A
Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, que está trabalhando no último
módulo do Instrumentum Laboris, que tem como tema "Participação,
responsabilidade e autoridade", refletiu nas últimas horas sobre o exercício
da autoridade, enfatizando, nas palavras de Paolo Ruffini, que "quem
exerce autoridade deve fazê-lo descalço".
Corresponsabilidade em todos os níveis da Igreja
O Prefeito
do Dicastério para a Comunicação destacou o impacto da oração pelos migrantes e
refugiados realizada na Praça de São Pedro na noite de quinta-feira. Ele também
enfatizou a necessidade da participação de todos aqueles que fazem parte da
Igreja no exercício da corresponsabilidade em todos os níveis da Igreja,
insistindo que "o bispo tem a última palavra, mas não a única".
Na mesma linha,
Sheila Pires, secretária da Comissão para a Comunicação do Sínodo destacou a
experiência na Sala Sinodal, o compromisso de erradicar o clericalismo entre o
clero e também entre os leigos. Com relação a todos os tipos de abuso, algo que
fez com que a Igreja perdesse a autoridade, foi enfatizada a necessidade de
exercer medidas de controle, algo em que a sinodalidade pode ajudar. Também
foram abordadas a necessidade de maior controle das estruturas financeiras, a
revisão do Código de Direito Canônico, o fortalecimento das estruturas sinodais
existentes, sem cair no parlamentarismo, e a necessidade de ver o ambiente
digital como território de missão, dada a necessidade de chegar às pessoas onde
elas estão, de encontrar tantos jovens que estão nas redes sociais.
Dois bispos e duas religiosas na coletiva de imprensa
Dois
bispos, Dom Gintaras Grušas, Arcebispo de Vilnius (Lituânia) e Presidente do
Conselho das Conferências Episcopais Europeias, e Dom Tarcisio Isao Kikuchi,
Arcebispo de Tóquio e Presidente da Caritas Internacional, e duas religiosas,
Mary Teresa Barron, da Irlanda, Presidente da União Internacional das
Superioras Gerais, e Houda Fadoul, da Igreja Católica Grega na Síria, foram
convidados para a coletiva de imprensa.
Mons.
Grusas destacou a importância da Etapa Continental no processo sinodal, uma
novidade na Europa, uma experiência que está ajudando na Assembleia Sinodal,
onde se insiste na importância da formação nesse modo de ser Igreja. Esse
trabalho em nível continental como Igreja e a compreensão de como funcionam as
estruturas eclesiais nesse nível é fundamental, assim como a necessidade de
conversão do coração, "chegamos com a nossa mentalidade e a partilha nos
ajuda a crescer, a mudar o nosso ponto de vista, a rever a nossa vida, é um processo
muito forte que nos permitirá crescer como Igreja".
Experimentando a unidade na diversidade
à Ir. Houda
Fadoul, que agradece ao Santo Padre, a quem define como um homem de oração,
pela iniciativa, a Assembleia Sinodal a ajudou a transmitir a experiência de
sua Igreja Greco-Católica às outras igrejas, afirmando que "estamos
experimentando a unidade e a diversidade", e que a partilha e a oração
ajudam a superar as dificuldades. Um caminho que ele espera que dê frutos para
a Igreja e para o mundo inteiro.
Uma
sinodalidade que tem muito a ver com a cultura, de acordo com o arcebispo de
Tóquio, que trabalhou como missionário na África. Em suas observações, ele
enfatizou que "nós, japoneses, não falamos muito, gostamos do silêncio,
que é fundamental, para nós é difícil nos expressarmos", o que torna a
experiência dos círculos menores, algo que ele diz estar funcionando, de grande
importância. Isso ajuda a experimentar a unidade na diversidade da Igreja
Católica, que é universal, afirmando que não se pode esperar que uma solução
funcione imediatamente para todos. "Sinodalidade não significa
uniformidade, sinodalidade significa caminhar juntos a partir de nossas
diferentes culturas", enfatizou, definindo a Caritas como uma organização
sinodal, envolvendo todos.
Sinodalidade a partir da experiência de vida
"Ninguém
lê o mesmo livro que o outro, cada um lê a vida a partir de sua própria
experiência", disse Ir. Barron. A religiosa irlandesa considera que sua
experiência missionária na África foi sua primeira experiência de sinodalidade,
uma nova Igreja, onde havia uma comunidade de fé muito forte. "Ouvíamos
uns aos outros, tomávamos decisões juntos", destacando como vantagem em
uma Igreja jovem o fato de que "as pessoas se aproximam da fé quando já
são adultas, tornam-se discípulos missionários de uma forma muito
consciente". Uma experiência que ela diz ter revivido nos círculos
menores, afirmando que o fundamental é decidir como viver a fé em comunidade e
agir concretamente. Na África, "decidíamos juntos e cada voz tinha o mesmo
peso, que é o que tenho experimentado nos círculos menores", insistindo
que é necessário escutar mais as igrejas mais jovens.
A vida
religiosa pode contribuir com a sinodalidade com "a maneira como vivemos
como pessoas consagradas no mundo", disse a irmã da Igreja Greco-Católica.
Ela vê como uma contribuição notável o testemunho que vem de seu relacionamento
com o Senhor, especialmente em momentos difíceis, quando as pessoas veem que
são levadas à oração, que estão ao seu lado e que são atendidas em suas
necessidades.
Por sua
vez, a Irmã Barron destacou o trabalho que está sendo feito pela União das
Superiors Gerais para que a Vida Religiosa possa se envolver no processo
sinodal, com muita formação, em colaboração com a Secretaria do Sínodo, porque
"é fundamental saber o que significa ser uma Igreja sinodal, como viver
essa experiência". Nesse sentido, referindo-se à sua congregação, "as
irmãs são convidadas a trabalhar nas paróquias", uma formação que também é
realizada on-line, o que permite ampliar o alcance, algo que ela também
considera sinodalidade, pois permite construir comunidade e adquirir
ferramentas para a missão.
Buscando ser Igreja de uma maneira diferente
Uma
assembleia em que um dos tópicos em pauta é o diaconato feminino, algo que está
sendo discernido. A esse respeito, a Ir. Houna Fadoul destacou sua experiência
como superiora de uma comunidade de homens e mulheres, enfatizando a
importância de cada pessoa, homem ou mulher, viver seu papel usando seus dons.
O Sínodo leva a uma discussão muito mais ampla, de acordo com o Arcebispo de
Vilnius, sem se concentrar em tópicos específicos e buscando viver a Igreja de
uma maneira diferente, com um diálogo melhor.
Para que a
Igreja sinodal avance, o Arcebispo Grusas disse que não devemos esperar que a
Santa Sé mude o Código de Direito Canônico, pois já existem ferramentas que possibilitam
mudanças, insistindo na necessidade de levar de volta para casa a experiência
da conversa no espírito que eles estão vivendo. Uma visão compartilhada pelo
arcebispo de Tóquio que, em seu retorno ao Japão, quer apresentar essa
modalidade sinodal para que as paróquias e dioceses mudem. A partir daí, ele
insistiu que os países asiáticos são bastante clericais, por isso é necessário
envolver os leigos nos processos de tomada de decisão da Igreja e procurar
maneiras de fazê-lo, levando em conta sua situação e dificuldades concretas.
Mas, acima de tudo, introduzir a hospitalidade própria da cultura asiática nas
paróquias, ser uma Igreja que acolhe a todos, onde as pessoas podem entrar para
falar sobre suas vidas.
"Se
crescermos em sinodalidade, então o Sínodo terá dado frutos, mas o Sínodo não
está tentando tomar decisões", enfatizou o Arcebispo de Vilnius, afirmando
que não há nada de concreto por parte da Secretaria do Sínodo e que o processo
é mais importante do que as conclusões. Uma opinião também compartilhada pela
irmã da Igreja Greco-Católica, para quem "o mais importante é a
metodologia que estamos aprendendo, aprendendo a escutar o outro".
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