Acreditamos num
Deus encarnado, que se faz gente, que faz opção preferencial pelos pobres, por
aqueles que a sociedade descarta, por aqueles que não contam. Diante duma
sociedade que nega os direitos fundamentais a boa parte da população, temos que
nos questionar o que estamos dispostos fazer, também como homens e mulheres de
fé.
Lutar por
direitos, lutar por terra, teto e trabalho, um chamado do Papa Francisco,
assumido pela 6ª Semana Social Brasileira, que está realizando de 20 a 22 de
março em Brasília seu Mutirão Nacional, tem que ser uma preocupação, uma
situação diante da qual não podemos virar a cara, não podemos olhar para o
outro lado. Na medida em que o compromisso é comum, os frutos são mais
abundantes.
Diante do empenho
de se fechar dentro dos templos, de ignorar os problemas que fazem parte da
vida do povo, a Igreja nos oferece instrumentos que nos ajudam a tomarmos
consciência de nos encarnarmos na realidade. A Campanha da Fraternidade é um
claro exemplo, procurando ano após ano fazer realidade uma Igreja em saída, que
vai ao encontro de problemáticas que precisam ser refletidas, enfrentadas,
combatidas, superadas.
Quem se posiciona
contra essas tentativas deve refletir sobre sua fé no Deus encarnado, que não
podemos esquecer é fundamento do Deus cristão. Um Deus que em Jesus Cristo se
faz companheiro de caminho e que nos desafia a acompanhar a caminhada daqueles
que mais sofrem, daqueles que são privados dos direitos fundamentais, uma
atitude sempre presente na vida de Jesus, aqueles de quem nos dizemos
discípulos e discípulas.
Somos chamados,
segundo o Papa Francisco disse aos participantes do Encontro Nacional da 6ª
Semana Social Brasileira, a um compromisso que nos leve a “derrubar os muros do
descarte e da indiferença, acompanhando os mais pobres e carentes dos direitos
básicos em sua luta por terra, moradia e trabalho”. Um argumento mais do que
válido para ir além daquilo que acontece dentro do templo, para não ficarmos
numa Igreja de sacristia.
O cristianismo se
concretiza quando nos comprometemos em vista de uma nova economia, quando
fomentamos os valores democráticos que permitam fazer realidade uma sociedade
onde todos e todas têm voz e vez, onde as decisões são tomadas com a verdadeira
participação popular”.
Sejamos gente que
em seu compromisso vai ao encontro dos outros, pessoas que não ficam
indiferentes, que abrem os olhos para enxergar Jesus naqueles que são vítimas
das injustiças sociais. Um compromisso a ser assumido por todos aqueles que se
dizem gente, ainda mais por quem diz ter fé no Deus que em Jesus Cristo se faz
carne. Nisso também temos que nos converter, pessoalmente e como Igreja, e a
Quaresma é uma boa oportunidade para avançar nesse caminho de conversão.
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