Na última
terça-feira, 09 de julho, foi publicado o Instrumento de Trabalho da Segunda
Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que será realizada
em Roma de 02 a 27 de outubro de 2024. Numa sociedade marcada cada vez mais
pela polarização, uma atitude também presente na Igreja católica, o Papa
Francisco quer que os católicos aprendam a caminhar juntos, na escuta, no
diálogo, na diversidade.
A diversidade nos
enriquece, mas vivemos numa sociedade e numa Igreja onde aceitar e respeitar os
modos diferentes de pensar e agir se torna cada vez mais difícil. Queremos
impor nossas ideias, nossas propostas, nossas formas de vida, nosso modo de
viver a fé em Deus, desprezando àqueles que escolhem caminhos diferentes, mesmo
que eles sejam válidos e lícitos.
A publicação do
Instrumento de Trabalho da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre
a Sinodalidade tem provocado diversas reações, que nascem do fato de não
encontrar na proposta de trabalho, algumas temáticas que essas pessoas
consideram que tem que ser abordadas.
A proposta do Papa
Francisco vai além das temáticas e tem a ver com as atitudes, com o modo de
fazer as coisas, com as atitudes que temos para com as pessoas. O fundamento da
Igreja tem que ser caminhar juntos, ser comunidade, poder nos sentarmos juntos e
escutar, dialogar, avançar juntos no mesmo caminho. Quando essas atitudes são
garantidas, se faz possível discutir temáticas, quando isso não é possível, não
adianta colocar qualquer coisa em debate.
O debate avança
quando podemos falar com franqueza, quando sabemos que o outro está disposto a nos
escutar e assumimos a necessidade de escutá-lo igualmente, quando a opinião
divergente não fere e nos leva a refletir, a aceitar que a postura diversa pode
ser o caminho a seguir por todos e todas. Ter atitudes fraternas, ver no outro,
na outra, um irmão, uma irmã, e não adversários, são elementos que deveriam
estar presentes na Igreja e assim essas atitudes se tronar testemunho para um
mundo enfrentado e dividido.
O desafio é
grande, ainda maior quando nos achamos cheios de razão, donos da verdade,
quando olhamos para os outros com suspeita, com desprezo, com ares de
superioridade. São essas as atitudes presentes naqueles que querem impor o
caminho a ser seguido na sociedade e na Igreja católica. Pessoas que,
independentemente de seu pensamento, se empenham em dizer como é que todo mundo
deve caminhar.
Nunca podemos
esquecer que juntos chegamos mais longe, que a presença dos outros anima a
caminhada, que encontrar uma mão, um ouvido, um olhar, é algo que sempre nos
fortalece. Sintamos a necessidade de caminhar juntos, de procurar caminhos
comuns, de ser Igreja sinodal, de deixar que o tempo de Deus marque o momento
certo para encarar os desafios, as temáticas.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 - Editorial Rádio Rio Mar
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