O segundo
módulo da primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade,
que busca responder à pergunta sobre "Como podemos ser mais plenamente
sinal e instrumento da união com Deus e da unidade do gênero humano?”, iniciou
com uma Missa no Altar da Cátedra em rito greco-bizantino, presidida por Sua
Beatitude Rev. Youssef ABSI, Patriarca de Antioquia dos Greco-Melquitas,
Presidente do Sínodo da Igreja Católica Greco-Melquita, com a homilia de Sua
Beatitude Eminência Card. Béchara Boutros RAÏ, O.M.M., Patriarca de Antioquia
dos Maronitas, Chefe do Sínodo da Igreja Maronita, que pode ser
considerado um passo a mais no caminho da unidade.
O processo sinodal na Igreja do Brasil
Na
Congregação Geral os participantes da Assembleia Sinodal escutaram diversos
depoimentos, dentre eles o partilhado por Sônia Gomes de Oliveira, presidente
do Conselho Nacional do Laicato Brasileiro e uma das mulheres membros da
Assembleia. A leiga brasileira iniciou suas palavras lembrando que “viver o
processo sinodal na Igreja do Brasil foi uma continuidade do caminho iniciado
na Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe”, destacando o processo de
escuta realizado, mesmo com a pandemia.
Ela
destacou a importância da Equipe Nacional no trabalho de animação do processo
sinodal chegando nas bases, onde foi importante a participação do laicato, uma
prática que ajudou a conhecer a realidade em diferentes níveis e dos leigos e
leigas se descobrir como corresponsável na missão. Também uma oportunidade para
iniciar processos de formação, lembrando as palavras do relatório realizado no Brasil
para a fase continental: “o Sínodo caiu, no mundo dos leigos e leigas, como um
oceano a ser explorado e valorizado e, por isto a partir de agora não deve ser
só um momento, mais uma prática da Igreja”.
Uma Igreja sinodal na prática
Sônia Gomes
de Oliveira insistiu na necessidade de uma Igreja sinodal na prática “onde todos
os batizados são chamados a participar, não só como colaboradores, mas
reconhecido e conscientes da responsabilidade pela missão”, mas também
afirmando que “nem todos compreenderam o processo”. Ela disse ter compreendido
que “Igreja sinodal é a que não deve ter medo de caminhar juntos com aqueles
que querem viver a unidade, respeitando os diversos carismas e vocações”,
destacando a necessidade de “colocar os chinelos e os pés no caminho, ouvir o
povo que grita e a Igreja precisava ouvir”.
Segundo a
presidenta do laicato brasileiro é necessário “exercer o meu papel de batizada
no meu ambiente de Trabalho com um jeito e forma de ser Igreja”, que a leve a “unir
a minha profissão com o meu ser cristã”. Ela destacou a importância das
escutas, de fazê-las do jeito de Jesus, relatando duas experiências marcantes,
uma com uma prostituta, que disse: “agora entendi, a Igreja e o Papa Francisco
querem saber como estou”, afirmando carregar um fio de esperança, e agradecendo
ter chegado até ela, o que fez com que ela se sentisse aliviada, mas dizendo, “pena
que o povo da Igreja não faz isto sempre!”. Uma segunda experiência foi num
presidio, onde experimentou o consolo levado até os detentos, e como “somos
chamados a consolar”.
Experiências de escuta
Em suas
palavras, Sônia Gomes de Oliveira foi partilhando diversas experiências vividas
nas escutas, querendo assim ressaltar que “falar de uma experiencia sinodal é
falar de uma Igreja que tem que ser aberta para acolher, aberta para escutar”,
pois, “existem muitos lugares de dor, sofrimento, é importante a presença da
Igreja”, chamado a todos e todas a estar ali, “ainda temos muitos lugares que
não conseguimos chegar”. É por isso que temos que “ser Igreja no coração do
mundo”, uma Igreja que acolhe a todos, e ter um coração fraterno que acolhe os
crucificados de hoje, refletindo sobre o sofrimento das mulheres e a
necessidade de entender que “fazer o caminho sinodal é ser pobre com os pobres
e não para os pobres”.
Diante de
tantas coisas bonitas que existem na Igreja, a presidenta do laicato no Brasil
fez um chamado a ser cireneus, a “criar ou fortalecer uma rede da sinodalidade
que acolhe, que reza, que ajuda”. Uma Igreja que respeita a cultura dos povos
indígenas e comunidades tradicionais, com uma liturgia mais próxima de sua
realidade, com uma presença mais acolhedora para com aqueles que são
descartados.
Finalmente,
mostrou a necessidade de “uma Igreja que precisa que cativemos mais pessoas,
Igreja do encantamento que leva a entender que eles também são testemunhas do
Ressuscitado, Igreja da Esperança, Igreja profética que entra nos porões onde a
vida está ameaçada, Igreja da partilha da Eucaristia, Igreja da Pertença. “A
Igreja que o Espírito nos impele a mostrar Jesus”, destacou.
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