Na homilia do 5º Domingo da Páscoa, dom Leonardo Steiner começou lembrando que “a passagem do Evangelho proclamado faz parte da narrativa da Ceia pascal celebrado por Jesus com seus discípulos. Jesus na sua despedida percebe que os discípulos se encontram aflitos, perturbados. Há uma certa ansiedade e incerteza rodando o ambiente da Ceia. Diante da revelação da traição de Judas e da negação de Pedro, Jesus consola os discípulos: ‘Não se perturbe o vosso coração’”.
Jesus quer “despertar neles a confiança, a fé, para
não serem tragados pela decepção e angústia diante do porvir. Indica a proximidade ao ensinar: ‘Na casa do meu Pai há
muitas moradas... Vou preparar-vos um lugar”. Jesus indica a nova morada que há
de vir com sua morte e ressurreição. A morada do Pai que lhes dará segurança,
comunhão, verdadeira fraternidade”, insiste o cardeal Steiner.
Segundo o arcebispo, “o Evangelho a nos
indicar que nos momentos de perturbação, angústia, incerteza deixemos ressoar: ‘Não se perturbe o vosso coração’. Termos sempre a percepção de que
Jesus está presente e nos acompanha”, citando as palavras do Papa Francisco,
onde nos diz que “recebemos a certeza
que nos consola: há um lugar reservado para cada um. Também há um lugar para
mim. Cada um de nós pode dizer: há um lugar para mim. Não vivemos sem meta nem
destino. Somos esperados, somos amados, pois Deus está apaixonado por nós, nós
somos seus filhos, suas filhas”.
“Eu sou o caminho! Eu sou a via! Caminhantes que
somos, seguimos o caminho proposto por Jesus. O caminho é Jesus. O caminho que é Jesus, é a sua vida, o seu amor e a sua
bondade, são as suas palavras, os seus gestos. É o dom da vida por amor na sua
morte de cruz”, destaca o arcebispo de Manaus. Segundo ele, “esse é o caminho
que seguimos, que devem seguir todos os discípulos e discípulas. Ao aceitarmos
percorrer esse caminho de identificação com Jesus, vamos ao encontro da verdade
e da vida em plenitude. Se aceitamos percorrer o caminho do amor, da entrega,
do dom da vida, chegamos ao Pai. Como nos ensina Jesus: “Ninguém vai ao Pai senão por
mim”. Com Jesus participamos da vida do Pai”.
Citando Santo Agostinho,
desde a passagem, “eu sou o caminho, a verdade e a vida”, Dom Leonardo refletiu
sobre os três elementos. Segundo o cardeal, “o caminho que é Jesus é o caminho da
fraternidade, do perdão, da reconciliação, o caminho onde no percebemos e
respeitamos e queremos como irmãos e irmãs. O caminho da paz e da esperança”,
se perguntando com Papa
Francisco: “Que caminho seguimos? Há caminhos que não levam ao Céu: os caminhos
da mundanidade, os caminhos da auto-afirmação, os caminhos do poder egoísta. E
há o caminho de Jesus, o caminho do amor humilde, da oração, da mansidão, da
confiança, do serviço aos outros. Não é o caminho do meu protagonismo,
é o caminho de Jesus, protagonista da minha vida”.
Dom Leonardo enfatizou que “Jesus
nossa via desperta em nós o desejo de mostrarmos o caminho da presença
misericordiosa, transformadora, curadora, sanadora aos que se perderam no
caminho, errantes sem caminho. Ele caminho, nos leva ao encontro dos
necessitados, dos famintos, dos precisados de justiça. Ele caminho, nos conduz
ao encontro da verdade, a verdade de nossas relações, a verdade das notícias, a
verdade que nos deixa ver a bondade, a liberdade. Ele caminho, nos leva a
superar o modo agressivo de viver, de matar, de caluniar. Ele caminho, nos leva
a superação de um estilo de vida de consumismo, de hedonismo, para o encontro
com irmãos e irmãs na diferença. Ele fonte de transformação, fonte de liberdade,
de paz e justiça, pois caminho, verdade e vida!”, uma reflexão que novamente
iluminou com as palavras de Santo Agostinho.
Com as palavras de
Felipe: “Quem me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: mostra-nos o Pai?”, o
cardeal Steiner disse que “Felipe desejava ver o Pai. Não havia percebido que em
Jesus o Pai é visível. No modo de Jesus estava vivo o Pai. Ao ver Jesus, deveria
ver o Pai”. Isso porque “Jesus que aliviava as dores, confortava os desolados,
reinseria na vida religiosa e social os afastados, descartados pela lepra,
despertava à vida os desconsolados, os atingidos de morte, os mortos vivos; Ele
a presença, a visibilização do Pai. Libertava os egoístas, os endemoniados.
Ensinava o cuidado do Pai nos pássaros do céu, na beleza dos lírios do campo.
Tudo falava e fazia ver o Pai, mas Felipe não via. Não via, mas desejava ver.
“Quem me viu, viu o Pai”. Felipe não havia se dado conta de que no Filho lhe
era dado ver o Pai. Na bondade, na cordialidade, na gratuidade, na amabilidade,
na amorosidade, na singeleza, na justiça, na equidade, na doação e consolo de
Jesus, o Pai era papável: Pois quem vê o filho vê o Pai”.
Segundo o arcebispo
de Manaus, “também nós desejamos ver o Pai. Na medida em que vamos lendo, meditando,
a Palavra de Deus, vamos fazendo o caminho com Jesus e em caminhando com ele e
por ele vendo vemos o Pai. Jesus caminho vai visibilizando o Pai, pois
participamos de sua bondade, da sua misericórdia, do seu amor materno-paterno.
Vamos como o Pai matriciando o mundo com suas criaturas, a cada irmãos e irmãs
privado de sua dignidade, desprezado na sua filiação divina. E sem nos darmos
conta participamos da morada que Jesus caminho nos prepara. Não estamos
desamparados, sem eira nem beira, sem destino, sem meta, sem sentido. Temos uma
morada, temos abrigo, temos tenda, temos lugar: o Pai, o Filho e o Espírito
Santo”.
Dom Leonardo Steiner disse que “realizarmos
a obra do Pai ao seguirmos a Jesus”, fazendo ver “o desencontro, a lamentação,
a murmuração, o descontentamento, poderíamos dizer, a divisão na comunidade”, que
relatava a primeira leitura. “Qual o caminho que os apóstolos seguem, que obra
realizam?”, questionou o cardeal. “Um diálogo onde todos podem escutar e falar.
E do diálogo e da oração na comunidade, nasce o serviço para que ninguém seja
excluído ou diminuído. Os servidores, os diáconos, ajudam na superação das
lamentações, na eliminação do favoritismo, oferecendo a possibilidade da
comunhão, da participação no seguimento de Jesus por todos os membros da
comunidade. A comunidade a morada! A comunidade animada a realizar as obras do
Pai. E a obra do Pai é a fraternidade, a concórdia, a
partilha, a solidariedade, o acolhimento, o serviço e a paz!”, segundo o
arcebispo.
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