O Conselho
Indigenista Missionário (Cimi) realizou recentemente sua XXV Assembleia Geral,
com o tema “Direitos Originários, Territórios Livres, Justiça e Paz como fontes
do Bem Viver e Conviver”, onde foi eleita a nova presidência do Cimi, que vai
conduzir a entidade pelos próximos quatro anos.
Nova presidência
O novo
presidente do Cimi é o cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e
presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB). Junto com ele, fazem parte da diretoria, Alcilene Bezerra da Silva,
missionária do Regional Nordeste, que será a vice-presidente e Luis Ventura
Fernández, novo secretário executivo.
Dom
Leonardo Steiner sucede a Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho, que
assumiu a presidência nos últimos oito anos, que destacou o trabalho do Cimi
como “um serviço de amor aos pobres, da terra”. Ele animou a nova presidência,
insistindo no longo trabalho pela frente que a Igreja do Brasil tem como missão
junto aos povos originários, um caminho marcado pelas conquistas, lutas e
retrocessos.
Um organismo para ouvir e encaminhar as questões
O novo
presidente do Cimi, um dos membros da primeira etapa da Assembleia Sinodal do
Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizado no Vaticano de 4 a 29 de outubro
de 2023, em representação do episcopado brasileiro, destacou que “o Cimi é um
organismo da CNBB, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, fundado há
mais de 50 anos tem prestado um grandíssimo serviço aos povos indígenas, tem
ouvido suas causas, tem sido uma presença ativa através dos missionários e
missionárias em muitas aldeias, tem conseguido reunir diversas comunidades
indígenas, ouvi-las e encaminhar as questões, questões que dizem respeito à
cultura, aos direitos, à questão da terra, a questão do Marco Temporal”.
Segundo o
cardeal Steiner, “o Cimi não presta só um serviço aos povos indígenas, presta
um grande testemunho de como viver o Evangelho, de como evangelizar os nossos
povos através da presença, uma presença de esperança, uma presença de consolo,
uma presença de misericórdia”.
Continuarmos a servir
“Conheci o
Cimi, comecei a trabalhar junto do Cimi, a servir junto do Cimi quando bispo de
São Félix do Araguaia. Como bispo de São Felix do Araguaia, junto com dom Pedro
Casaldáliga conseguimos encaminhar diversas questões, que diziam respeito aos
povos indígenas na prelazia de São Felix do Araguaia como a Terra de
Marãiwatsédé, do Povo Xavante, e também a Terra do Urubu Branco, do Povo
Tapirapé”, destacou o cardeal, lembrando da figura de um dos fundadores do
Cimi.
Em suas
palavras, o novo presidente do Cimi, agradeceu “a confiança dos missionários e
missionárias e dos indígenas que votaram na minha pessoa”, um agradecimento que
também faz pela confiança na vice-presidente e no secretário. Dom Leonardo
Steiner enfatizou que “vamos procurar continuar a servir, vamos procurar
continuar a acompanhar os nossos povos indígenas, assim como foi feito pelas
diversas presidências do Cimi através desses 50 anos”. Ele pediu que “Deus nos
ajude a continuarmos a servir, Deus nos ajude a continuarmos a perceber onde
estão as maiores dificuldades para podermos apoiar”.
Presença bem faceja, misericordiosa e esperançada
Finalmente,
o novo presidente do Cimi ressaltou que “hoje graças a Deus os povos indígenas
estão bastante organizados e nós queremos também ajudar a essas organizações a
serem cada vez mais uma voz para que a voz dos povos indígenas possa ser ouvida
na sociedade brasileira”. Invocando novamente a benção de Deus, o cardeal pediu
“que nós possamos junto com os missionários e as missionárias ser essa presença
bem faceja, misericordiosa e esperançada junto às comunidades indígenas, junto
aos povos indígenas”.
A
assembleia do Cimi, segundo recolhe o Documento Final, definiu as prioridades
para o biênio 2024 e 2025: Povos indígenas em contexto urbano e políticas de
identidade; Terra, território e direito humano à água; Defesa da Constituição
Federal de 1988 e da natureza como sujeito de direito. Para isso o Cimi vai
incidir na formação, na promoção de encontros no campo da espiritualidade, das
políticas públicas, de questões sociais, culturais e relacionadas com o mundo
urbano. Igualmente a XXV Assembleia do Cimi manifestou seus esforços no apoio
da demarcação das terras e lutas cotidianas em busca da consolidação dos
direitos fundamentais. Um compromisso “profético, militante e missionário em
defesa da vida em plenitude”.
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