No Sínodo
das mesas redondas é interessante ver as dinâmicas que querem ser introduzidas
na Igreja, um modo de ser Igreja no qual Francisco tem muito a dizer, e ele o
diz. Nesse sentido, recordando uma anedota que lhe aconteceu, ele disse que, em
um Sínodo onde era relator, experimentou tensões com o cardeal secretário, que
proibiu que certos temas fossem introduzidos na votação, o que levou o então
cardeal Bergoglio a se queixar da falta de sinodalidade e do fato de que todos
não podiam se expressar livremente.
A Palavra como fruto da liberdade
Isso nos
leva a refletir sobre uma questão fundamental, especialmente em uma Igreja
sinodal, na verdade, em todas as formas de ser Igreja, o que significa a
palavra como fruto da liberdade. Uma Igreja que respeita a palavra de cada
membro. É com base nessas pequenas intuições que se cria um espírito de
comunhão e se constrói um modo de ser Igreja, algo que não é fácil de assumir
nestes tempos, mas sem o qual é difícil prever um futuro promissor para a
vivência da catolicidade.
Somente
dessa forma, com a possibilidade de usar a palavra livremente, pode-se
progredir em uma sinodalidade na Igreja que, nas palavras do Santo Padre em seu
discurso de abertura, "ainda não está madura". Até certo ponto, em
alguns órgãos eclesiais, perpetua-se o hábito de não permitir que todos se
expressem livremente, algo que Francisco insiste em deixar para trás, e uma das
razões pelas quais ele convocou este Sínodo sobre a sinodalidade.
Tornar o Espírito presente em círculos menores
Na medida
em que o Espírito se fizer presente nessas mesas redondas, nos 35 círculos
menores em que se organiza a sala sinodal, as vozes daqueles que se sentem
rejeitados pela própria Igreja ou pelo mundo, estando ou não nessa sala, se
sentirão acolhidas, pois não podemos nos esquecer de que este é um Sínodo da
Igreja, com representantes das Igrejas do mundo inteiro, e ninguém deve ser a
voz de si mesmo, mas de uma Igreja que já percorreu um caminho no processo de
escuta e nas diferentes etapas que se realizaram.
Uma Igreja sinodal deve ser uma Igreja com um olhar que abençoa, buscando desejar e construir o bem. E essa construção do bem deve ser um requisito para aqueles que estão sentados nas mesas redondas em que a sala sinodal está organizada. Aqueles a quem foi confiado, por meio do discernimento comunitário, encontrar novas maneiras de tornar uma Igreja sinodal uma realidade, não podem ser pessoas que colocam paus nas rodas. Apoiar as reformas do Papa Francisco, sempre com a liberdade de discuti-las na busca da construção do bem, não é negociável para aqueles que são membros do Sínodo.
A metodologia do Sínodo
A Igreja
sinodal sonhada por Francisco é uma Igreja que acolhe os pequenos, os simples,
uma Igreja que é o abraço de Deus, especialmente para tantos homens e mulheres
que estão sobrecarregados, cansados, que se sentem perdoados por sua abertura à
ação do Espírito. Há muitos dias pela frente para se olharem nos olhos e,
assim, abrirem seus corações a pessoas diferentes, muitas delas estranhas umas
às outras, mas que ganharão confiança para construir juntas, com uma
metodologia que busca a Igreja para decidir em um espírito de comunhão, como
Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação, insistiu no briefing
com os jornalistas realizado na Sala Stampa em 5 de outubro.
Ruffini
insistiu na confidencialidade e explicou a metodologia de trabalho até o final
da primeira fase da Assembleia Sinodal. Um elemento fundamental é a conversa no
Espírito, onde todos falam e escutam, uma possibilidade que também existirá nas
congregações gerais, insistindo na liberdade com a qual Francisco quer que a
Assembleia sinodal seja vivida, a fim de avançar no caminho da comunhão, um dos
grandes desafios deste Sínodo sobre a sinodalidade, a partir de uma experiência
espiritual.
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