quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Nos fecharmos em ideologias gera polarização e nos afasta dos outros


Nos fecharmos dentro de nós mesmos, de nossos pequenos círculos e grupos, de nossas ideias é algo cada vez mais presente em nossa sociedade. São atitudes que nos polarizam, que nos enfrentam com os outros, que nos levam a ver o outro como um inimigo. Resulta surpreendente ver em diversos lugares de Manaus cartazes pedindo um plebiscito sobre a pena de morte, algo que tem que nos levar a refletir sobre os rumos que estamos tomando como pessoas.

No caso dos cristãos, esse chamado é ainda mais forte. O Papa Francisco na catequese de ontem, disse que “os cristãos fechados terminam sempre mal, pois não são cristãos, mas ideólogos, ideólogos do fechamento. O cristão deve ser aberto no anúncio da palavra e no acolhimento dos irmãos e irmãs”.

A sociedade, o Reino de Deus, um mundo melhor para todos se constrói na medida em que estamos dispostos a nos abrirmos aos outros, também àqueles que são diferentes, que pensam diferente. A diversidade é uma premissa fundamental se queremos caminhar juntos, se não pretendemos nos fecharmos em nossas fortalezas que nos levam a pensar que somos melhores do que os outros.

O que eu estou disposto fazer para isso? Quais passos eu estou disposto dar para chegar até o outro e descobrir nele a presença de um irmão, de uma irmã? Como deixar de lado os preconceitos que me afastam das pessoas, que me levam a vê-las como inimigas? O que está faltando na minha vida cristã, como discípulo e discípula de Jesus para assumir suas atitudes no meu relacionamento com os outros?



O Batismo, que era o tema da catequese do Papa Francisco, tem que fazer de nós homens e mulheres que olham a vida de um modo diferente. Somos chamados a refletir, a pensar, a encontrar novos caminhos, a construir uma sociedade mais aberta, mais humana, mais cristã, com menos ideologias que nos levam a nos fecharmos em nós mesmos.

O cristianismo não é e nunca pode ser uma ideologia, o cristianismo é uma religião prática, que se concretiza na caridade, que é a realização prática do amor. Movidos pelo amor, somos capazes de viver a fraternidade, de enxergar naquele que é diferente a presença de alguém que nos enriquece, que nos ajuda a crescer como pessoas. Para o cristão ninguém deveria ser um inimigo.

O grande desafio é mudar uma sociedade onde a polarização e a violência têm tomado conta da vida das pessoas. Nos custa nos relacionarmos com os outros sem desconfiança, olhar para eles com sentimentos fraternos. Mas isso tem que mudar, o Papa Francisco nos faz um chamado a isso, e nós temos que assumir essa proposta como algo inadiável.

Pensemos naqueles que de diferentes modos fazem parte da nossa vida, e aprendamos a olhar para eles com o olhar de Jesus, com a misericórdia de Deus. Só assim para poder acolher a todos e todas de verdade e aprender a descobrir neles a presença de um irmão, de uma irmã, que me ajuda a ser gente de verdade.



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Nenhum comentário:

Postar um comentário