Nas últimas
horas da primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, os
membros da Assembleia trabalharam no Documento de Síntese, que recebeu, segundo
Paolo Ruffini, Prefeito do Dicastério para a Comunicação, 1251 sugestões de modificação coletivas e 126 individuais, que serão levadas em consideração. Um Documento
que chegou a um consenso e que será redigido em sua versão definitiva para ser
lido e votado no sábado à tarde, com cada um dos pontos tendo que ser aprovado
em uma votação eletrônica por maioria absoluta, e que será tornado pública no
final da votação.
Luzes para interpretar a realidade
Surpreendida
por algo incomum para uma monja de clausura, Madre Maria Ignazia Angelini,
assistente espiritual do Sínodo, viu essa experiência como uma oportunidade de
compartilhar sua experiência monástica, um momento revolucionário na medida em
que teve que aprofundar sua capacidade de ouvir diferentes realidades, em um
momento difícil em que é necessária luz para poder interpretar essa realidade.
Ela vê as diferentes realidades e origens como uma inovação, que ela espera que
seja continuada.
O outro
assistente espiritual, Padre Timothy Radcliffe, que enfatizou a importância da
mídia para o bom andamento do Sínodo, insistiu que "a sinodalidade faz
parte do meu modo de ser", algo que vive como dominicano. Ele vê este
quarto Sínodo do qual está participando como muito diferente dos outros, onde
não havia diálogo e onde eram proferidos discursos previamente preparados. A
diferença deste Sínodo é que aprendemos a ser Igreja juntos, sentados ao redor
de uma mesa, de uma forma que revela muito mais claramente o papel do bispo,
uma grande mudança em relação ao passado.
Diante das
expectativas de mudança que muitas pessoas têm, ele diz que essa não é uma
visão correta, porque este é um Sínodo para descobrir como ser Igreja de uma
nova maneira. Ele não o vê como um Sínodo para tomar decisões específicas, mas
para escutar as diferentes culturas e a Tradição, como as coisas evoluíram ao
longo da história, enfatizando que "estamos aprendendo a tomar decisões
juntos, a escutar uns aos outros", o início de um processo de
aprendizagem, que pode ter erros, enfatizando a importância de ouvir uns aos
outros em um mundo de violência.
Uma profunda experiência de comunhão
Um Sínodo
que é "uma profunda experiência de comunhão", segundo o irmão Alois
Loeser, Prior da Comunidade de Taizé, que o vê como um sinal de abertura a
todos os cristãos e ao mundo, algo vivido na Vigília Ecumênica de 30 de
setembro, destacando também a presença de cristãos de outras confissões, o que
nos permite avançar no ecumenismo espiritual, já que todos fomos batizados em
Cristo e nos torna membros de um só corpo. Os momentos de escuta, nos quais
foram discutidas questões difíceis, ele vê como um passo importante. Um modo de
ser Igreja que ele espera que se irradie por todo o mundo, fruto de dois anos
de preparação, que nos permitiu entrar em um novo modo de ser Igreja, enfatizou.
Uma
Assembleia Sinodal que, segundo o Prior de Taizé, provocou uma evolução nas
pessoas que estavam reticentes em relação a esse processo, algo que é fruto de
uma verdadeira escuta, que transformou os participantes. Apesar das muitas
diversidades e da necessidade de compreender as culturas, incluindo as culturas
eclesiais, esse é um caminho no qual devemos continuar avançando.
Medo do método sinodal por parte daqueles que não o entendem
Nesse
sentido, o padre Radcliffe afirmou que muitas pessoas têm medo do método
sinodal, e têm medo porque não o entendem. Enquanto um o interpreta com os
olhos da fé, outros o interpretam de um ponto de vista ideológico, o que não é
correto. O objetivo não é a ruptura, que é o medo dessas pessoas, enfatizando a
importância de comunicar ao mundo que "este Sínodo é uma ferramenta de
oração e fé". Reconhecendo as diferenças culturais presentes, isso não é
visto pelo dominicano como um conflito ideológico, considerando que é próprio
do catolicismo acolher uma diversidade que nos enriquece, porque as
preocupações são diferentes dependendo do lugar onde a fé é vivida.
Uma opinião
endossada pelo Ir. Alois, que pediu a superação das fronteiras, algo que ele vê
presente nos jovens, que ele considera mais respeitosos com a beleza da
diversidade. Com relação ao ecumenismo, o prior de Taizé lembrou a doutrina do
Concílio Vaticano II, que vê verdades de fé em outras igrejas, admitindo a
necessidade de aprofundar esse tema.
A abordagem
ao mundo digital é vista como uma necessidade pela monja beneditina, que falou
de uma necessidade de conversão nesse sentido, refletindo sobre como o que foi
dito na Assembleia será levado às comunidades locais. Nesse sentido, ela
enfatizou a necessidade de os jovens serem ouvidos, de serem incluídos nos
processos de discernimento, de leitura da história, bem como nos processos
decisórios das igrejas locais.
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