O Projeto Ajuri pela Vida na Amazônia, que está sendo
encerrado em sua primeira etapa, foi criado pela Caritas Brasileira para reduzir
os riscos de infecção da Covid-19 em comunidades vulneráveis no estado do
Amazonas, Brasil.
Tem sido 129 comunidades de 11 municípios, nas dioceses de
Parintins e Coari e as prelazias de Tefé e Itacoatira, beneficiando 5 mil
famílias, o que representa umas 25 mil pessoas. O projeto tem ajudado na construção
de cisternas de captação de água, Kits de Higiene Pessoal, Kits de Desinfecção
para Uso Doméstico, Materiais de Promoção da Higiene, e Impressão de Adesivos
para Estações de Lavagem das Mãos. Também fazia parte do projeto a aquisição de
Kit EPI para Cuidadores Domésticos, Materiais de RCCE, Spots de Rádio/TV,
Publicações nas Redes Sociais e Carros de som.
Valquíria Lima, da Articulação da Caritas Brasileira,
insistiu em “valorizar o papel de todos os que participam do projeto, todos e
todas são importantes, todos os trabalhos desenvolvidos precisam ser
valorizados, o trabalho de cada pessoa permitiu a gente chegar até aqui”. Ela
destacou que “se a gente está indo para a etapa 2 é fruto do trabalho coletivo”.
Desde o Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil, seu secretário executivo Francisco Lima, agradeceu a todos os colaboradores
do Projeto Ajuri, em nome dos bispos, mas sobretudo em nome daqueles que
receberam o Ajuri. Ele destacava que o projeto fez presente a Igreja do
Regional nas comunidades mais distantes e que não tem assistência, destacando
que foi uma oportunidade para ter acesso aos cuidados e às informações. Por
isso, seu agradecimento aos agentes que estiveram na ponta. Finalmente, ele fez
um chamado a refletir sobre os protocolos que muitas vezes inviabilizam desenvolver
o trabalho.
São muitas as famílias beneficiadas que agradecem pelo apoio
do Projeto Ajuri, que tem ajudado a ser mais conscientes sobre os cuidados
preventivos com a Covid-19, sendo realizadas ações com reconhecimento,
valorização e respeito aos diferentes costumes e culturas locais com medidas
para promoção da autoestima e o acolhimento, em momentos críticos de
isolamento, distanciamento social e de muitas vidas ceifadas. Estamos falando
de comunidades onde as ações do poder público não chega.
O projeto enfrentou diferentes desafios, alguns educadores
foram contagiados pela Covid-19 e diferentes motivos atrasaram o início e
desenvolvimento do projeto, dentre eles o fechamento dos portos por conta de
decretos municipais proibindo atracar as embarcações, e também o aumento
dos casos de Covid-19. Junto com isso, também foi um desafio os deslocamentos
de famílias inteiras, deixando suas comunidades temporariamente, devido às
mudanças climáticas que provocam secas e estiagens prolongadas nas regiões
gerando situações de miséria e fome.
Não pode ser esquecido o desafio da logística, uma realidade
muito presente na Amazônia, que dificulto os acessos, comunicação e a
devolutiva de informações com maior agilidade e em menor espaço de tempo, pela
não cobertura de internet. Também foi uma realidade muito presente a falta de
assistência pelo poder público local às famílias infectadas.
O projeto Ajuri tem sido uma oportunidade de fortalecimento da Caritas nas dioceses e prelazias que participaram do projeto, “ajudando a se fazer presente como Igreja em lugares onde a Igreja não chega”, segundo Márcia Maria de Souza Miranda. A articuladora da Caritas Regional Norte 1 relata o desafio financeiro da Igreja da Amazônia. Segundo ela, “a Igreja é presença de esperança na vida do povo que vive muito distante”, relatando as experiências vividas pelos educadores, que chegaram a viajar por 24 horas para chegar em algumas comunidades.
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