Querendo
conhecer as comunidades da diocese de São Gabriel da Cachoeira, que ele
considera a primeira missão que a Igreja lhe confiou, Dom Raimundo Vanthuy
Neto, que neste domingo 11 de fevereiro iniciou seu ministério episcopal na
Igreja do Rio Negro, visitou nesta segunda-feira a comunidade indígena da Ilha
Duraka, onde moram diversos povos da região, que prepararam uma acolhida com
todo capricho e detalhe, com uma delicada ornamentação, liturgia e alimentos
típicos da região.
Conhecer
para devagarzinho ir colocando esse povo no coração, um coração pequeno, mas
que tende a crescer, disse o bispo. Dom Vanhuy pediu caminhar em sinodalidade,
fazer as coisas juntos, insistindo em que o bispo não consegue fazer nada
sozinho.
A presença
de Jesus é garantia de que as coisas são bem-feitas, de que as coisas dão
certo, de que aquilo que necessitamos nos é dado, ressaltou Dom Raimundo
Vanthuy Neto, afirmando que “sua presença indica que ele faz a gente descobrir o
que é realmente necessário para nossa vida”. Jesus trabalha a confiança na
providência disse o bispo, citando Santa Teresa de Jesus: “Nada te perturbe,
nada espante você, quem com Deus anda nada lhe falta. Basta Deus”, insistindo
em que “se andas com Deus, Ele saberá o que é bom e necessário para sua vida”,
e que “com Jesus, nós ficamos livres das grandes preocupações”.
Frente a
isso, Dom Vanthuy disse que algumas vezes a gente quer dizer para Deus o que é bom
para nós. Ele assume isso como primeira palavra para o bispo de São Gabriel: “se
colocar totalmente nas mãos de Deus”, dizendo que em sua nova diocese, Jesus
vai dar o jeito dele, “porque se ele me chamou para andar com ele, ele vai dar
o jeito dele”, animando a todos a viver dessa promessa, dessa graça, desse dom.
Dom
Evaristo Spengler, bispo de Roraima, a diocese onde Dom Vanthuy viveu seu
ministério presbiteral, lembrou os muitos serviços que ele assumia naquela
diocese, que “ele fazia bem, fazia com o coração, com a alma, com todo seu ser”,
insistindo Dom Evaristo em que “assim ele vem para cá agora, ele vem inteiro
para servir a esse povo”, como “alguém que vem com amor aos nossos povos indígenas,
ao nosso povo desta terra, alguém que vem a dar continuidade aquilo que está no
coração do Papa Francisco, que convocou um Sínodo para a Amazônia e quer que a
Igreja seja encarnada dentro da realidade que está o nosso povo, para que ajude
esse povo a cada vez mais descobrir Jesus Cristo, caminhar na luz do Evangelho
e ouvir os apelos”.
O bispo de
Roraima insistiu em que “quem está buscando seguir Jesus Cristo, ele sempre vai
ter a luz do Espírito Santo, e sempre vai ter o povo que é esse leme que ajudar
a dizer por aqui ou por aqui, caminhar juntos como diz o Papa Francisco”. Ele
agradeceu a Dom Edson Damian, alguém que sempre levou a causa dos povos
indígenas para os encontros dos bispos, “pelo seu trabalho, pelo seu amor, pela
sua contribuição que deu em toda essa reflexão de Igreja como uma Igreja cada
vez mais com rosto amazônico”. Finalmente, o bispo pediu ao povo acolher com o
coração, com a generosidade, Dom Vanthuy, insistindo em que a Igreja é católica
e pensa no bem da evangelização em todo o mundo, querendo sempre formar
comunhão.
Dom Edson
Damian, bispo emérito de São Gabriel da Cachoeira, lembrou a seu sucessor o
conselho recebido de Dom José Song, seu predecessor: “primeiro, aqui precisa
ter paciência, segundo muita paciência, terceiro, nunca perder a paciência”,
algo que ele disse ter experimentado desde que ele chegou em suas viagens pelos
rios da diocese. Em uma diocese pobre, Dom Edson destacou que nunca faltou
nada, “aqui a gente aprendeu a viver com o estritamente necessário, os povos
indígenas ensinam a gente a viver na sobriedade, nas poucas coisas. Quando se
reparte não falta para ninguém”. Ele insistiu em que “a gente aprende a viver com
a simplicidade, com a pobreza, e a gente aprende com o testemunho de fé”.
Povos
indígenas que acreditam em Deus, segundo testemunhou o catequista da
comunidade, que vão aprendendo pouco a pouco conteúdo da religião e da
espiritualidade, “conhecer a verdade, o amor da nossa comunidade”, insistindo
em que “a comunidade para nós vem de Deus”. O senhor Hermelindo pediu “abrir
nosso coração para desde nossa fé acreditar mesmo, de verdade”, para permanecer
firmes na fé, “por que fomos batizados em Cristo”. Ele enfatizou o fato de
serem indígenas e o sentimento de ser índios em sua comunidade, pedindo abrir
seu coração para Deus, insistindo em que “o que Dom Vanthuy vai trazer para nós
é amor, não dinheiro, viver como irmãos e irmãs em nossa comunidade”.
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