Um dia para ler pessoalmente o Documento Síntese e, após uma leitura comum na Sala Sinodal, votar ponto a ponto. Isso é o que espera aos homens e mulheres que são membros do Sínodo neste último sábado da primeira sessão da Assembleia Sinodal. Pela primeira vez, as mulheres poderão votar em um documento do Vaticano, mesmo sabendo que não será um documento oficial, e que elas já votaram na Carta ao Povo de Deus e na eleição dos membros das Comissões de Comunicação e Síntese. Mas agora é outra coisa, e todos nós estamos cientes de sua importância.
Disparidade de sentimentos
Um momento
que é vivido por algumas das mulheres que votarão com sentimentos de
responsabilidade, de emoção, de orgulho, de compromisso, de gratidão a Deus, de
selar o desejo de ser uma Igreja que seja casa para todos, de romper as
barreiras do machismo e do clericalismo, e de abrir novas perspectivas para o
futuro de uma Igreja que avança, apesar das resistências, há aqueles que negam
a validade deste Sínodo e querem que ele seja apenas de bispos.
Daí a
importância de lembrar as muitas mulheres e homens que pediram essa
oportunidade. Aquelas 35 mulheres que no Sínodo para a Amazônia entregaram uma
carta assinada ao Papa pedindo para votar e a quem ele disse na última sessão
que naquela ocasião não tinha sido possível, mas que chegaria o dia em que elas
votariam em um Sínodo, algo que está acontecendo. No final das contas, como
elas mesmas dizem, essa é uma forma de expressar o sentimento de que a Igreja
está realmente dando passos, que Francisco acreditou em nós: mulheres, leigas.
Votação para selar um compromisso
As mulheres
membros do Sínodo se deparam com "a possibilidade de escolher e selar um
compromisso, de demonstrar através de um gesto as escolhas às quais o coração
deu atenção como resultado do discernimento de todo esse tempo, é continuar
dando passos que nos permitam nos relacionar uns com os outros de uma nova
maneira".
Os
não-bispos já haviam tido a oportunidade de participar, de expressar sua
opinião. Neste Sínodo, sua participação nos círculos menores, nas intervenções
livres nas congregações gerais, foi mais uma maneira, uma maneira diferente de
exercer essa participação. Mas "o fato de poder votar acrescenta uma nova
dimensão a essa participação e, de forma muito visível, representa o exercício
da corresponsabilidade de todos na missão da Igreja".
Todos são necessários para a missão
Um voto que
"mostra como cada um de nós é necessário para realizar a missão. É também
uma mensagem para todo o Povo de Deus que pede, de diferentes esferas e
vocações, a possibilidade de participar, tanto nos processos de tomada de
decisão, quanto mais ativamente nas dimensões pastorais. É uma imagem que traz
muita esperança em relação à Igreja sinodal que queremos ser".
De fato,
"não é uma questão de ser mulher, é ser batizada, estar em uma assembleia
que antes era para bispos e poder participar da mesma mesa com igual tempo para
falar, com igual respeito e escuta para todos. Votar em algo que vai ser muito
importante para que, como cristãos, todos nós assumamos e façamos a nossa parte
para garantir que algo que será irreversível avance, que todos nós somos homens
e mulheres batizados, enviados em missão para o Reino e que, nesse Reino,
fazemos parte da Igreja que quer nossa voz, nossa ação, nossa participação,
vivendo tudo isso em comunhão, em diálogo e escutando".
Seguindo em frente sem nos apegarmos à nossa posição
Uma
Assembleia Sinodal na qual as mulheres dizem ter testemunhado "o que essa
escuta profunda de cada pessoa pode fazer e como somos capazes de mudar, de nos
transformar, de acolher, de buscar maneiras de chegar, se não a um consenso
total, pelo menos a uma compreensão profunda de onde está nossa diferença, e
conhecê-la, assumi-la e nomeá-la, para continuar caminhando juntas e juntos e buscar
onde é conveniente avançarmos e onde o Espírito quer que avancemos sem nos
apegarmos à nossa posição".
Uma
oportunidade de ter sido capaz de "viver esse desejo de abertura e o
desejo de buscar juntos", de continuar acreditando que "é possível
construir novidade nas pequenas coisas". Um caminho que continuará a dar
passos e o fará na medida em que continuarmos a caminhar juntos. É isso que é
sinodalidade, mesmo que a palavra em si seja complicada.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
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