sábado, 21 de outubro de 2023

Uma Síntese profunda, honesta e clara do Sínodo para que ninguém pule do barco


O desafio a ser enfrentado nos próximos dias é captar de forma profunda, honesta e clara o processo vivido pelo Sínodo da Sinodalidade. Para isso, a Secretaria do Sínodo previu a elaboração do que foi chamado de Documento de Síntese, insistindo que "será breve e estará a serviço de um processo que continuará, será um texto de transição que conterá os pontos de consenso e aqueles em que não houve acordo", bem como as questões em aberto a serem respondidas.

Um instrumento para avançar

As palavras de Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé e presidente da Comissão de Informação do Sínodo, em uma das últimas coletivas de imprensa, um dos poucos canais pelos quais se sabe alguma informação sobre o que está acontecendo na Sala Sinodal, enfatizam que "a Síntese não é um Documento Final e nem o Instrumentum Laboris da próxima assembleia" e terá uma redação simples.

A questão é como isso tomará forma e que impacto poderá ter na vida da Igreja universal nos próximos meses, bem como até que ponto será um incentivo para que os católicos de todo o mundo continuem envolvidos em um processo que, não nos esqueçamos, está longe de terminar, pois durará pelo menos até outubro de 2024, quando ocorrerá a segunda sessão da Assembleia Sinodal, que começou em 4 de outubro.



Sem novas contribuições, a sinodalidade perde sua riqueza

Esse é um ponto decisivo, pois se não houver novas contribuições das igrejas locais nos próximos meses, o Sínodo será reduzido a uma reflexão de um pequeno grupo. No final das contas, 365 membros, sem subtrair a importância daqueles que estão participando como tais na Assembleia Sinodal, é um número muito distante de todos os católicos, e sinodalidade significa caminhar juntos, todos nós. Na medida em que conseguirmos nos aproximar dessa totalidade, a sinodalidade se enriquecerá cada vez mais.

Não podemos esquecer que uma das grandes riquezas do atual processo sinodal, algo que já pôde ser experimentado no Sínodo para a Amazônia, são as múltiplas contribuições que são fruto de um processo de escuta que reuniu uma diversidade cultural e eclesial que nos ajudou a entender melhor o que significa catolicidade. Como Dom Tarcisio Isao Kikuchi, Arcebispo de Tóquio, destacou em uma coletiva de imprensa, "sinodalidade não significa uniformidade, sinodalidade significa caminhar juntos a partir de nossas diferentes culturas".

Abrir horizontes

Mas, para isso, é decisivo reunir a riqueza da diversidade e propor elementos nos quais aqueles que terão esse Documento de Síntese em suas mãos se verão refletidos, sabendo, como disse o próprio bispo japonês, que não se pode esperar que uma solução funcione imediatamente para todos. O que ajudará a manter muitos no barco é abrir horizontes que permitirão o próximo passo, que é de grande importância, uma recepção esperançosa nos próximos meses por parte daqueles que, em suas Igrejas locais, estão atentos ao que está acontecendo na Sala Paulo VI.

Sem devolver ao povo de Deus, sujeito fundamental de uma Igreja sinodal, cujo modo de ação é a circularidade, os frutos e os progressos alcançados, estando aberto a todas as contribuições que possam surgir, o processo se esvaziará. Daí a importância de um Documento Síntese que consiga envolver todos na preparação da segunda sessão da Assembleia Sinodal, que deve ser o ponto culminante dessa reforma eclesial, que só será tal se for vista como fruto do discernimento comunitário de toda a Igreja.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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