sábado, 14 de dezembro de 2024

Hugo Barbosa Alves ordenado presbítero para a Igreja de Manaus: “Um presbítero para os outros, para a comunidade”


A Igreja de Manaus se alegrou na manhã do sábado 14 de dezembro com a ordenação presbiteral de Hugo Barbosa Alves. Uma ordenação que pede e exige “chamado, resposta, caminho percorrido, aceitação da Igreja”, segundo lembrou o arcebispo local, cardeal Leonardo Ulrich Steiner.

Nas leituras proclamadas, ele destacou que estão “a nos iluminar para sermos participantes da invocação do Espírito Santo”, ressaltando o “admirável o cuidado de Deus para com cada um de nós.” Segundo o arcebispo, “Ele nos conhece, isto é, nos ama, antes de vir à luz, no ventre de nossa mãe. Antes de sairmos do ventre fomos consagrados para ser profeta entre as nações. Profetas e profetisas da benevolente presença de Deus entre e no meio da humanidade, no universo. As vocações, os ministérios que recebemos na Igreja são um chamado, uma escolha. Não nos pertence, se recebe como um toque sagrado que percute toda a vida. Faz vibrar e tonifica uma vida inteira.”

Um chamado pessoal, um tu a tu”, disse o cardeal, lembrando o texto bíblico: “eu te consagrei e te fiz profeta”. Ele lembrou que “formamos um povo de profetas e profetisas, mas cada um recebeu o chamado, a palavra, a escolha a predileção de um relacionamento único e próprio; cada um recebeu a brasa do amor-Palavra e a Palavra para ser anunciada como vida plena.”



O arcebispo de Manaus sublinhou que “os ministérios que recebemos são um chamado, uma vocação, por isso, o ministério ordenado é um chamado que pede uma resposta”, citando o texto bíblico: “Respondi: Ah, Senhor Deus, eu não sei falar, sou apenas um menino.” Segundo ele, “essa resposta que em muitos momentos pensamos ser incapazes, impossibilitados de plenificar. Aquela percepção de que talvez, não seja, que pode não ser, que pode ser uma miração, que não temos os dons, as virtudes necessárias”, tendo a resposta do Senhor que anima a seguir adiante.

‘É Ele que chama e envia. Chama e envia concedendo benevolamente as palavras e os gestos do dizer, do indicar os caminhos. Mas também é Ele que que insiste e diz: ‘Não tenhas medo, estou contigo’. E as palavras do anúncio e da denúncia foi Ele que colocou na boca do chamado e enviado”, disse o arcebispo.

“Sim, quando a Palavra do Senhor estende a mão e toca os lábios de nossa existência, torna-se irresistível, atrativo e envio. Verdadeiramente não mais meu, tudo, todo teu! Ao receber a palavra, fazer dela o alimento, tudo se transforma, fortifica, clareia, ilumina. Ele Palavra no meu ser, o meu ser feito Palavra! Quando a Palavra se faz um e perpassa todo ser, descobre-se o tesouro. O coração fica entesourado! Um coração entesourado que não resiste e sai a anunciar, frutificar, testemunhar. Um presbítero para os outros, para a comunidade na Igreja. Tudo iluminado pelo chamado para uma participação sempre maior no magnífico e encantador mistério do Reino de Deus”, refletiu o cardeal.



Ele lembrou as palavras de Paulo aos Efésios, que falam que “o chamado, o ministério para o bem de todo o corpo de Cristo, para possibilitar a todos terem a estatura e a plenitude de Jesus Cristo. Todos possam chegar à plenitude da cristidade.” É por isso que “esse chamado, esse ministério: o tesouro do coração do presbítero. Um tesouro que nem a traça, nem a ferrugem destroem, não pode ser roubado, retirado. O tesouro tão extraordinariamente atrativo que toda a existência presbiteral se deixa guiar, frutificar, transformar, transfigurar, maturar, santificar. Sim, “Onde estiver o teu coração, aí estará também o teu coração”. Um tesouro que plenifica o coração da vida, da missão e do ministério.”

A vida, a missão e o ministério iluminados, alimentados e maturados pelo tesouro. O tesouro que deixa o coração enamorado e palpitante. Ao falar para os padres num Congresso, Papa Francisco insistiu na proximidade como um verdadeiro tesouro. O coração sempre mais entesourado no movimento da proximidade”, afirmou o presidente da ordenação.

Ele enfatizou que “como presbíteros não sobrevivemos sem as subidas ao monte para o encontro com o Pai, sem os encontros noturnos amorosos com a Trindade, sem sermos envolvidos pela Trindade. Não abraçaremos as nossas fragilidades, a nossa finitude, sem sermos tomado pela misericórdia e a compaixão de Deus. Não suportaremos permanecer no anúncio da Boa Nova, do Reino de Deus, sem os encontros pessoais, sem a escuta, sem os desafogos e declarações de amor para com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.



O cardeal Steiner lembrou que “no dia da ordenação somos inseridos num presbitério”, recordando a oração de ordenação transmitida por Santo Hipólito de Roma: “Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, baixa o olhar sobre este teu servo e comunica-lhe o Espírito da graça e do conselho do presbiterium para que ele ajude e governe o teu povo com o coração puro, assim como baixaste o olhar sobre o povo da tua escolha e ordenaste a Moisés que escolhesse anciãos nos quais infundiste o Espírito que tinhas dado ao teu servidor” (Tradição Apostólica de Hipólito de Roma, 22). Isso por que “a imposição das mãos de todos os presbíteros presentes além da invocação do Espírito Santo é o sinal maior de uma pertença, de uma proximidade. Uma pertença a serviço da Igreja, na Igreja para a Igreja. O presbítero faz parte do presbiterium, sempre na e a serviço da comunidade. Participante de uma Igreja em saída, somos presbíteros para e na comunidade. Em comunhão entre nós presbíteros e com os bispos, somos tomados pelo movimento que nos torna missão, participação e comunhão. Nessa pertença-proximidade que podemos maturar em nossa vida, missão e ministério.”

Igualmente, o arcebispo disse que “a relação íntima que existe com o Povo de Deus é uma graça derramada continuamente em nosso ser padre, ser presbítero. Para ser evangelizadores com espírito, é preciso desenvolver o prazer espiritual de estar próximo da vida das pessoas, até chegar a descobrir que isto se torna fonte duma alegria superior. A missão é uma paixão por Jesus, e simultaneamente uma paixão pelo seu povo. Quando paramos diante de Jesus crucificado, reconhecemos todo o seu amor que nos dignifica e sustenta, mas lá também, se não formos cegos, começamos a perceber que este olhar de Jesus se alonga e dirige, cheio de afeto e ardor, a todo o seu povo fiel. Lá descobrimos novamente que Ele quer servir-se de nós para chegar cada vez mais perto do seu povo amado. Jesus quer servir-se dos sacerdotes para ficar mais próximo do santo Povo fiel de Deus. Toma-nos do meio do povo e envia-nos ao povo, de tal modo que a nossa identidade não se compreende sem esta proximidade”, inspirado em Evangelii Gaudium.

“Nessa proximidade que tocamos a miséria humana, a carne sofredora de Jesus nos irmãos e irmãs. Ali exercitamos a ternura de Cristo para com os mais necessitados e despertamos a força da nossa ternura. É na vida das comunidades que exercemos a nossa paternidade-materna. Nessa proximidade, nessa pertença ao santo Povo fiel de Deus, somos chamados a ser sinal da irrupção do Reino de Deus no hoje da história”, recordou o arcebispo.



“Como não lembrar que a proximidade com Deus e a proximidade com o Povo de Deus, unificam e santificam a nossa vida, missão e ministério”, disse o cardeal Steiner. Ele lembrou que “a oração do pastor se nutre e encarna no coração do Povo de Deus. Quando reza, o pastor carrega consigo os sinais das feridas e das alegrias do seu povo, que apresenta em silêncio ao Senhor para que as unja com o dom do Espírito Santo. Está aqui a esperança do pastor, que tem confiança e luta para que o Senhor abençoe o seu povo”, inspirado no texto de Para uma teologia fundamental do sacerdócio.

Àquele que ia ser ordenado presbítero lhe disse: “Hugo és ordenado na Igreja de Manaus, na Amazônia. Contamos com o teu entusiasmo e ânimo para continuarmos a ser uma Igreja missionária, anunciadora de uma Boa notícia; continuarmos a ser uma Igreja profundamente encarnada e libertadora. Contamos com teu ministério para o cuidado urgente e profético da Casa Comum. O tua vida presbiteral, o tesouro de teu ministério, nos ajude a permanecer fielmente na proximidade dos pobres, das crianças abusadas, dos necessitados no corpo e no espírito. A tua vida e ministério com o coração entesourado nos ajude ser uma Igreja da justiça, do bem, da verdade, da fraternidade e da paz.”

Igualmente, o arcebispo lhe mostrou que “Tu és ordenado presbítero às vésperas do Ano Santo Jubilar, o Jubileu dos peregrinos da esperança. Seja uma presença de esperança diante dos sofrimentos, das angústias, das aflições, das mortes. A esperança que anima o Povo de Deus, as comunidades; caminhem, jamais retroceder. Sempre esperança, pois participação no Reino. Sempre esperança, pois participação na morte e ressurreição de Jesus.”

Finalmente mostrou a gratidão da Igreja de Manaus à família, “por gerá-lo no amor e despertá-lo para fé, para o serviço, para a vida da comunidade”; “por apoiá-lo na vocação, no ministério diaconal e agora no ministério presbiteral. Deus os abençoes e os guarde no amor.” O arcebispo também mostrou gratidão a todas as comunidades que participaram da caminhada vocacional, aos formadores dos seminários, a todos os irmãos e irmãs que com a oração, apoio contribuíram para ser ordenado, a todos os benfeitores e benfeitoras dos seminários da arquidiocese. Ele encerrou a homilia fazendo um convite: “deixemo-nos encantar pelo tesouro que faz descobrir e cultivar tesouros. Tesouros atrativos ao nosso coração; um coração entesourado.”



O novo presbítero foi acolhido no clero da arquidiocese, que nas palavras do coordenador da Pastoral Presbiteral, padre Gilson Pinto, mostrou grande alegria, destacando o lema de ordenação, “Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6,21), que “nos faz refletir sobre a grandeza de entregar a vida ao Senhor e buscar n’Ele o verdadeiro tesouro.” O coordenador do clero de Manaus disse que “estamos aqui para caminhar ao seu lado, oferecendo apoio, amizade e oração. Que sua vida sacerdotal seja marcada pela alegria do serviço, pela fidelidade ao Evangelho e pela confiança constante na Providência Divina”.

Finalmente, o padre Hugo mostrou sua gratidão aos bispos, ao Seminário São José, aos presbíteros, a quem pediu suas orações, pois “a oração de cada um vai me impulsionar a ir para a frente, a amar mais o de Deus”, aos diáconos, seminaristas e áreas missionárias e paróquias por onde ele passou em seu período formativo. Igualmente agradeceu a seus familiares, amigos e ao Povo de Deus, lembrando nas palavras de William Shakespeare que “a gratidão é o único tesouro dos humildes.”

A Deus lhe agradeceu pelo “dom da vida, pela vocação e por tudo que Ele tem realizado em minha vida. Ele me escolheu, me tirou do meio do povo, me capacitou e agora me envia para esta nova missão”, ressaltando que “tudo o que acontece em minha vida é fruto da providência divina”. O novo padre disse que o Povo de Deus é “a força que me impulsiona a enfrentar as provações que a vida nos reserva”, afirmando que esse povo é essencial em sua vida. Do tempo de formação disse que “durante este período aprendi muito com todos e com cada um”, e na Igreja da Amazônia, ele pediu a ajuda de todos para continuar “neste bom propósito assumido hoje a ser fiel e a cada dia transbordar amor a partir do cuidado com o povo de Deus.”




Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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