domingo, 14 de maio de 2023

Dom Leonardo: “O Evangelho nos apresenta uma espécie de testamento de Jesus. O testamento é o amor!”


Lembrando que na liturgia caminhamos para a despedida de Jesus com a Solenidade da Ascensão, iniciou o cardeal Leonardo Steiner sua homilia do 6º Domingo da Páscoa. Um Jesus que mostra “na despedida a garantia de que não nos deixa órfãos”. Segundo o arcebispo de Manaus, o Evangelho nos apresenta uma espécie de testamento de Jesus. Aos discípulos, inquietos e assustados, Jesus promete o ‘Paráclito’. Será o Espírito Santo a conduzir a comunidade cristã em direção à verdade; e levá-la a uma comunhão cada vez mais íntima com Jesus e com o Pai. Dessa forma, a comunidade será a ‘morada de Deus’, como ouvimos na liturgia do domingo passado e ela dará testemunho da salvação que Deus oferece”.

Citando o texto evangélico: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos”, Dom Leonardo insistiu em que “o testamento é o amor! O amor que desperta para os mandamentos que visibilizam a relação nova e renovadora. O amor oferecido, a dinâmica na qual somos convidados a ingressar é o amor que Jesus demonstrou por nós”, refletindo sobre o amor de Jesus com as palavras de Guilherme de Saint-Thierry.

O arcebispo insistiu em que “somos convidados a amar, mas amar como Jesus nos amou, e no seu amor guardar os mandamentos que nos deixou”, algo que aparece no texto do Evangelho, e na reflexão de São Bernardo de Claraval, sobre a importância de guardar a Palavra de Deus. Dom Leonardo destacou “como nos encanta as palavras de Jesus ao nos dizer que viver o mandamento do amor atrai o Espírito Santo. Jesus nos envia o Paráclito o Defensor que permanecerá sempre conosco. Não é comovente percebermos que ao nos deixarmos mover e direcionar pelo mandamento do amor atraímos o Espírito Santo? O Espírito nos indica o ponto de partida da nossa vida”, citando as palavras do Papa Francisco em que fala sobre a dinâmica do amor.



Insistindo em que “Jesus no amor o ‘Paráclito’, permanece sempre conosco”, o cardeal explicou o que esse “Paráklêtos” significa: “o advogado, auxiliar, defensor, o consolador, o intercessor. Mais perceptivelmente consolador!”. Dom Leonardo disse que “enquanto esteve os discípulos, Jesus ensinou, guiou, orientou, os protegeu e defendeu O Paráclito, o consolador que Jesus enviará é o Espírito Santo, pois na tentativa de viver o mandamento do amor, o Espírito Santo estará com eles, os guiará, os fortificará, transformará, os firmará na fé a ponto de darem a vida pelo Evangelho. Será Consolo!”, algo em que insiste o Papa Francisco que nos chama a dar testemunho no Espírito Santo.

O presidente do Regional Norte1 da CNBB, afirmou que “o Espírito ensinará e cuidará dos seguidores, seguidoras, discípulos e discípulas de Jesus. O Espírito conservará a memória da pessoa e dos ensinamentos de Jesus, iluminando os discípulos a interpretar os ensinamentos diante dos novos desafios. O Espírito será a segurança dos discípulos; será guia, defensor, aclarador ao enfrentarem as contrariedades e as hostilidades. O Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não vê, nem o conhece”, citando o texto que diz: “Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e estará dentro de vós”.

Em palavras do cardeal Steiner: “o Espírito conduz a comunidade dos seguidores e seguidoras na missão, na elucidação dos novos desafios e manifestações que a realidade apresentar. E na sua historicização a comunidade dos fiéis será iluminada pela verdade e pela liberdade. Contemplando a história da Igreja vemos que é o Espírito Santo, o Paráclito a conduz. E conduzirá até o fim dos tempos. O Defensor permanecerá sempre na Igreja. Ele permanece junto de nossas comunidades e estará em nós!”.

Com as palavras de Jesus: “Não vos deixarei órfãos!”, Dom Leonardo lembro que “não nos sentiremos órfãos ao vivermos do amor e o Espírito permanecer junto de nós e estar dentro de nós. Com Ele em nós não nos sentiremos a privação: desamparados, carentes, separados, desiludidos, perdidos, desprezados, na orfandade. Ele, no aquecimento do amor, na proximidade do consolo, na elucidação da verdade, na graça da fé, firma na pertença como filiação do Pai, como fraternidade do Filho. Jamais sós, jamais abandonados! Mesmo nas maiores dificuldades, nos desacertos e contradições, o Espírito a nos guiar, iluminar e aquecer”.



Segundo o arcebispo de Manaus, “a orfandade pode levar a uma verdadeira degradação nas relações”, uma afirmação que ele iluminou com as palavras do Papa Francisco em que reflete sobre a degradação das pessoas, da terra e do próprio Deus. Diante disso, “o Espírito que em nós está e nos vivifica, vence a nossa orfandade, une não separa. Nosso pertencimento, a nossa relação de proximidade e de cuidado que o Espírito nos oferece supera a orfandade”, insistiu o cardeal.

“O Espírito nos liberta da orfandade, ele nos consagra e insere na vida e comunidade de fé”, disse Dom Leonardo, lembrando que “na primeira leitura em Atos dos Apóstolos, os samaritanos receberam a graça do conhecimento de Jesus. Foram plenamente inseridos na força do Evangelho pela imposição das mãos e a invocação do Espírito Santo por Pedro e João”.

Segundo o cardeal, “é pela ação do Espírito Santo que somos levados a dar a razão da nossa esperança, como nos dizia Pedro na segunda leitura. Diante das dificuldades, diante da difamação, diante da morte, do sofrimento, deixar-se guiar pelo Espírito da mansidão, do respeito, da justiça, da bondade. O Espírito que nos concederá a graça de ‘sofrer praticando o bem, se esta for a vontade de Deus, do que praticando o mal’”, lembrou Dom Leonardo.

O cardeal encerrou suas palavras com uma oração de Guilherme de Saint-Thierry, lembrando que “no domingo que a Palavra de Deus nos indica o caminho do Amor que o Espírito Santo desperta em nós, lembramos das nossas mães. Vivas e falecidas! A elas nossa gratidão e oração. A elas a bondade e a retidão recebidas”, o que o cardeal fez com um poema por título “Gratidão”.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1


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