Buscando
ajudar a capacitar, sensibilizar, informar lideranças para o enfrentamento ao
tráfico de pessoas, com conhecimento aprofundado da temática referente ao
trabalho análogo ao de escravo, tráfico de pessoas para outras finalidades,
especificamente a exploração sexual, foi realizado no dia 17 de março de 2023,
no Auditório da Maromba da Arquidiocese de Manaus o Seminário “Tráfico de
Pessoas uma realidade invisibilizada”.
Organizado
pela Rede um Grito pela Vida e com a parceria do Instituto Religioso Barbara
Maix (IRBM) e do Ministério Público do Trabalho, e com o apoio do Instituto de
Assistência à Crianças e Adolescentes Santo Antônio (IACAS) e da Faculdade
Católica do Amazonas, participaram “mais de 170 pessoas, vindas dos mais
diversos espaços, das Pastorais Sociais, das áreas missionárias e também do Estado
e do Município, a Rede de Proteção”, segundo a Ir. Rose Bertoldo.
A religiosa,
neste dia bem intenso, destaca que foi “um dia de sensibilização e formação,
onde foram abordadas as temáticas que foram de interesse da Rede de Proteção”.
A Ir. Rose destacou a “intervenção do grupo após cada palestra, trazendo muitos
casos que estão presentes na realidade das comunidades”. Igualmente foi
importante a representação de vários núcleos da Rede um Grito pela Vida: Manaus, Tabatinga, São Gabriel da Cachoeira, Tefé, Itacoatiara, Coari, Borba e Roraima. Um grupo
muito interessado e participativo, que permaneceu até o final, insistiu a
religiosa.
Um
seminário que vai dar novas ferramentas para trabalhar e fazer a abordagem,
segundo Márcia Clea Pereira, da Rede um Grito pela Vida Núcleo Roraima. Ela
lembra que em Roraima tem duas fronteiras, em Bonfim, com a Guiana, e em
Pacaraima, com a Venezuela, e “com o conhecimento que a gente está tendo aqui,
a gente consegue ter uma melhor escuta, um melhor olhar, para receber essas
pessoas que estão entrando por essas fronteiras, e conhecer qual a finalidade de
elas vir aqui no Brasil, se elas estão sendo trazidas por outras pessoas ou se
elas estão vindo por conta própria para ter uma melhor vida no Brasil”.
Ela disse
que Roraima tem uma grande migração venezuelana e agora está tendo uma grande
migração de haitianos que estão entrando pela Guiana. Daí a importância desse “melhor
olhar para reforçar nosso trabalho na rede”. Márcia destaca também o início do
trabalho nas escolas, o que não estava sendo feito até agora, buscando um
trabalho de prevenção. Também insiste na importância do trabalho com as pessoas
que foram vítimas do tráfico e como ajudá-las para não voltar a ser vítimas.
O Padre
Hudson Ribeiro, que participou na assessoria do encontro em nome do Projeto da Caritas
Arquidiocesana de Manaus de Ação e Proteção no Enfrentamento da Violência Sexual
contra Crianças e Adolescentes e no Tráfico de Crianças e Adolescentes para
finalidade de Exploração Sexual. Uma atividade que, segundo o Diretor da Faculdade
Católica do Amazonas, “se baseia na linha da prevenção, da intervenção, e ao
mesmo tempo do diagnóstico, que são as pesquisas para encontrar as caraterísticas
do tráfico de pessoas pela vertente da exploração sexual de crianças e
adolescentes em vista de poder dar maior visibilidade e melhorar as notificações
no sistema de garantia de direitos, uma vez que a ausência dessas informações faz
com que os casos sejam não denunciados ou hajam casos de subnotificação, ou
mesmo eles não apareçam nas instituições”.
Ele destaca
o trabalho realizado mediante pesquisas nos municípios da região metropolita da
Manaus e com municípios de outros Estados. Nesse sentido, o Padre Hudson
enfatiza que “a gente acredita que a medida que a gente vai conversando sobre
esses assuntos, identificando nos relatos que normalmente chegam na
especificidade do abuso sexual, a gente consegue fazer uma leitura do tráfico
de pessoas naqueles casos que são específicos de abusos”, insistindo em que
muitas vezes as pessoas não conseguem identificar as características. Daí a
importância do Seminário que “tem ajudado a despertar nas pessoas um olhar
diferenciado, a identificar características de tráfico e outras formas de
violação de direitos que normalmente acabam invisíveis, ou fragmentadas ou dissolvidas
em outras formas de violência e aí não se consegue trabalhar essa
especificidade”.
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