A Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe,
que acontecerá de 21 a 28 de novembro no entorno do Santuário de Nossa Senhora
de Guadalupe, na Cidade do México, vai se tornando aos poucos mais conhecida.
Nesse intuito, a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil – CNBB, realizava nesta sexta-feira, 7 de maio, uma apresentação virtual
onde diferentes pessoas foram explicando o que ela representa e os passos a serem
dados, especialmente neste primeiro momento, em que está acontecendo o processo
de escuta, que vai se prolongar até o mês de julho.
Mediados pela irmã Valéria Leal, Assessora da Comissão
Episcopal Pastoral para a Juventude, diferentes convidados foram explicando
aquilo que o padre Joãozinho, que foi animando o encontro com suas músicas,
definia como “um chamado do Papa Francisco a fazer um caminho sinodal, a colocar
a sinodalidade ao serviço do Reino”.
Estamos diante de uma oportunidade para “escutar as alegrias
e dores, e olhar para o futuro, planejar o futuro e depois viver esse futuro”,
segundo Dom Joel Portella Amado. Tendo como princípio que “a Igreja é comunhão,
comunhão de dons, comunhão de carismas”, o secretário geral da CNBB, afirmava
que “essa comunhão se traduz em diversas formas, ela se traduz em escuta e
diálogo para o discernimento”. O bispo auxiliar do Rio de Janeiro, insistia em
que “é preciso discernir, é preciso ouvir o espírito, juntemo-nos, conversemos,
rezemos”. Ele lembrava que as conferências na América Latina, elas têm sido
realizadas pelos bispos, mas agora estamos ante “uma assembleia com todas as
forças evangelizadoras, a partir, por tanto, da beleza que é o Batismo”.
Não podemos esquecer que temos “um Papa que é sinodal,
o Papa Francisco é sinónimo de povo”, segundo o padre Joãozinho, colocando como
exemplo a Evangelii Gaudium. Nesse sentido, a Assembleia Eclesial pode ser
definida como lugar de convocação do Povo de Deus, lembrando a Assembleia de
Siquem, no Antigo Testamento, o a eklesia do Novo Testamento. Também lembrava
as palavras do Papa na convocação da Assembleia Eclesial da América Latina e do
Caribe, onde dizia que nada de elite, nada de ideologia. Ainda mais, o
religioso do Sagrado Coração de Jesus, destacava a importância da Assembleia como
“espaço de diálogo num mundo em conflito”.
Lembrando o lema da Assembleia, “Somos todos Discípulos
Missionários em saída”, Padre Patricky Samuel Batista, destacava que os
convocados é todo o Povo de Deus, lembrando a ligação dessa proposta com a
eclesiologia do Concilio Vaticano II. O secretário-executivo de campanhas da
CNBB enfatizava a importância da oração e da preparação espiritual no processo
da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe
“O que faz a diferença é o participante”, afirmava Dom
Joel Portella Amado, que insistia que “na Assembleia Eclesial tem todas as
forças vivas”. O secretário geral da CNBB, destacava “essa capacidade de escuta
mutua em torno de questões comuns”, tudo isso num mundo muito plural, muito diversificado,
que coloca “o risco de que cada um olhe apenas a sua parcela, olhe a partir do
seu jeito de compreender o mundo, e não estabeleça pontes, diálogo”, para que
se possa construir comunhão. O bispo considera que “o primeiro grande fruto da
Assembleia da América Latina e do Caribe, é o testemunho de que não precisamos
cair em polarizações, em rejeições, a quem tem um estado de vida ou pensa
diferente de nós”. Junto com isso, outro fruto é que também os não batizados
serão escutados, “é um processo de coração aberto”.
A Assembleia tem uma profunda relação com a
Conferência de Aparecida, celebrada em 2007, onde Dom José Luiz Majella
Delgado, Arcebispo de Pouso Alegre – MG, foi secretário executivo local. Ele
relatava os bastidores da última Conferência Geral do Episcopado
Latino-americano e Caribenho, um trabalho de muitas forças e uma experiência de
comunhão com o povo, insistindo em que os bispos delegados se sentiram no meio
do povo e isso apareceu na reflexão e no documento final.
Segundo o arcebispo, “o Documento de Aparecida está
sendo atualizado pelo Papa Francisco”. Ele pensa que o documento “ficou um
tempo adormecido”, muito restrito a um grupo pensador da Igreja. “O Papa
Francisco, ele fez com o que o documento de Aparecida saísse da América Latina
e entrasse na Igreja do mundo inteiro”, insiste o arcebispo de Pouso Alegre. Ele
vê a Assembleia Eclesial como “mais uma chave que estava no cofre do Papa Francisco”,
como “uma nova primavera para nossa Igreja na América Latina e aí o Documento
de Aparecida vai se firmar ainda mais”.
Após a reflexão, Sônia Gomes de Oliveira, fazia um
chamado a uma ampla participação de todo o Povo de Deus do Brasil no processo
de escuta da Assembleia, a “animarmos, empolgarmos”. A presidenta do Conselho Nacional
do Laicato do Brasil espera que “seja uma verdadeira celebração de nossa
identidade eclesial a serviço da vida”.
Dom Geremias Steinmetz destacava a chave sinodal, o
trabalho feito em colegialidade, a conversão integral, a voz profética com
visão integradora, uma verdadeira rede em redes, e outros elementos presentes
no Documento de Aparecida. O membro da equipe animadora do CELAM no Brasil,
destacava que se faz necessário responder a quais são os novos desafios da
Igreja na América Latina e no Caribe à luz de Aparecida, dos sinais dos tempos
e do Magistério do Papa Francisco.
O Arcebispo de Londrina – PR lembrava que a Assembleia
Eclesial do CELAM já está acontecendo desde junho do ano passado, com
diferentes trabalhos, “e agora vem esse tempo de escuta”, que tem por objetivo “conseguir
ouvir o maior número de grupos, de pessoas”, para que a resposta dada seja uma
resposta grudada à realidade. Dom Geremias citava os diferentes documentos que
podem ser acessados no site da Assembleia, explicando como participar, em grupo
e individualmente.
Trata-se de que “o clamor do nosso povo possa ser ouvido,
possa ser escutado”, segundo Vinicius de Matos Raposo. Para isso, ele
apresentava o site em português que tem sido criado para facilitar o trabalho
no Brasil, mostrando os passos a serem dados e o funcionamento do site.
Uma grande riqueza espiritual
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