A importância
da Palavra e da espiritualidade na missão foram elementos abordados na reflexão
do Congresso Missionário Regional Norte1 que está sendo realizado na Maromba de
Manaus de 22 a 24 de setembro de 2023, em preparação ao 5º Congresso Missionário
Nacional, que também será sediado na capital do Amazonas de 10 a 15 de novembro
de 2023.
Analisando
o texto que relata a experiência dos dois discípulos a caminho de Emaús, que
inspira o lema do Congresso Missionário Nacional e Regional, o padre Tiago
Camargo refletiu sobre “o diálogo, a partilha, o dar a conhecer ao outro as
ideias e pensamentos perpassavam aquela caminhada”, vendo no texto a presença
de situações que fazem parte da vida das pessoas hoje.
O assessor
da Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB chamou a
ver o Congresso como mais um passo que damos no caminho da vida missionária, a
se “deixar interpelar pelas tristezas e desilusões daqueles que vamos
encontrando”. De fato, ele destacou que “a missão evangelizadora pelo
testemunho vai ao encontro desses que estão com o rosto sombrio pela dor, pela
morte, pelo luto, pelo medo, pela violência, pelo desespero ou pela desesperança”,
fazendo um chamado a se aproximar com atitude de acolhimento, e questionando no
caminho de quem os missionários colocam seus pés.
O assessor lembrou a importância da Palavra, “que alimenta a espiritualidade
do seguimento a Jesus Cristo”, questionando como ela atinge a vida missionária,
e destacando a importância de conhecê-la. A mesma coisa com a Eucaristia, onde “o
Espírito Santo fortalece a identidade do discípulo e desperta nele a decidida
vontade de anunciar”, afirmou citando o Documento de Aparecida.
Segundo o padre Tiago Camargo, “não é possível encontrar verdadeiramente
Jesus Ressuscitado sem ser inflamado pelo desejo de contar a todos”, que
insistiu no constate chamado à missão, pois “a missão recebida da Trindade, não
tem limites de fronteira, de tempo ou lugar”.
Abordando a
questão da espiritualidade missionária, dom José Altevir da Silva, bispo da
Prelazia de Tefé, começou se perguntando: “será que existe mesmo uma
espiritualidade Missionária?”, afirmando que “todo ponto de partida é o chão
onde nossos pés estão pisando”, destacando a importância do “chão histórico que
reverte o nosso ser” e que determina o atual modelo de desenvolvimento, que
definiu como irracional, “capaz de colocar numa cilada fatal à própria
existência da humanidade, ao meio ambiente, aos territórios, à nossa Casa
Comum, causando a grande e atual crise civilizacional”.
O bispo
denunciou “as consequências daninhas de um perverso colonialismo”, que atinge a
espiritualidade missionária. Algo que dom Altevir mostrou presente na Laudato Si´,
fazendo um chamado a que a espiritualidade missionária, no contexto amazônico,
passe por diversas dimensões. Ele lembrou da “ecologia do espírito”, chamando a
ver a experiência espiritual como “uma ferramenta poderosa na luta contra a
hegemonia cultural, econômica e política do sistema-mundo capitalista ocidental”.
Daí chamou a uma reflexão sobre espiritualidade em chave decolonial, a buscar
agentes “autenticamente aptos a encarar os desafios da decolonialidade e da
interculturalidade”.
Após oferecer
diversas definições de espiritualidade, o bispo da prelazia de Tefé disse que “da
Memória e do Projeto são feitos os bastões da caminhada missionária”. Ele
lembrou as palavras do Papa João Paulo II: “o missionário deve ser ‘um
contemplativo na ação’”, afirmando que “a missão cristã tem como primordial
finalidade revelar o Mistério”. Dom Altevir fez um chamado a descobrir que “as
pessoas precisam hoje de proximidade”, de ser missionários com “um coração de
cuidador dedicado ao cuidado dos irmãos e irmãs”.
Querendo
definir a espiritualidade libertadora, o bispo a vê como união entre oração
e ação, sagrado e profano, fé e compromisso com a justiça, como algo vivencial,
que contempla Deus e seu Espírito na realidade, nos conflitos, no sofrimento
humano, que organiza a esperança dos pobres e excluídos, que é ecumênica, servidora
e samaritana, resiliente.
O bispo
colocou sete passos para fortalecer a espiritualidade missionária, afirmando que
é importante seguir a pedagogia de Jesus, juntos aos discípulos de Emaús: o
encontro, a escuta, a realidade, a palavra, a acolhida, o celebrar e a missão.
Com eles, “teremos elementos suficientes para alimentar a espiritualidade
missionária”.
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