A Campanha
da Fraternidade, “o jeito brasileiro de viver a Quaresma”, segundo o Padre
Patricky Samuel Batista, tem como tema em 2023 “Fraternidade e Fome”. O
Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), organizou
de 2 a 4 de dezembro um encontro de formação para conhecer melhor essa temática.
Uma Campanha
que busca “vivenciarmos a Quaresma na dimensão sociotransformadora,
sociopolítica da fé, uma fé que tem que ser encarnada no chão”, afirmou Dom
Adolfo Zon na acolhida dos aproximadamente 40 representantes de todas as
dioceses e prelazias e das pastorais em nível regional.
Um encontro
que conta com a assessoria do Padre Patricky Samuel Batista, a Ir. Gervis Monteiro
e Dom Adolfo Zon. Ao longo dos três dias está sendo aprofundado o conteúdo da
Campanha seguindo o método ver-julgar-agir, presente no Texto Base. O ponto de
partida foi a partilha de como foi a preparação e vivência da Campanha da Fraternidade
2022 nas dioceses e prelazias, que teve como tema “Fraternidade e Educação”.
Ao longo do
encontro, os participantes, a quem a Ir. Rose Bertoldo, Secretária Executiva do
Regional, chamou a se sentir em casa, conheceram os objetivos da Campanha e
foram refletindo a partir da realidade local. Uma temática que precisa ser
iluminada à luz da Palavra, buscando chegar em ações concretas e estratégias de
articulação da Campanha nas igrejas locais.
Dom Adolfo
Zon destacou que o encontro “é um momento muito importante porque aqui se faz a
apresentação da Texto Base, é apresentado o Objetivo Geral da Campanha, o que
se quer atingir durante a Quaresma, e sobretudo ver quais ações podemos
realizar das pastorais, dos movimentos populares para atingir os objetivos
específicos”. O Bispo referencial das Pastorais Sociais no Regional
Norte1insistiu na importância de abordar essa temática no momento atual.
“O Brasil
depois da pandemia sofreu uma debilidade no combate à fome”. É por isso que “a
Campanha vem para nos fazermos acordar, para nos colocarmos todos num mutirão e
resgatar todas aquelas políticas, também aquela Campanha da CNBB de superar a
fome no início do século, resgatar tudo isso para a través de uma mobilização
do povo ir criando condições para diminuir os efeitos desta falta de alimentos”,
lembrou o Bispo da Diocese de Alto Solimões.
“Quando os
bispos escolheram o tema da fome foi uma continuidade da Campanha da
Fraternidade de 2020, que se transformou na ação solidaria emergencial ‘É tempo
de cuidar’”, disse o Padre Patricky. O coordenador de Campanhas da CNBB
insistiu em que “tendo em vista o agravamento da situação de insegurança
alimentar, também devido à pandemia da Covid-19 e às diversas opções que o governo
fez de desmanche dos conselhos que favorecem uma alimentação de qualidade, os bispos
então escolheram o tema da fome”.
Uma
temática que é abordada pela terceira vez, depois de 1975 e 1985, e que “agora
vem ainda mais agravado por esse contexto da pandemia”. O Padre Patricky
destacou que “o tema traz diversas provocações, por exemplo o Brasil é
conhecido no cenário internacional como celeiro do mundo”, se questionando: “Como
é que ele permite que muitos dos seus filhos e filhas estejam nessa situação de
fome, de vulnerabilidade social?”. Diante dessa realidade, “em linhas gerais, isso
que os bispos esperam com a Campanha da Fraternidade, sensibilizar a sociedade
para que a gente encontre caminhos de superação desses contrastes que existem
em nosso país, para atender sobretudo os nossos irmãos e irmãs que estão nessa
situação”, destacou.
Segundo o
coordenador de Campanhas da CNBB, “a Campanha da Fraternidade é uma plataforma
muito importante de diálogo com a sociedade. Prova disso a Campanha de 2017 que
já falava da importância de nos envolvermos diretamente na construção de
políticas públicas para que a gente possa cuidar sobretudo dos mais pobres”. Ele
disse que “um dos caminhos que a Campanha apresenta é justamente essa parceria
para que nós possamos ajudar a superar esse cenário, de sensibilizar a
sociedade”.
“Daí alguns
temas transversais que aparecem, como por exemplo a questão do desperdício de
alimentos, políticas públicas que favoreçam também a agricultura familiar, e
não simplesmente políticas públicas que favorecem o agronegócio e as
comodities, mas que possam ser pensados realmente alguns programas”, afirmou o
Padre Patricky, que como exemplo diz esperar “recuperar o PNE, Programa
Nacional de Educação, que tem uma parceria com a agricultura familiar local”.
Uma Campanha que segue uma dinâmica desde 2020: cuidar, dialogar, educar,
alimentar.
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