A Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está realizando sua primeira sessão na Sala Paulo VI de 4 a 29 de outubro, iniciou seus trabalhos no dia 13 de outubro sobre o terceiro Módulo, B1, que visa aprofundar a corresponsabilidade na Missão.
Novo Pentecostes
O trabalho
começou com uma Eucaristia no Vaticano, presidida pelo Cardeal Ambongo,
Arcebispo de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. Uma
celebração que teve um claro sabor africano, na qual o presidente iniciou sua
homilia afirmando que esse caminho sinodal, esse "novo Pentecostes",
é motivo de ação de graças a Deus e "renovará a Igreja na comunhão de seus
membros e na participação ativa de todos na vida e na missão da Igreja".
Em suas
palavras, ele convidou, seguindo a profecia de Joel, "a chorar e lamentar
diante deste altar, diante do túmulo de São Pedro, por nossas fraquezas como
Igreja", vendo a melhor maneira de fazer isso como "ter a coragem de
empreender o caminho do arrependimento e da conversão, que abre o caminho para
a reconciliação, a cura e a justiça". Da mesma forma, seguindo o Evangelho
do dia, o cardeal africano pediu para ver "até que ponto o Maligno age e
influencia nosso modo de ser e agir". Para combatê-lo, propôs "as
armas da sinodalidade, que requerem unidade, caminhar juntos, discernir na
oração, escutar uns aos outros e escutar o que o Espírito tem a dizer à
Igreja".
Um longo caminho percorrido juntos
Na sala do
Sínodo, que foi presidida pela Presidenta Delegada, Ir. María Dolores Palencia,
outra novidade desta Assembleia Sinodal, os trabalhos começaram com a
intervenção do Cardeal Hollerich, Relator Geral do Sínodo, que reconheceu que
desde o início da Assembleia "caminhamos juntos e percorremos um longo
caminho". Ele recordou a peregrinação às catacumbas, "que nos
permitiu entrar em contato mais próximo com os cristãos da comunidade primitiva
e especialmente com os mártires", que estão com a Igreja, "podemos
senti-los caminhando conosco".
O cardeal
luxemburguês recordou o título e a pergunta deste Módulo B2: "A corresponsabilidade na missão: como compartilhar melhor
os dons e as tarefas a serviço do Evangelho?", refletindo sobre a
importância da missão, centrando-se no "continente digital", que ele
vê como "um novo território de missão", questionando como
evangelizá-lo. Em seguida, fez uma análise de cada uma dos cinco pontos da
Seção B2: a necessidade de aprofundar o significado e o conteúdo da missão; a
ministerialidade na Igreja; o papel das mulheres na Igreja, cujo batismo
"não é inferior ao dos homens"; o papel dos ministérios leigos; o
ministério dos bispos. A partir daí, ele fez um apelo para que sejamos
corajosos e "demos um passo atrás para escutar autenticamente os outros,
para abrir espaço dentro de nós mesmos para a palavra deles e para nos
perguntarmos o que o Espírito está nos sugerindo por meio deles".
Mulheres e missão
Maria
Grazia Angelini, O.S.B., começou sua reflexão com uma pergunta forte:
"Como a Igreja de nosso tempo pode cumprir melhor sua missão por meio de
um maior reconhecimento e promoção da dignidade batismal das mulheres?". Ela
insistiu que "não se trata de promoção e reconhecimento em um sentido
mundano, de direitos e desejos, mas do bem-estar da Igreja", algo
inspirado no estilo, nas palavras, nos silêncios e nas escolhas de Jesus,
destacando o poder simbólico e inspirador do encontro de Jesus com a mulher
anônima na multidão, algo que também acontece em muitas outras passagens.
Ela vê no
tema da missão do Sínodo um "reconhecimento das diferentes expressões dos
ministérios". Analisando o papel das mulheres nas primeiras comunidades,
ela disse que elas não são meras figurantes, "elas abrem novos espaços
para o Evangelho", com as comunidades paulinas, nas quais "elas são
inseridas em uma liturgia feminina 'não ritual', rompendo-a com a palavra do
Evangelho". O apóstolo foi acolhido, enfatizou a monja beneditina,
"pela koinonia incomum das mulheres em oração, ao ar livre",
destacando as "novas linguagens inauguradas pelas mulheres, que Paulo não
desprezou, mas aproveitou como um kairos", citando como exemplo Lídia e
seu papel proeminente no nascimento da Igreja na Europa, fazendo de sua casa
"um espaço feito de pontes e não de muros".
A partir
daí, insistiu que "o movimento originado pelo Evangelho, e a alma de todo
verdadeiro caminho sinodal, gera relações novas e generativas", onde as
mulheres alimentam constantemente o dinamismo espiritual da reforma. A partir
daí, enfatizou que "as mulheres são um elemento dinâmico da missão",
e as diaconias a serem assumidas pelas mulheres, a partir do "estilo,
arriscado e revelador", criado por Jesus "em seu modo de se
relacionar com as mulheres".
Corresponsabilidade sinodal na missão
A partir de
uma perspectiva teológica, Carlos Galli refletiu sobre a
"Corresponsabilidade Sinodal na Missão Evangelizadora", partindo da
pergunta "Como podemos compartilhar dons e tarefas a serviço do Evangelho?". O teólogo argentino, inspirado na Constituição Episcopalis Communio, afirmou
que "a Igreja sinodal é missionária. A Igreja missionária é sinodal",
uma ideia presente nos documentos do Concílio Vaticano II. A partir daí, ele
refletiu sobre a corresponsabilidade de todos os batizados na missão, inspirado
nos textos bíblicos e no Magistério da Igreja, insistindo que "o batismo e
a fé são o fundamento da vocação universal à santidade e à missão",
destacando como os ministérios leigos enriquecem as comunidades cristãs.
Isso torna
necessária "a troca de dons e tarefas a serviço do Evangelho", vendo
o tornar-se missionário como um fruto da graça e a comunhão de bens como um
modo de vida. Para o teólogo, "o trabalhador apostólico é o evangelizador
evangelizado", exigindo o compartilhamento de dons espirituais. Isso
porque "o amor de Deus é muito mais do que o pecado", afirmando que
"a lógica do muito mais gera esperança". Por fim, ele disse esperar
que "pela ação do Espírito, onde abundar a comunhão, abundará a
sinodalidade e onde abundar a sinodalidade, abundará a missão".
Missão das mulheres, no mundo digital e do bispo
Uma
reflexão que foi completada com testemunhos. A Ir. Liliana Franco, presidente
da Confederação de Religiosos e Religiosas da América Latina e do Caribe, que
nos convidou a ver em Jesus sua vontade de "ver e sentir as mulheres,
elevá-las, dignificá-las, enviá-las", aprender com suas atitudes, critérios
e estilo. A religiosa denunciou o fato de que "o caminho das mulheres na
Igreja está cheio de cicatrizes, de momentos que trouxeram dor e
redenção", e afirmou que "a Igreja tem o rosto de uma mulher".
Nessa Igreja, no "desejo e no imperativo de uma maior presença e
participação das mulheres na Igreja, não há ambição de poder ou sentimento de
inferioridade, nem uma busca egocêntrica por reconhecimento, há um clamor para
viver em fidelidade ao plano de Deus".
Em segundo
lugar, dois representantes do Sínodo digital, o leigo mexicano José Manuel de
Urquidi González e a religiosa nicaraguense radicada na Espanha, Xiskya Lucia
Valladares, insistiram que, nesse ambiente, "para que a semente do
Evangelho cresça ali, ela precisa ser inculturada". Trata-se de uma nova
Galileia, onde "a escuta humilde, o acompanhamento e o diálogo" são
necessários com aqueles "que deixaram a Igreja feridos por tanta
discriminação, ou que se aborreceram com nossa pregação, ou que não entendiam
nosso idioma, ou que talvez nunca tenham pisado em uma igreja. Mas eles ainda
estão procurando”. Esse é "o território ideal para uma igreja sinodal
missionária na qual todos os batizados assumem a corresponsabilidade pela
evangelização", enfatizaram.
Por fim, o
cardeal Stephen Ameyu Martin Mulla, arcebispo de Juba (Sudão do Sul), refletiu
sobre o ministério do bispo a partir de uma perspectiva sinodal missionária,
para a qual "é importante que o bispo promova uma comunhão missionária
dentro da Igreja diocesana", seguindo o exemplo das primeiras comunidades
cristãs, com um só coração e uma só alma. Isso significa, sublinhou o Cardeal,
que o Bispo deve estar ativamente envolvido na vida dos fiéis, disposto a
caminhar com eles, encorajando e desenvolvendo os meios de participação. O
objetivo deve ser alcançar a todos, o que leva à promoção, ao incentivo e à
liderança de atividades e iniciativas missionárias na diocese.
O bispo
deve ser visto, enfatizou ele, como "um servo e testemunha da
esperança" e "favorecer uma mentalidade moldada pelo pensamento
sinodal". Além disso, "favorecer a colaboração recíproca de todos no
testemunho evangelizador a partir dos dons e funções de cada um, sem
clericalizar os leigos e sem transformar o clero em leigo", evitando
"o clericalismo excessivo, que afasta os leigos da tomada de
decisões". Em suma, "fomentar uma comunhão missionária dentro da
Igreja diocesana, incentivar e desenvolver os meios de participação e de
diálogo pastoral, estar conscientes do caráter missionário de seu ministério
pastoral, promover uma mentalidade moldada pelo pensamento sinodal e estar
ativamente envolvidos em movimentos eclesiais com objetivos
evangelizadores".
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