Compreender
uma diversidade que nos enriquece, que não é uma ameaça, é um dos
grandes desafios em uma sociedade, também em uma Igreja onde o diferente é
quase sempre visto como uma ameaça. Fazer isso é ser discípulo, pois não nos
esqueçamos de que a atitude de Jesus era a de se relacionar com todos, mesmo
com aqueles que eram diferentes, com os proscritos, incluindo as mulheres e os
samaritanos.
Sempre dispostos a abraçar
No encontro
de Jesus com a mulher samaritana, uma cena que ilumina a reflexão do Módulo B1,
que está sendo trabalhado nestes dias pela Assembleia Sinodal, aparece a
atitude do Senhor que nos questiona e deve nos levar a refletir sobre como
nos aproximamos dos outros, se "com as unhas" para atacar, ou com os
braços abertos para abraçar.
A Assembleia
Sinodal está mudando de cara, pode-se ver isso nas atitudes daqueles que
chegam à sala sinodal, dispostos em mesas redondas na Aula Paulo VI do
Vaticano, mas também se pode ver isso nos momentos que antecedem o início dos
trabalhos. Nós, jornalistas, conseguimos entrar no momento da oração e, da
posição que ocupamos, podemos ver os participantes da Assembleia em sua
totalidade.
Aos poucos,
a formalidade, até mesmo na maneira de se vestir, foi se perdendo, as pessoas
estão ganhando confiança, as saudações deixaram de ser formais e se tornaram
mais fraternas. Ouvem-se risadas, provavelmente como resultado de piadas ou
comentários que alegram o coração daqueles que veem no outro um companheiro,
um companheiro de caminho, com quem construir juntos a Igreja sinodal que o
Papa Francisco indica e da qual todos nós precisamos, embora alguns
insistam em negá-la, embora alguns a enfrentem com toda a força e com
artimanhas vis e desonestas.
Comunidades com um lugar para os "indesejáveis"
Voltando à
cena do Evangelho, em que aquela mulher de um povo indesejável e de uma vida
supostamente questionável diante de um olhar sem misericórdia, podemos
dizer que é ela quem liberta Jesus. Isso nos desafia como Igreja, ainda mais se
quisermos apostar em uma Igreja sinodal. A grande questão é se essas pessoas
têm lugar em nossas comunidades eclesiais, que devem ser a presença de uma
Igreja que quer ser expressão de comunhão, que é o grande tema do Módulo B1, de
unidade na diversidade, uma Igreja que não é para os saudáveis, mas para os
doentes, também de espírito, que precisam recuperar uma dignidade que lhes foi
negada.
É com essas
pessoas que nós batizados e batizadas, a Igreja sinodal, devemos ser um
instrumento de unidade para toda a humanidade, algo que a pergunta que orienta
esse módulo nos leva a refletir. Para isso, cinco temas diferentes serão
discutidos nas comunidades para o discernimento, nos círculos menores ou,
para resumir, nas mesas redondas, pois este é o "Sínodo das mesas
redondas": serviço de caridade, compromisso com a justiça e cuidado com a
casa comum; encontro entre amor e verdade; troca de dons entre as igrejas;
compromisso ecumênico; e diálogo com culturas e outras religiões.
O tempo de
teste já passou, as mesas redondas, nas quais desde ontem houve algumas
mudanças, estão marcando o objetivo, indicando o caminho para ser uma Igreja
sinodal. Um caminho que será mais fácil e mais suportável na medida em que a
escuta for honesta e profunda, se for descoberto que, na voz do outro, da
outra, as mulheres têm uma delicadeza diferente que sempre ajuda, Deus nos
fala, se faz presente em nossas vidas de batizados e batizadas, e no caminho de
uma Igreja que deve ser comunhão, na qual deve ser cada vez mais fácil
passar do eu para o nós, escutar a voz que vem das periferias.
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