domingo, 4 de junho de 2023

Dom Leonardo: “Nós experimentamos a sua misericórdia e nos damos conta de que Deus não desiste de nós”


Afirmando que somos gerados pela Trindade e vivemos no mistério da Trindade, pois somos manifestação do Amor”, iniciou o cardeal Leonardo Steiner a homilia da Solenidade da Santíssima Trindade. Segundo o Arcebispo de Manaus, “o amor que nasce do encontro de Deus que é Pai, Deus que é Filho, Deus que é Espírito Santo”.

O cardeal Lembrou que “Ele se manifestou em seu amor, saiu de si e veio ao nosso encontro por amor e por amor nos salva. Na manifestação da Trindade começamos a perceber que fazemos parte do Amor, do amor da Trinitário. É o Amor que nos gera como filhas e filhos. No amor somos filhos e filhas do mesmo Pai, irmãos e irmãs do mesmo Filho, e amoráveis no mesmo Espírito”.

“A Solenidade da Santíssima Trindade nos faz celebrar e louvar a Comunidade de amor. A nossa celebração é um convite a contemplar Deus que é amor, que é comunidade e que nos gerou para participarmos do mistério de Amor. Deixemo-nos envolver, tomar pelo Mistério de amor e manifestemos a nossa fé, que é alimentada pelo Amor”, enfatizou Dom Leonardo.

Citando Santo Agostinho, refletiu sobre o Mistério da Trindade, insistindo em que “Deus amou tanto o mundo que enviou o Filho para que pudéssemos participar de seu amor, da eternidade do Amor. No amor participamos da vida eterna. Não a morte, mas a vida; não a condenação, mas a salvação; não a destruição, mas a plenificação. Sim a eternidade do Amor! Participamos da vida do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.



Citando o texto bíblico, que diz: “Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito”, lembrou as palavras de São Bernardo que nos ensina que “a medida deste amor é amar sem medida”. Segundo Dom Leonardo, “Ele nos amou antes de toda e qualquer possibilidade nossa; ele veio a nos a partir Dele mesmo; Ele nos tocou; Ele nos veio livremente ao e de encontro. Ele se nos tornou acessível, tão acessível a ponto de nós o podermos chamar de Abba, Pai, o podermos pegar na mão e comer, fazer dele o que bem quisermos. Toda essa proximidade e possibilidade é porque Ele gratuitamente, livremente se nos deu, nos amou. Essa gratuidade não é nossa conquista, mas pertence a essência íntima da gratuidade da liberdade do Amor que nos encontrou, ‘nos amou primeiro’!”

“Assim, somos convidados à admiração, à contemplação, pois somos amados por Deus. Um amor admirável, extasiável, pois nos enviou o seu Filho único”, afirmou o arcebispo, que também lembrou as palavras do Papa Francisco, que nos chama a descobrir que “o amor de Deus é também uma pessoa, o Espírito Santo que nos restaura e santifica para podermos viver eternamente com Deus”.

Uma realidade que ele chamou a descobrir na Primeira Leitura, onde “Moisés grita, enquanto Deus passava diante dele: ‘Senhor, Senhor! Deus misericordioso, clemente, paciente, rico em bondade e fiel’ (Ex 34,4b-6.8-9). Moisés percebe que Javé é clemente e compassivo, lento para a ira e rico de misericórdia, pois fiel à Aliança. Deus se revela misericordioso, paciente, sem precipitação; sabe esperar, é esperançoso de conversão. Tolera as misérias e as fraquezas, não abandona, está sempre disposto ao perdão, à benevolência, à misericórdia. Sim, Deus é fiel; cuida de toda a sua obra criada e dos filhos e filhas gerados”.

Aplicando isso a nossa realidade, insistiu em que “nós experimentamos a sua misericórdia e nos damos conta de que Deus não desiste de nós. Nos concede a sua Palavra, nos oferece o Pão da vida, nos faz viver crescer na comunidade de fé. E quando pecamos, nos desviamos do caminho Ele nos busca, oferece a salvação, insiste para que vivamos na benevolência, sendo consolo, acolhimento, misericórdia, salvação”.




Já na segunda leitura, destacou a saudação de Paulo, que “repetimos ao iniciarmos a celebração Eucaristia. Uma saudação trinitária. Uma atenção especial para que nos demos conta de que a liturgia que está por começar é em nome da Trindade. Toda a ação litúrgica está envolta, envolvida pela graça da Trindade. As nossas comunidades reunidas, movimentadas e gracificadas pelo amor da Trindade. Os encontros, as celebrações na dinâmica de amor trinitário”.

Em palavras do cardeal, “as nossas comunidades, a Igreja, a missão da Igreja, nasce do amor do Pai e do Filho e do Espírito Santo. “Ide e batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”; “Ide anunciai a toda a criatura”. É o amor da Trindade que gera as nossas comunidades e as envia a anunciar, proclamar o amor da Trindade. Sermos a proclamação, o anúncio do Amor que renova o céu e a terra; purifica e vivifica as nossas relações”.

“É o amor que constituiu um novo povo”, destacou o arcebispo. Segundo ele, “é o amor que nos fazer Igreja, comunidade, família. É que nos movimentos na vida da trindade. É a Trindade santa que nos deixa viver, sonhar, amar, nos salva. É o amor da Trindade que nos desperta para o cuidado dos últimos, dos deixados de lado, dos desprezados, como nos lembra Santo Agostinho: “Se tu vês a caridade, vês a Trindade”! Acolhimento, aproximação, consolação: a caridade! Mas também é a Trindade que nos desperta para o cuidado de todas as criaturas. Como cantava Francisco de Assis: irmão sol, irmã água, irmão vento...”.

Dom Leonardo convidou a descobrir que “na solenidade da Trindade santa aflora um verdadeiro cântico de louvor! Louvamos e bendizemos da nossa participação: o Pai, a quem rezamos Pai-Nosso que estás no céu; o Filho, que nos concede a redenção, a justificação, a salvação; o Espírito Santo, que nos santifica, que habita em nós e vivifica a Igreja. É a revelação, a manifestação do ensinamento de São João: ‘Deus é amor’ (Jo 4,8.16). O Pai é amor, o Filho é amor, o Espírito Santo é amor. E na medida em que é amor, Deus não é solidão, mas comunhão, relação, doação, gratuidade relacional entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. (...) Todos nós vivemos neste amor e deste mistério”, citando palavras do Papa Francisco.


Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Um comentário:

  1. Difícil encontrar palavras tão acertadas para um Mistério tão fecundo que é a Santíssima Trindade. Obrigada, Dom Leonardo! Minha mãe, me ensinou de pequena a contemplar a Trindade Santa e eu entendi que nossa oração não pode prescindir
    dessa Comunhão, pois Deus é relação comunicante e amorosa e não solidão e prepotência. Deus quis o diálogo, a ternura a essência do cuidado. Eu acho, na minha pequenez, que na Trindade já está presente a imensidão de Deus, a completude, a Perfeição.

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