A primeira
sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade está vivendo um
momento decisivo nestes dias: é hora de concretizar. Desde o início, insistiu-se
que este Sínodo é uma oportunidade para colocar a sinodalidade em prática, para
caminharmos juntos, mas não podemos negar que um avião não pode estar sempre
voando, que tem que chegar um momento em que ele aterrissa. Se demorar muito
para fazer isso, o risco de cair e todo mundo morrer se torna cada vez mais
evidente.
Um momento fundamental do discernimento comunitário
Enquanto se
aguarda a elaboração do Documento de Síntese, que deve ser o trabalho
fundamental durante a última semana, os círculos menores estão chegando ao
ponto culminante do discernimento comunitário, e para isso é necessário,
fundamental, decisivo, passar do eu para o outro, que é o exercício realizado
na segunda rodada do processo de discernimento comunitário, e assim chegar a
uma clareza absoluta do sentimento comum.
O módulo
B3, o quarto e último módulo do Instrumentum Laboris, tem como tema
"Participação, responsabilidade e autoridade" e busca refletir sobre
os processos, as estruturas e as instituições necessárias em uma Igreja sinodal
missionária. Um dos grandes desafios enfrentados pelo Sínodo sobre a
Sinodalidade é a mudança de estruturas, algo que algumas pessoas não gostam
muito. De fato, sentar-se em uma mesa redonda, como iguais, não é algo que
todos gostem.
Conversão pastoral para uma revolução estrutural
Essa
estrutura eclesial em que todos escutam, dialogam, não repreendem o outro
porque ele disse algo que não me agrada, especialmente se ele ou ela está
abaixo de mim na escada eclesiástica que formei em minha cabeça, é uma
revolução estrutural, que exige aquela conversão pastoral que Francisco vem
pedindo desde que lançou seu programa de pontificado na Evangelii Gaudium,
inspirado no Documento de Aparecida, do qual o então cardeal Bergoglio
coordenou o comitê de redação.
Essas
estruturas de articulação em todos os níveis da Igreja são uma das grandes
questões quando falamos de uma Igreja sinodal. É uma questão complexa e na qual
a Igreja terá que avançar com paciência, seguindo o tempo de Deus, se quiser
evitar cismas que, em vez de nos levar a uma Igreja sinodal, nos levem a uma
Igreja dividida, como já aconteceu em outros momentos da longa história do
cristianismo.
Concentrar-se, conectar posições e seguir em frente
Quando
conseguimos pensar a partir do "nós", quando permitimos que Deus
trabalhe e que o Espírito Santo esteja presente, é muito mais fácil nos
concentrarmos, conectarmos posições e seguir em frente. Não se trata apenas de
buscar o consenso, mas de chegar a pontos que façam com que todos se sintam em
paz, pois há a certeza de ter chegado aonde Deus esteve indicando ao longo do
caminho. Há um senso de pertencimento, um sentimento de que vale a pena seguir
em frente.
Nas
próximas horas, a Assembleia Sinodal enfrenta o desafio de reagir ao que está
sendo expresso pelos vários círculos menores, de não se perder em discursos
ideológicos preparados, que continuam a responder a interesses pessoais, locais
e de grupos de pressão, algo que é perceptível até mesmo nas perguntas das
coletivas de imprensa. Aí aumenta o risco de ruptura e é improvável que a
Assembleia Sinodal consiga aterrissar.
É hora de
escrever para chegar no concreto, o que é complexo, mas que será o que fará avançar
em um caminho sinodal que vai e quer ir muito além de outubro de 2024. É um
sonho, um sonho de outra Igreja, com espaço para todos e todas. Essa é a pista
de pouso. Esperemos que a Assembleia Sinodal, onde o piloto é o “nós”, a
encontre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário