O
Regional Norte 1 se reuniu para continuar refletindo sua caminhada como Igreja
nessa realidade bem específica na região Amazônica. Com o intuito de continuar
testemunhando e vivenciando a experiência de uma Igreja encarnada nessa
realidade da Amazônia, faz-se necessário reunir-se em conjunto (leigos/as, religiosos/as,
padres e bispos) buscar luzes para enxergar melhor a caminhada ecleial, atitude
que nem sempre é fácil ou simples, porém, necessária. É o sentido da
“Sinodalidade” que as Igrejas locais e a Igeja como um todo está vivenciando.
Sempre
buscando manter-se vigilante em sua proposta de fidelidade a Jesus Cristo e seu
Reino de vida e justiça, proposta que sempre está em dissinância com o projeto
de quem busca acúmulo e riqueza e de propostas e projetos de fé desencarnados
da realidade de uma Igreja comprometida com a vida em sua concretude econômica,
social e religiosa, como está lembrando sempre o Para Francisco.
É
nessa direção que a Igreja do Regional Norte 1 busca ser fiel e por isso, nem
sempre é compreendida e até sofre críticas e muitas das vezes desonestas (por
exemplo críticas aos bispos).
Olhando
nos Evangelhos, aqui de maniera mais especíca Lucas (escrito por volta de
80/90), com a proposta de abrir-se para missão além da região da Palestina
acolhendo os povos não judeus (gentios), percebemos justamente esse projeto de
anunciar a mensagem de Jesus que se concretiza na realidade em Nazaré, a terra
de Jesus, que deve se estender a todas as nações (Lc 24,47), em cumprimento das
promessias antigas. Na compreensão e propósito Lucas teve a intenção de
integrar “os atos salvíficos de Deus
na história universal, tendo o evento-Cristo como centro definidor. O próprio
Lucas provavelmente teria dito de outro modo: a história do mundo e seus
impérios estão integrados à história universal dos atos salvíficos de Deus”,
segundo afirma M. Eugene Boring em sua Introdução ao Novo Testamento. Assim
a mensagem evangélica deve ser encarnada na realidade de nossa Igreja como
pensa o Regional Norte 1.
Na
linha profética, Lucas faz uso de textos proféticos justificando essa
realização: Is 61,1-2; 58,35; Lv 25,8-55. Mostrando assim, que em Jesus a
profecia foi cumprida. O projeto se realiza em Jesus, pois ele foi confirmado
pelo Pai (Lc 3,21-22), e está peno do Espírito Santo. Por isso, ele é
autorizado para atualizar as palavras antigas da profecia.
Essa
profecia para Lucas se realiza na história concreta do povo de seu tempo. O
povo excluído (os pobres, os presos, os cegos, os oprimidos, Lc 4,18-19) recebe
essa Boa Notícia de libertação e salvação, de vida digna mesmo. É o “ano da
graça do Senhor” (jubileu do Levítico 25) que está se realizando.
O
anúncio da Boa Nova não acontece desencarnado da realidade, sem chão ou raiz
(cuidar só das almas), mas se realiza dentro da vida de um povo, de uma cultura
bem concreta. Aqui está a beleza, preocupação e o compromisso da Igreja do
Regional Norte 1 em continuar sendo fiel à proposta evagélica que se realiza
aqui e agora na realidade das Igrejas locais da Amazônia, tão ameaçada e
explorada. Por isso, uma Igreja viva não compactua com essa situação de
degradação da vida na Amazônia em toda sua diversidade de fauna e flora e a
vida humana igualmente em toda sua diversidade e riqueza.
Os
documentos Pontifícios (Laudato Si), da Igreja Continental (Documentos do
CELAM) e local, estão sempre iluminando a opção da Igreja do Regional Norte 1
na fidelidade ao projeto do Reino de Deus. Projeto esse que vem sendo ao longo
dos anos pensando, refletido e executado na medida do possível nas Igreja
locais.
José
Roberto da Silva Araújo, OMI
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