terça-feira, 19 de setembro de 2023

50ª Assembleia de uma Igreja de comunhão, participação e missão, de encarnação na realidade e evangelização libertadora


A 50ª Assembleia Regional Norte1 que acontece de 18 a 21 de setembro em Manaus com mais de 80 representantes das igrejas do Amazonas e Roraima, é mais um episódio de uma caminhada iniciada em 1967 com a primeira edição da Assembleia Regional. 50 assembleias em um tempo de comunhão, participação e missão, seguindo o caminhar do Sínodo da Sinodalidade, que a Igreja está vivenciando, em um tempo de encarnação na realidade e evangelização libertadora, linhas propostas para a Igreja da Amazônia pelo Documento de Santarém 1972, que deu muitas luzes para o planejamento pastoral das Igrejas particulares do Regional, segundo lembrou o padre Zenildo Lima, que recordou os sucessivos encontros.

Uma história que começou com rostos concretos, com a ajuda de homens e mulheres que assumiram esse caminho, segundo lembrou alguém que participou daqueles passos iniciais, a Ir. Maria Clara de Albuquerque, da Congregação das Adoradoras do Sangue de Cristo. 50 anos de comunhão expressada na colegialidade de igrejas particulares com realidades peculiares, subsidiadas pela sede metropolitana de Manaus.

50 assembleias com grande sinergia com as propostas da Igreja universal, de América Latina e do Brasil, enfatizou o reitor do Seminário São José de Manaus, que destacou a articulação em diferentes níveis vivida ao longo desse tempo e o fato de ter vivido uma caminhada de escuta. Uma vida de comunhão favorecida pela Catequese, a Liturgia, a Formação dos agentes de pastoral, a Pastoral Vocacional, o diálogo ecumênico, as comunidades eclesiais, os ministérios.

Mais de 50 anos de evangelização libertadora, que se concretizou na relação das igrejas particulares com o poder público, demandando sua presença nas bases e um desenvolvimento humano. Para isso surgiu Justiça e Paz, Caritas, Centro de Defesa dos Direitos Humanos, o Movimento de Educação de Base, as rádios... Uma Igreja vigilante diante dos grandes projetos, surgindo as Semanas Sociais Regionais. Uma Igreja preocupada com a Migração, o Tráfico Humano, os povos originários, com a presença do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a questão da terra, com a missão da Comissão Pastoral da Terra (CPT).



Na vida do Regional as pastorais específicas, elas são sinais e testemunho de quanto as 50 assembleias são sinais de evangelização libertadora, segundo o padre Zenildo Lima. Com elas foram surgindo causas comuns, se tornando as pastorais específicas instrumentos para concretizar nas bases essas causas comuns, para desde uma reflexão coletiva gerar diretrizes comuns.

Nesse tempo teve um papel importante a Ir. Leticia Chaves, salesiana, diretora do Centro de Estudos do Comportamento Humano (CENESCH) e secretária executiva do Regional Norte1, que disse ter assumido diante das palavras de sua provincial: “para a Igreja a gente não vai negar nada”. Mesmo diante das muitas dificuldades, inclusive administrativas, disse estar vivendo a comemoração da 50ª Assembleia Regional com um sentimento profundo de gratidão.

O padre Zenildo Lima destacou a importância da animação missionária no Regional Norte1, a visão pan-amazônica, algo explicitado no Sínodo para a Amazônia. Igualmente o destaque do laicato, do papel da mulher na caminhada das comunidades, a formação e espiritualidade, seu papel na política e nos movimentos populares, e o destaque e protagonismo da Vida Religiosa, a formação do clero local, criando os conselhos presbiterais, a comissão regional do clero e pastoral presbiteral, a colegialidade dos bispos, que favoreceu muito o trabalho das assembleias, o diaconato permanente e sua organização em nível diocesano e regional.



A Vida Religiosa tem um papel decisivo na história do Regional, assumindo as prelazias e se fazendo presente de muitos modos, abraçando a juventude, cuidando das vítimas da violência, tráfico e abuso sexual com a Rede um Grito pela Vida, estando onde ninguém quer estar, enviados para amar e ser sinal da Boa Nova do Reino. Por isso, a Vida Religiosa pediu: “vamos somar o que temos em comum, diminuir as nossas diferenças, dividir e partilhar a vida e o pão e multiplicarmos o que nos fortalece na missão”.

Um Regional com rosto laical e feminino, com mulheres que fundaram comunidades que hoje são paróquias e áreas missionárias na periferia de Manaus. Uma Igreja jovem e com grande protagonismo dos povos indígenas, comprometida no cuidado em todos os níveis, que sempre sonhou com novos caminhos e modos de ser Igreja. Uma Igreja preocupada com a formação, o que tem sido concretizado do CENESCH até a atual Faculdade Católica do Amazonas, passando pelo Instituto de Teologia Pastoral e Ensino Superior da Amazônia – ITEPES.

Uma Igreja que continua fazendo história em passos concretos, o que foi visualizado no relatório da presidência, relatando as múltiplas atividades realizadas pelo Regional, pela Igreja do Brasil e a Igreja universal, pelas pastorais, movimentos e organismos que caminham neste chão amazônico, construindo o Reino de Deus no meio aos povos que aqui habitam.

O empenho do Regional Norte1 é continuar caminhando juntos, em sinodalidade, seguir sonhando e apostando por aqueles que muitas vezes são colocados às margens da sociedade, sempre desde a colegialidade e a comunhão. Uma Igreja que guarda a memória agradecida de tantos homens e mulheres que foram fazendo realidade ao longo dos anos uma Igreja com rosto amazônico, uma Igreja encarnada na vida das comunidades.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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