agente de pastoral leigos e leigas, 189 padres, 120 deles religiosos, 52 diáconos permanentes, 20 seminaristas e 98 religiosas de 32 congregações.
Da Assembleia participam os bispos e representantes do clero, vida religiosa e dos leigos e leigas. Eles refletem juntos sobre a Assembleia, que “corresponde exatamente à caminhada do Sínodo para a Amazônia”, segundo Dom Tadeu Canavarros. O Bispo Auxiliar afirma que “nós vamos concretizando aos poucos os sonhos da Querida Amazônia e aquilo que nós celebramos no Sínodo”, lembrando a sintonia com o Sínodo sobre a Sinodalidade. Uma Assembleia que “nos ajuda como caminhada pastoral a este olhar mais profundo das novas frentes de evangelização e de entender todos os nossos recursos, sejam humanos como também financeiros, e como nós podemos avançar mais na direção de uma pastoral de conjunto”.
“A
Assembleia Sinodal Arquidiocesana está sendo um momento muito importante para a
caminhada da Igreja nesse tempo que nós estamos vivendo de tantos
acontecimentos na nossa Amazônia, no Brasil”, destacou o Padre Ricardo Pontes. Segundo
o Pároco da Paróquia São Pedro Apostolo de Rio Preto da Eva, “é um momento em
que a Igreja precisa efetivar mais o seu profetismo, o anúncio do Evangelho,
ser uma Igreja que finque de verdade a sua fé, a força do Evangelho por meio de
nossos agentes de pastoral, por meio do clero”. Ele destaca os passos dados nas
Assembleias já realizadas, insistindo em que “queremos dar passos a mais,
seguindo o caminho de Jesus Cristo, sendo uma Igreja que saiba caminhar juntos,
com os leigos, construindo uma Igreja sinodal”.
A Ir. Gervis
Monteiro vê a Assembleia Sinodal Arquidiocesana como continuidade do Sínodo
para a Amazônia, onde ela foi auditora. Segundo a religiosa paulina, “nós
podemos ver e sentir que está acontecendo a sinodalidade na Amazônia e na
Arquidiocese de Manaus”. Ela insistiu em que “a sinodalidade é muito mais do
que o Sínodo e nossa Assembleia é sinal de um novo Pentecostes”. Por isso,
destacou que “hoje nós estamos buscando um novo impulso para viver a
sinodalidade respondendo ao Sínodo para a Amazônia e sonhando com o Papa Francisco
o que ele traz para nós na Querida Amazônia”. Também um tempo de conversão,
seguindo o Documento Final do Sínodo, “para que a gente possa sonhar com um
Brasil melhor, com esperança de que todos possamos ter vida nessa casa comum”.
“Os passos
que nós temos dado como Igreja de Manaus tem sido passos constantes no caminho
da sinodalidade nas dez Assembleias de Pastoral realizadas até agora, mesmo que
não se tinha consciência disso”, segundo Rosa Maria Rodrigues dos Santos, da Paroquia
Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos - Setor Maria Mãe da Igreja. A membro do
Conselho Missionário Diocesano insiste em que “foi preciso acontecer o Sínodo
para a Amazônia para nos despertar para essa pastoral missionária da nossa
Igreja de Manaus”. Daí que ela veja a “necessidade de ser uma Igreja que
caminha com o povo, principalmente com aqueles que vivem na invisibilidade, os
povos originários, que é justamente a nossa cultura”.
Uma Assembleia
que tem que ajudar a descobrir “como levar o Reino de Deus a todas as
realidades e sermos uma Igreja mais missionária”, insistiu Dom Leonardo. Uma
Assembleia que “nos ajuda a perceber linhas, caminhos, diretrizes”, segundo o
Padre Zenildo Lima, que lembrou que a Assembleia Sinodal foi convocada na
celebração de Sétimo Dia de Dom Sérgio Castriani, antes do Papa Francisco
convocar o atual Sínodo, e que tem que “nos ajudar a perceber os caminhos de
encarnação de nossa Igreja de Manaus”.
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