A Arquidiocese de Manaus, como tem acontecido nos últimos
dias em muitas Igrejas do Brasil, realizou nesta segunda-feira um momento celebrativo
de memória e Justiça, 500 velas por 500 mil vidas ceifadas.
Com os últimos raios de sol começou uma celebração onde foi
lembrado que cada pessoa é uma história, uma rede de relações, uma fonte de muitas
lembranças. Como foi enfatizado nos primeiros momentos do ato, promovido pela
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com o nome “Toda Vida importa”, nossa
dor é coletiva, insistindo em que a solidariedade supera o isolamento.
No ato, presidido por Dom Leonardo Steiner, estavam
presentes algumas lideranças da diocese, padres, vida religiosa, leigos e leigas
das paróquias, áreas missionárias, pastorais e movimentos que fazem parte da vida
da arquidiocese de Manaus. Segundo o arcebispo, foi “um momento celebrativo de
grande significação, pois desejamos fazer memória”. Ele insistiu em que “memória
não é apenas recordar, memória é guardar, é trazer a luz”, tanto “o caminho da nossa
sociedade, mas também o caminho da nossa Igreja”.
Mas o arcebispo de Manaus também enfatizou que aquele era “um
momento também de justiça, justiça porque quando falarmos de justiça estamos
falando daquilo que é equânime, aquilo que pertence a todos”. Segundo Dom
Leonardo, “neste momento, a dor pertence a todos nós, a separação pertence a
todos nós, a morte está pertencendo a todos nós, porque nós os vivos desejamos
recordar os mortos”. Mas também, é justiça “porque neste momento queremos
recordar a irresponsabilidade das autoridades no cuidado do tempo pandêmico”.
Segundo Dom Leonardo, “queremos fazer deste momento luz”.
Acender 500 velas diante da Catedral, que o arcebispo lembrava que é “nossa
Igreja mãe da arquidiocese de Manaus”, quis simbolizar a presença de todos
aqueles que vieram a óbito em Manaus, na arquidiocese, mas também no Estado do
Amazonas, donde o número de falecidos já supera os 13.200, e no Brasil.
Refletindo sobre as mortes provocadas pela pandemia, o
arcebispo afirmava que “a partir da fé, nós sabemos que participamos de uma
mesma comunhão, de uma mesma vida. Eles nos acompanhem e nos ajudem a trilhar
os passos, a fazer o caminho neste tempo de pandemia”. Por isso ele insistia em
“que cada vela acessa seja um pequeno sinal da nossa esperança, esperança de um
Brasil melhor, esperança de que nós estamos dispostos a lutar, esperança de um
Brasil mais justo, esperança de um Brasil onde todas as pessoas tenham mais
oportunidade”. E junto com isso pedia “que este momento celebrativo, de justiça
e de memória, nos ajude a sermos pessoas ativas na nossa sociedade e também na
nossa Igreja”.
Durante o ato foram lidos nomes de pessoas falecidas diante
da falta de assistência, de oxigênio, de uma coordenação nacional de medidas
sanitárias. Pessoas conhecidas, dado que como foi lembrado “em Manaus vivemos
os piores dias das nossas vidas, nos picos da primeira e da segunda onda”. Por
isso foi denunciado que “nós amazonenses não somos cobaias, merecemos respeito”.
A partir daí, mais uma vez, como sempre tem feito a Igreja de Manaus, foi reforçado
o chamado a todos a se vacinar. Não podemos esquecer que nosso Deus é um Deus
da Vida, toda vida importa.
Somos desafiados a apontar soluções, apontar caminhos a
serem seguidos para superar essa catástrofe, como foi sublinhado no ato. Também
se insistiu no papel fundamental da CPI no Senado para buscar responsáveis pela
catástrofe. Num estado que foi laboratório, segundo foi lembrado, há a necessidade
de os políticos fazer seu trabalho fiscalizatório para que as vidas que se foram
não sejam em vão. Também foi pedido pelos profissionais da saúde, verdadeiros heróis
neste tempo de pandemia.
Após rezar juntos a oração elaborada pela CNBB para este momento, Dom Leonardo Steiner destacava a necessidade de “continuar muito unidos e muito solidários para podermos continuar a enfrentar este tempo pandémico, mas também para podermos enfrentar este momento em que temos que exigir das autoridades maior cuidado e maior entrega de vacinas”.
Há luz no final do túnel: vacina para todos.
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