A Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil está realizando de 10 a 19 de abril a 61ª
Assembleia Geral, tendo como tema principal a elaboração das Diretrizes para a
Ação Evangelizadora. Na semana passada, a gente questionava se interessa ao
povo o que a Igreja diz, e hoje seria bom se perguntar se interessa à Igreja o
que o povo diz.
Como elemento
importante de uma Igreja sinodal, de uma Igreja que promove que todos os
batizados e batizadas caminhem juntos, é proposto a necessidade da escuta. Daí
a pergunta que a gente formula sobre se a Igreja está interessada naquilo que o
povo diz, naquilo que o povo vive, naquilo que sustenta a caminhada de fé de
todos e todas os batizados.
Como a Igreja
escuta, a quem a Igreja escuta, para que a Igreja escuta? O desafio é escutar
com atenção, escutar a todos e todas, também àqueles que não fazem parte das
comunidades e escutar para levar em conta aquilo que o povo está falando, como
instrumento decisivo que ajude a avançar no caminho da evangelização.
Durante a
assembleia, os jovens demandaram maior escuta, maior atenção, eles disseram aos
bispos que querem que a Igreja os tenha mais em conta. É um grito que tem a ver
com o futuro da Igreja, mas também com o presente, com a própria vida da
Igreja, que precisa a força da juventude para continuar se revitalizando
constantemente.
Um clamor que
também chega do lado feminino da Igreja, das mulheres, daquelas que sendo a
grande maioria nas comunidades, ainda são colocadas muitas vezes em segundo
plano, como batizadas com direitos inferiores àqueles que tem os homens. Não
escutar e tomar em consideração a voz das mulheres irá enfraquecendo cada vez
mais a Igreja e os processos evangelizadores que nela acontecem. Pode servir
como exemplo dessa força feminina na evangelização o fato de ter sido 18 as
catequistas que receberam o ministério durante a Assembleia da CNBB, enquanto
tinha só um catequista homem.
Escutar o povo vai
fazer com que todos e todas os batizados se sintam plenamente envolvidos nos
processos de evangelização, que seja assumido com maior entusiasmo aquilo que é
proposto como caminho a seguir pela Igreja do Brasil. Penetrar na vida do povo,
somar forças sempre é um desafio, o maior dos desafios para quem anuncia o
Evangelho e pretende que essa Boa Notícia penetre na vida de cada pessoa.
Escutar com calma,
sem preconceitos, se esforçando por descobrir os sinais de Deus presentes em
cada pessoa, em cada realidade, também no meio daqueles que vivem nas
periferias geográficas e existenciais. Quando a gente escuta, nossa voz também
é escutada com maior atenção, quando a gente escuta nossa capacidade para
responder às necessidade dos outros aumenta, quando a gente escuta nos
aproximamos daqueles que colocam sua vida em suas palavras e esperam que seus
sentimentos ecoem em nossos corações, no coração da Igreja.
Sem medo de escutar e sem condicionar a palavra dos outros, demos os passos que como Igreja nos ajudem a que nossa evangelização possa transformar a vida de cada pessoa, a vida de uma sociedade que precisa de Deus e quer encontrar o caminho para chegar até Ele. 7
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