segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Simpósio de Missiologia Seminário São José: Missão eixo integrador da formação dos futuros presbíteros


O Seminário São José de Manaus, junto com o Conselho Missionário de Seminaristas (COMISE Norte1) está realizando nos dias 25 e 26 de setembro o Simpósio de Missiologia, que tem como tema “Missão na Amazônia, evangelização profética”.

Uma oportunidade para refletir sobre a missão, que segundo o cardeal Leonardo Steiner, é a razão da Igreja, não existe outra razão da Igreja que trabalhar na evangelização. Um simpósio para “nos apropriarmos mais ainda da nossa realidade amazônica”, destacou o seminarista Livio Costa, coordenador do COMISE Norte1, para quem fazer missão na Amazônia é pisar na lama. Não podemos esquecer, segundo apontou a Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das Pontifícias Obras Missionárias (POM Brasil), que a missão, ela quer ser o eixo integrador da formação dos futuros presbíteros, insistindo na importância de ter os pés no chão, na realidade amazônica e o coração aberto para o mundo. Uma missão que é paradigmática para a formação presbiteral, ressaltou o padre Zenildo Lima, reitor do Seminário São José, e é por isso que não se pode pensar a formação na Igreja sem uma referência, identificação e atuação naquilo que é a missão na Igreja.

No Simpósio, o cardeal Leonardo Steiner refletiu sobre “Missão e cuidado da casa comum”. Partindo das palavras do Papa Bento XVI, que afirmou que “a missão da Igreja é evangelizar”, o arcebispo de Manaus enfatizou na necessidade de refletir a partir daquilo que somos, somos Igreja e a Igreja é missão. Se perguntando sobre o que tem a ver a casa comum com a evangelização, o presidente do Regional Norte1 destacou o cuidado do meio ambiente, da casa comum como um elemento que vai perpassando toda a evangelização, que é importante para a evangelização termos presente o cuidado da casa comum.



Depois de refletir sobre o que é a missão, sobre o mandato divino de evangelizar que a Igreja tem, segundo disse o Papa Paulo VI na Evangelii Nuntiandi, sobre o fato de toda a Igreja ser missionária, de toda pessoa batizada receber essa missão, o cardeal destacou que todos nós somos enviados a evangelizar, mas especialmente o presbítero o bispo, afirmando que essa é a identidade da Igreja, anunciar o Reino de Deus, instaurado no mundo na morte e ressurreição de Jesus. Uma missão que não é proselitismo, é anúncio de Boa Nova.

Recordando o que é casa comum, segundo explica o Papa Francisco em Laudato Si´, onde insiste em que casa comum é mais do que os seres, é uma relação, é a relação entre todos os seres, dom Leonardo analisou alguns elementos presentes na encíclica do atual pontífice, incidindo em que a Criação pertence à ordem do amor, que a criação é tudo o que provém do mesmo útero da Trindade. Ele ressaltou a importância da hermenêutica judaica, que destaca a necessidade de cuidar e cultivar, não dominar, cultivar e cuidar o jardim do mundo, uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza.  

A causa da atual crise ecológica está na “desfraternidade universal”, o que demanda uma conversão interior, insistindo em que a crise ecológica tem a ver com nossa evangelização. Um chamado à conversão que ajude a entender que cada criatura reflete algo de Deus e tem uma mensagem para nos transmitir. Uma conversão pessoal e comunitária que leve a viver como guardiões da casa comum, sermos todos convertidos ao cuidado e ao cultivo. O arcebispo de Manaus fez uma análise da hermenêutica da totalidade, presente em Querida Amazônia, afirmando que não se trata de salvar a alma, se trata de salvar e integrar toda a casa comum.



Pensar na evangelização tem que levar em consideração a presença de todas as criaturas como presença de Deus, destacou dom Leonardo. Ele refletiu sobre o papel da natureza a partir de diferentes aportes, ressaltando os sinais sacramentais na natureza presentes em Laudato Si´, onde o Papa Francisco disse que a Criação encontra sua maior expressão na Eucaristia, uma reflexão retomada na recente viagem do Papa Francisco na Mongólia, onde seguindo o pensamento de Teilhard de Chardin refletiu sobre o que é Missa e Eucaristia.

A perspectiva histórica da missão na Amazônia foi abordada pelo padre Vanthuy Neto, que fazendo um percurso pela caminhada da Igreja na região, ajudou a dar os passos para passar das Igrejas Locais à Igreja Amazônida. Uma Igreja que nasceu da Missão e que com o tempo foi se tornando uma Igreja que se lança missionária: da obra missionária colonizadora à missão colonizadora. Uma missão que no início foi confiada a ordens religiosas e que com o tempo se concretizou numa missão de todo o povo de Deus. Uma missão que iniciou a partir do tripé escola, saúde, trabalho.

Nessa Igreja da Amazônia teve grande influência o Concílio Vaticano II, os documentos da Igreja da América Latina e do Caribe e os documentos que foram sendo elaborados pela própria Igreja da Amazônia, destacando a importância de uma caminhada comum, que teve no Encontro de Santarém 1972 um momento fundamental e no Sínodo para a Amazônia um testemunho para a Igreja universal de um modo de ser Igreja encarnada, libertadora e com protagonismo de todos e todas, uma Igreja ministerial, que caminha junto e que assumem causas comuns.




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