A Diocese
de São Gabriel da Cachoeira realizou durante a segunda quinzena do mês de
janeiro a 4ª Etapa da Escola de Formação de Lideranças, que contou com a
participação de cerca de 70 lideranças das diferentes paróquias e pastorais.
Desta vez foi estudada a Palavra de Deus.
Na primeira
semana a Ir. Tea Frigerio abordou o tema da Mulher na Bíblia, algo que a
religiosa enfrentou como um desafio, dado que teria que falar sobre essa
temática para os povos originários, que são a grande maioria na Diocese. Ela disse
ter sentido o receio de “confrontar meu pensar com o pensar das culturas
indígenas sobre a mulher”, mas após a experiência ela disse ter saído enriquecida.
Um auditório
formado em sua maioria por homens, “mas o diálogo, a troca de ideias, as
conversas, a inculturação daquilo que eu dizia, no mundo e na cultura deles, foi
muito enriquecedor para mim. Perceber como em todas as realidades têm ideias,
têm ideologias, têm pensamentos sobre a questão da mulher, sobre a estrutura
social onde a mulher ela é dominada, ela é relegada a um papel dependente. Isso
legitimado pela Bíblia e legitimado também pelas culturas. Legitimado muitas
vezes pelos mitos ou pelas narrações bíblicas”.
O curso
começou partindo do que é um paradigma, convidando a desconstruir, a se abrir a
outras maneiras de pensar, a propostas de igualdade e de inclusão, afirmou a
assessora. No caso da mulher, “ela propõe a reflexão sobre as diferenças
culturais, sobre as exclusões, sobre as hierarquias que nós fazemos na sociedade”,
afirmou a Ir. Tea. Ela apresentou um método da leitura feminista, libertadora
da Bíblia, a partir da vida de hoje e da vida na Bíblia.
A partir do
texto bíblico foi estudada a figura da mulher israelita, na sociedade, na
família e na religião, e como isso influencia a atuação de Jesus. Foi abordada
a questão das mães e das matriarcas em Israel, seguindo um itinerário e
mostrando sua relação com o poço, sempre trazendo o olhar para os nossos dias. A
partir das mulheres que não tem nome na Bíblia foi refletido sobre a violência
contra a mulher, o feminicídio e a violência doméstica, estudando diferentes
mulheres na Bíblia. Também foi estudado sobre as profetisas, destacando que em
sua profecia, o centro é a vida.
Em relação
à mulher no Segundo Testamento foi abordada a prática profética de Jesus com as
mulheres. A reflexão mostrou que “as mulheres na relação com Jesus, elas
educam, formam e ensinam a Jesus”, se parando em algumas mulheres, que se
encontraram com Jesus e interagiram com ele, se tornando protagonistas de seu
próprio destino e entraram a formar parte do grupo de discípulos e discípulas que
acompanharam Jesus. Foi estudado o Evangelho de João, onde aparecem 7 mulheres,
todas elas protagonistas na comunidade ao lado de Jesus.
Tudo na perspectiva
do hoje, se questionando sobre o papel da mulher na Igreja, em casa, sobre a
violência, o feminicídio, o caminho que a mulher esta percorrendo para encontrar
seu protagonismo na sociedade e na Igreja, como presença que defende a vida em
seu agir e relacionar. Tudo isso permitiu “interagir com muita simplicidade,
muita lealdade, muita honestidade, reconhecendo que muitas vezes, na própria
mitologia da cultura indígena como na mitologia da Bíblia se vitimiza e se
mantem à mulher num papel subordinado, mas a mulher saber encontrar brechas
para saber ser protagonista”, insistiu a Ir. Tea.
O curso foi
também oportunidade para estudar o Livro dos Atos dos Apóstolos, “percebendo nele o
testemunho do nascimento da Igreja”, segundo o padre Luciano Motti, assessor
desta parte. Um texto de grande importância “para a compreensão da identidade
da Igreja, para a identidade da missão da Igreja”, que nasce como comunidade,
que é onde se dá a vivência da fé em Jesus. Segundo o assessor é “uma
comunidade que se forma em torno da experiência do testemunho da Páscoa de
Jesus, que se sustenta no ensino dos apóstolos e no aprofundamento da Palavra
de Deus, se sustenta pela comunhão fraterna, se sustenta por uma vida de oração
e na Eucaristia”.
“A Igreja
apresentada nos Atos dos Apóstolos é uma Igreja que além de nascer comunidade,
ela nasce missionária, nasce voltada para fora, nasce essencialmente como
testemunho”, destacou o Padre Luciano. Ele destacou nessa Igreja “a abertura
aos outros, a abertura aos mais diversos, aos excluídos, aos estrangeiros, aos
pagãos”, assim como aos ministérios, destacando o papel protagonista da mulher.
O assessor lembrou que a comunidade nascente não perfeita, tem seus dramas, tem seus conflitos, mas é uma Igreja que os resolve pela via do diálogo e em assembleia, respeitando a diversidade de ministérios, com espaço para o protagonismo de todos os cristãos. O padre destacou que tem sido uma semana para ler juntos os Atos dos Apóstolos e buscar “aprofundar a compreensão desta experiência original, originante, fundante do cristianismo, tendo os olhos na vida das nossas comunidades, pisando o chão que é pisado pelas nossas comunidades”.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
Parabéns a minha Diocese querida pela formação bíblica. Um avanço necessário para difusão da palavra de Deus sob as luzes do Espírito Santo.
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