Os fenómenos
climáticos extremos se tornaram costume. Cada vez são mais frequentes as secas,
as grandes enchentes, os ciclones, as chuvas torrenciais, e tantas situações
que acaparam os noticiários cada dia. O que está acontecendo no Rio Grande do
Sul é mais um capítulo de uma realidade que se tornou comum no Planeta Terra.
A pergunta é até
que ponto essas situações nos levam a refletir, a sentir a necessidade de mudar
nosso comportamento com relação à natureza. Somos desafiados a nos
questionarmos sobre as repercussões práticas daquilo que Papa Francisco chama
ecologia integral, uma proposta explicitada na Laudato Si, a primeira encíclica
ecológica do Magistério Pontifício, que nos próximos dias completa nove anos de
vida.
O custo está sendo
muito alto, principalmente pelo elevado número de vítimas destas catástrofes
naturais. Ao alto número de falecidos e desaparecidos, evidentemente as vítimas
principais, podemos somar aqueles que perderam tudo, às vezes os frutos do
trabalho de toda a vida. Mas também aqueles que irão sofrer transtornos psicológicos
por longo tempo.
Não podemos negar
que esses fenómenos são consequências da falta de cuidado, das escolhas erradas
que a humanidade, sobretudo os detentores do poder político e económico, vem
fazendo nas últimas décadas. Escolher o lucro em vez do cuidado tem sido um caminho
claramente errado, que deve levar a uma reflexão séria. Na medida em que a
humanidade, ou para melhor dizer, aqueles que tem em suas mãos as decisões na política
e no modelo económico, não perceberem a necessidade de uma mudança radical, a
situação vai piorar até chegar num ponto sem retorno.
A solidariedade
diante da atual situação é uma prioridade urgente, mudar o modelo social e
económico é uma necessidade inadiável. Sem solidariedade o sofrimento iminente
aumentará, sem uma mudança de modelo, esse sofrimento será algo crônico, que
marcará a vida de milhões de pessoas, provocando situações dramáticas na vida
de muita gente.
Todos somos
desafiados a encarar uma situação que não vai ser resolvida com panos quentes.
A busca por soluções tem que ser uma tarefa comum, que exige mudanças radicais,
sobretudo no modelo económico, na forma de se relacionar com o meio ambiente,
no modo de cuidar da casa comum. Não podemos ficar em sentimentos, somos
desafiados a novas práticas. Sem isso, os desastres continuarão, cada vez com
piores consequências.
É tempo de ajudar,
de rezar, de nos conscientizar, mas sobretudo tempo de novos modos de vida, de
uma conversão radical, que nos leve a descobrir que sem cuidado, a vida da
humanidade e a sobrevivência do Planeta será cada vez mais difícil. A mudança é
urgente, tem que ser para hoje, o Planeta não tem como esperar mais.
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