sábado, 23 de setembro de 2023

Ir. Regina da Costa Pedro: “A comunhão com as outras Igrejas é constitutiva da natureza de cada Igreja local”


O Congresso Missionário Regional Norte1 é um momento importante em preparação para o 5º Congresso Missionário Nacional que será realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro. Uma oportunidade para refletir sobre a responsabilidade da Igreja local pela missão aos confins do mundo, uma temática abordada pela Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das Pontifícias Obras Missionárias no Brasil.

A religiosa do PIME iniciou sua fala questionando a vinculação da Igreja local com a Igreja universal na dimensão missionária, os avanços que estão se dando e em que medida as igrejas locais precisam se converter na dimensão pastoral-missionária, e os sinais dessa conversão.

“A Igreja é, por sua natureza, missionária”, ressaltou a Ir. Regina Pedro, que incidiu em que “a missão e a fé cristã andam sempre juntas, e só é possível assumir e viver a missionariedade e cooperar na missão a partir da fé”. Partindo da ideia da Igreja Corpo de Cristo, a diretora das POM Brasil questionou como o Concílio Vaticano II vê as “Igrejas locais” e quais as implicações dessa visão, fazendo um chamado a redescobrir o significado da “Igreja local” no Vaticano II e a relação entre a Igreja universal e as igrejas locais, o que é conhecido como teologia da comunhão, pois “a comunhão com as outras Igrejas (no sentido de reciprocidade e solicitude de cada uma para com todas) é constitutiva da natureza de cada Igreja local”.



Segundo a diretora das POM Brasil, “a missão é essência da Igreja universal e local”, ressaltando que a missão “é o fim da existência da Igreja”, até o ponto de que “é Igreja verdadeira se testemunhar que Deus ama não somente a nós, mas a todos”. É por isso que “a Igreja é ‘local’ para indicar o lugar a partir do qual deve olhar o mundo, e não para indicar o lugar onde encerrar o nosso olhar”.

Ninguém pode esquecer que “as igrejas locais são necessariamente missionárias e sua missão é universal”. De fato, a Igreja local é sujeito da missão universal e enviada aos que não creem. Por isso, a responsabilidade das igrejas locais na cooperação missionária, da missão ad gentes, centrada em Deus, e exigências para todas as igrejas locais.

A religiosa refletiu sobre a conversão missionária que tem que levar a Igreja a um estado permanente de missão, nas estruturas e consciência de que todos são chamados a colocar-se em estado permanente de missão. Nessa conversão, o Papa Francisco chama a cinco saídas estratégicas: das estruturas caducas, de si mesmos, das relações excessivamente hierárquicas, de uma pastoral de manutenção, das fronteiras.

Uma conversão que leve a entender que “missão é vida, não só ação”, não é só programática, é paradigmática, “é pedido aos discípulos para construírem a sua vida pessoal em chave de missão”. É entender, seguindo as palavras do Documento 100 da CNBB, a exigência de “passar de uma pastoral ocupada apenas com as atividades internas da Igreja, a uma pastoral que dialogue com o mundo”. Uma conversão missionária que leve a não deixar as coisas como estão, segundo fala o Papa Francisco em Evangelii Gaudium. Uma reflexão que deve ser levada as igrejas locais, às paróquias e comunidades do Regional Norte1.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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