segunda-feira, 30 de setembro de 2019

ARTIGO: O perigo da Globalização da indiferença

A Palavra de Deus neste 26º domingo do tempo comum, alerta-nos contra o pecado da indiferença diante do sofrimento humano. Na primeira leitura, o profeta Amós fala em nome de Deus e nos adverte: "Ai daqueles que são despreocupados ... não se preocupam com a ruína de José" (6, 1a - 6). No Evangelho (Lucas 16, 19-31), temos Jesus que nos conta a parábola do rico e do pobre Lázaro. O homem rico era indiferente às necessidades do pobre e enfermo Lázaro.

O Papa Francisco, em sua mensagem para o Dia Mundial dos Migrantes 2019, fala-nos sobre uma "globalização da indiferença". Foi essa indiferença que levou o homem rico ao inferno. O homem rico, do inferno, pede ajuda: "Pai Abraão tem pena de mim" (v. 24). Mas foi dito a ele que o tempo de mudar, de converter-se, é agora, quando estamos ainda neste mundo. Aproveitemos deste alerta de Jesus por meio desta parábola e avaliemo-nos diante de Deus, como estamos vivendo o amor, a solidariedade com os pobres e excluídos dos bens necessários para viver dignamente, onde vivemos e em outros lugares do mundo.
Devemos ser como Deus é, como nos apresenta o Salmo 145, Salmo Responsorial deste domingo: Deus faz justiça aos que são oprimidos, dá alimento aos famintos, liberta os cativos, ergue o caído, protege o estrangeiro, ampara a viúva e o órfão. Ou seja, nosso Deus é um Deus amor, Deus solidariedade.
Acolhamos, também, o convite de Paulo na primeira carta a Timóteo: "Foge das coisas perversas, procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza e a mansidão" (6, 11). Assim sendo e fazendo, ajudaremos a construir o Reino de Deus já neste mundo, tornando-o mais fraterno e bom de se viver.

Para o Dia Mundial dos Migrantes, que celebramos hoje, último domingo de setembro, o Papa Francisco escolheu o tema "Não se trata apenas de migrantes”. Este tema mostra nossas fraquezas e garante que ninguém deve ser deixado de fora da sociedade, seja ele um cidadão residente de longa data ou um recém-chegado.

Gostaria de transcrever parte da reflexão do Papa Francisco em sua mensagem:
1. Não se trata apenas de migrantes: trata-se, também, de nossos medos. A violência e a maldade de nosso tempo aumentam "nosso medo” dos outros, dos desconhecidos, dos marginalizados, dos estrangeiros.

2. Não se trata apenas de migrantes: trata-se de nossa humanidade. A compaixão toca as cordas mais sensíveis da nossa humanidade, causando um impulso urgente de "fazer-se próximo" de quem vemos em dificuldade.

3. Não se trata apenas de migrantes: trata-se de não excluir ninguém. A “Igreja em saída” sabe tomar a iniciativa, sem medo de andar ao encontro, procurar quem está longe e chegar aos cruzamentos das estradas para convidar os excluídos.

4. Não se trata apenas de migrantes: trata-se de colocar os últimos em primeiro lugar. E quantos últimos temos em nossa sociedade! Entre eles, penso, sobretudo, nos migrantes, com o peso das dificuldades e do sofrimento que enfrentam todos os dias na busca, às vezes desesperada, de um lugar para viver em paz e com dignidade.

A resposta ao desafio colocado pelas migrações de nossos dias, pode ser resumida em quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. Mas estes verbos não se aplicam apenas aos migrantes e refugiados. Expressam a missão da Igreja para com todos os habitantes das periferias existenciais, que devem ser acolhidos, protegidos, promovidos e integrados. Se colocarmos esses verbos em prática, contribuiremos para a construção da cidade de Deus e do homem, promoveremos o desenvolvimento humano integral de todas as pessoas e ajudaremos, também, a comunidade mundial a se aproximar dos objetivos do desenvolvimento sustentável que foram estabelecidos.

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, SDV
Prelazia de Itacoatiara - Amazonas

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Comissão para o Enfrentamento ao Tráfico Humano aposta em articulação regional



Foto: CNBB/Luiz Lopes Jr
Articulação é a palavra forte no planejamento da Comissão Especial Pastoral para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Reunidos na Casa de Retiros Assunção, em Brasília (DF), nestes dias 24 e 25 de setembro, os membros partilharam sobre o trabalho desenvolvido pelos grupos representados, pensaram em sugestões para levar ao Sínodo para a Amazônia, elaboraram contribuições para a continuidade do trabalho e indicaram pistas para fortalecer a relação com redes que atuam na realidade do tráfico de pessoas e da migração.
“A comissão agora está em processo de rearticulação para ter uma incidência maior em nível nacional e também nos regionais da CNBB, nas Pastorais Sociais, nas fronteiras, com alguns enfoques específicos, como as crianças, adolescentes, jovens, as mulheres”, resumiu o bispo da prelazia de Marajó (PA), dom Evaristo Spengler, que a partir de novembro assumirá a presidência da Comissão.
A busca de maior incidência está no horizonte de atuação do grupo que atua na prevenção ao tráfico humano, na incidência política e na denúncia e responsabilização dos culpados. De acordo com a irmã Eurides Alves de Oliveira, representante da Rede Um Grito Pela Vida, o contexto atual apresenta aumento na mobilidade humana com fluxos intensos, “a miséria bate à porta com muita força” e as crianças são as maiores vítimas.

Irmã Eurides | Foto: CNBB/Luiz Lopes Jr
Neste “cenário desolador”, o papel da Comissão é dar visibilidade às realidades, sobretudo nos processos de evangelização da Igreja, “que muitas vezes são doutrinários, catequéticos, mas não abordam essas questões”, aponta a religiosa. A ideia é fazer uma sensibilização eclesial para os diversos organismos e pastorais pautarem essas problemáticas, para que alertem a sociedade e deem visibilidade.
O grupo deve se empenhar para descobrir iniciativas que existem nos regionais e tentar agregar força para uma atuação mais efetiva em rede, além de buscar ter uma palavra profética diante dos desmontes das políticas públicas e também incentivando as denúncias.
Na dinâmica da “chuva de ideias”, facilitada pela consultora Rogenir Costa, os membros da Comissão indicaram as realidades que devem ser tocadas pelas ações do grupo (veja abaixo), com reforço à questão da articulação e fortalecimento de iniciativas.

Irmã Marie Henriqueta | Foto: CNBB/Luiz Lopes Jr
Para irmã Marie Henriqueta Cavalcante, da Comissão Justiça e Paz do Regional Norte 2 da CNBB, estas proposições consideram que o tráfico de pessoas “é um crime extremamente organizado, silencioso, invisível”. “Então nós pensamos que nos regionais a gente ainda precisa falar muito mais desse tema em outros espaços e articular e fortalecer a Comissão nos outros regionais”. Irmã Marie também pontua para a necessidade de incidir politicamente e integrar os trabalhos que já existem nas áreas de fronteira.

Sínodo para a Amazônia
A Comissão para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB tem entre seus membros três participantes do Sínodo para a Amazônia convocados pelo Papa Francisco. Eles terão a oportunidade de reforçar a importância da temática na assembleia sinodal.

Dom Evaristo | Foto: CNBB/Luiz Lopes Jr
Dom Evaristo reforça que o tema já está posto para o debate, uma vez que já está presente no documento de trabalho. “Nós queremos agora que haja algum compromisso formal no documento sinodal em relação a esta chaga humana que tem sido denunciada em todo o mundo”, afirma o bispo.
Para o prelado, é importante dar relevo à questão do tráfico humano, da exploração sexual, do abuso sexual, “que é uma prática encontrada no Brasil inteiro, mas de modo especial a Amazônia sofre muito com isso”.
“São corpos de crianças, adolescentes, meninas e meninos que são degradados, não são vistos como um ser humano, mas como um objeto de lucro, como objeto de prazer. E a pessoa humana tem que ser valorizada. E o sínodo vai dar uma palavra importante na defesa das crianças, adolescentes, na defesa da vida dos mais fragilizados”.
Articulação com redes
Para ao planejamento de 2020, a Comissão deverá aprimorar a relação com redes que já atuam no enfrentamento ao tráfico. “O grande desafio é esta articulação da Comissão com essas outras redes que já tem um trabalho de enfrentamento ao tráfico de pessoas em nível de Brasil. A gente tem fortalecido essas articulações com as redes que tem nas regiões de fronteira que já fazem um trabalho tanto de prevenção, de incidência política e relação com as redes que trabalham com os migrantes”, conta a irmã Rose Bertoldo, que atua na Rede Um Grito pela Vida e no Eixo de Fronteiras da REPAM.
Entre as ações na parceria com as redes o grupo colabora na formulação de políticas públicas voltadas para a realidade da migração e do tráfico de pessoas, na formação de lideranças nos regionais e na articulação destes regionais com as redes locais que existem. Tudo isso tem sido promovido até o momento por meio de Seminário de formação e capacitação de lideranças.
São algumas das redes que já atuam neste campo: Rede Clamor, do Conselho Episcopal Latino Americano; a REDEMIR, articulada pelo Instituto Migrações e Direitos Humanos para a realidade de Migrantes e Refugiados, o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados, a rede da Tríplice Fronteira (Brasil, Peru e Colômbia), a rede internacional Thalita Kum, articulada pelas Superioras Gerais de congregações religiosas, além da REPAM entre outras.
As prioridades da Comissão para os próximos anos:
  • Incidência nos Regionais e nas pastorais sociais para uma agenda comum para enfrentamento ao tráfico de pessoas
  • Inclusão da temática nas prioridades das Pastorais Sociais no plano 2019-2023
  • Articulação com as organizações que estão atuando com educação para sensibilização e prevenção
  • Fortalecimento do papel de articulação da Comissão em todo o país
  • Incidência política e profética na temática do enfrentamento ao tráfico de pessoas
  • Aproximação das iniciativas nas fronteiras
  • Dar ênfase ao tema do enfrentamento ao tráfico de pessoas na Semana Social Brasileira
  • Ampliação da articulação entre organizações nacionais que atuam nos temas afetos à comissão em plano nacional e internacional
  • Aproveitar o ambiente do Sínodo para incidência da temática
  • Ampliação do olhar e do conceito de fronteiras para além da terrestre

“O Sínodo pode ajudar na passagem de uma sociedade colonialista para uma sociedade plural, que respeita a todos”.

Entrevista com Felício Pontes, Procurador Regional da República


Por Pe. Luis Modino

O Papa Francisco, em Laudato Si, diz que tudo está interligado, uma afirmação que se constata nas palavras de Felício Pontes, Procurador Regional da República. Nascido numa família de origem ribeirinha na Amazônia, ele é um dos grandes defensores dos povos da região, combatendo o modelo predatório que destrói o bioma amazônico e a vida de seus povos. Em virtude disso, ele foi convocado pelo Papa Francisco para fazer parte da assembleia do Sínodo para a Amazônia, que vai acontecer de 6 a 27 de outubro, no Vaticano.

Para estranheza de alguns, “Nós estamos num caminho dentro da Igreja que coincide muito com caminho que a área jurídica está trilhando na Pan-Amazônia.”, afirma o procurador, numa tentativa de reconhecer a importância dos aportes das populações locais, depois de 500 anos de um modelo europeu. “A Igreja agora se deu conta de que não há como buscar um rosto amazônico sem levar em consideração aqueles pensamentos, tradições, a cultura, das sociedades que vivem na Amazônia”, algo que teve um impulso significativo com o Sínodo para a Amazônia. Na opinião de Felício Pontes, “se o Sínodo conseguir dar esse passo, de fazer com que as propostas que vieram da base sejam incorporadas pela Igreja Católica, o processo de transição de uma sociedade hegemônica e colonialista para uma sociedade plural, que respeita a todos, será mais célere”.

Dentro do processo sinodal, o Procurador Regional da República destaca o processo de escuta, “que foi uma das coisas mais extraordinárias que se passou na Igreja nos últimos anos”, até o ponto de afirmar, “que desde o Concílio Vaticano II não se tem algo tão participativo dentro da Igreja”.

O senhor sempre trabalhou na defesa dos povos da Amazônia desde seu trabalho como Procurador da República. O que significa para alguém que sempre trabalhou nisso e que além disso é cristão, católico, que agora a Igreja convoque um Sínodo para ter como foco principal a defesa da Amazônia e de seus povos?
 
Nós estamos num caminho dentro da Igreja que coincide muito com o caminho que a área jurídica está trilhando na Pan-Amazônia. Nós também recebemos o Direito europeu para ser implantado as Américas. Esse Direito não levou em consideração os povos originários. Ao contrário, era um Direito que no primeiro momento escravizou esses povos e promoveu o genocídio. Num segundo momento, esses povos foram tutelados, considerando que não tinham desenvolvimento mental suficiente para serem sujeitos de direito. Somente no fim do Século passado, é que a legislação, por luta dos povos da floresta, se deu conta de que todas essas pessoas são sujeitos de direitos, e possuem o direito à autodeterminação. Eles têm o direito de traçar os seus próprios destinos e não seus destinos serem traçados por outras pessoas.

O Sínodo da Amazônia propõe uma nova relação da Igreja Católica para com os povos originários, comunidades quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais que habitam a região. Esses novos ventos amazônicos encontram eco não apenas na Igreja Católica, como também nas instituições jurídicas, onde esse processo é chamado de interculturalidade.

Em resumo, não se pode mais impor nossa cultura quando se está diante de uma cultura diferente. É necessário reconhecer a importância desses grupos minoritários para as decisões estatais. É necessário internalizar as diversas cosmovisões nas estruturas institucionais do Estado. É necessário valorizar o conhecimento desses grupos como dádiva à humanidade.

Em verdade, trata-se da consagração do pluralismo político, que é a tal ponto importante no sistema jurídico brasileiro que a Constituição o elencou em seu artigo 1º como um dos fundamentos da República, ao lado da dignidade da pessoa humana.

Nós estamos num caminho dentro da Igreja que coincide muito com caminho que a área jurídica está trilhando. Ela está pela primeira vez levando em consideração as opiniões, crenças, tradições e espiritualidade dos povos originários, dos povos e comunidades tradicionais.

O Direito já deu passos à frente. Temos decisões judiciais hoje, tanto nos tribunais do Brasil, da Colômbia, do Peru, da Bolívia, como da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre a Pan-Amazônia que estabelecem que deve ser, antes de tudo, levado em consideração a opinião e os modos de vida dessas comunidades. Isso já é jurisprudência, não é só lei.

Então, o que nós vivemos é um processo de transição. Foram quase 500 anos sobre uma mesma doutrina, que não levava em conta o direito e a opinião das comunidades que vivem na Amazônia, com maneiras muito peculiares de viver. A partir de agora se inicia um novo processo. Os povos da floresta têm direitos. E não se pode impor nada sem levar em consideração opiniões, crenças, tradições dessas comunidades que aqui moram.

Mas de fato, a gente vê que desde muitos governos, essa política é considerada como um empecilho. O caso mais recente foi o que aconteceu no Equador com as petroleiras, que a justiça deu a razão aos povos indígenas contra o governo, e o governo prometeu rever essa decisão. Por que entre os governos da Pan-Amazônia, em geral, existe essa tentativa de tirar dos povos indígenas os direitos conquistados? 


Estamos num tempo de transição. Nós ainda não consolidamos a nova doutrina, que eu chamo de doutrina pluralista, ou doutrina da autodeterminação dos povos. Há muitas pessoas ainda que consideram que os planos de desenvolvimento deveriam ser feitos apenas pelas pessoas que estão na cidade, ou que tiveram alguma educação formal dentro da universidade. Essas seriam as pessoas indicadas para isso, e as outras pessoas, outros saberes, não seriam levados em consideração. Trata-se de “colonialidade”. Os conquistadores europeus fizeram isso com os ameríndios. E, hoje, os neoconquistadores, pessoas do próprio país mesmo, fazem isso com a população amazônida. São, normalmente, oriundos de outras regiões desses países, que se sentem como únicos conhecedores dos processos de desenvolvimento. É um grave erro.

Sei que não é fácil para aquelas pessoas que estudaram a vida toda no sentido de que é a sociedade hegemônica que deve estabelecer os projetos de desenvolvimento. Mas isso nos levou à crise climática. Mudar e dizer que tem que levar em consideração a opinião das sociedades minoritárias, não é fácil. Isso é um processo. Então, hoje nós ainda temos nos próprios tribunais uma ou outra decisão que ainda está nos moldes do modelo anterior. Porque o modelo novo ainda não se implantou totalmente, e o modelo velho insiste em não morrer. Também, a Igreja agora se deu conta de que não há como buscar um rosto amazônico sem levar em consideração aqueles pensamentos, tradições, a cultura das sociedades que vivem na Amazônia.

O Papa Francisco quando visitou os povos originários da Amazônia em Puerto Maldonado, insistiu muito em que ele estava lá para escutar, e que eles deveriam ensinar os bispos, os missionários como fazer realidade uma Igreja com rosto Amazônico, com rosto indígena. O que isso pode significar tanto para a Igreja como para a sociedade? 

Isso muda tudo, isso muda toda a visão que tivemos de como tratar os povos originários. Digo, não só os povos originários, mas os demais povos que possuem cultura diferenciada, por exemplo, os quilombolas, os afrodescendentes, não são povos originários, mas são povos que se estabeleceram na Amazônia com uma cultura diferenciada da sociedade hegemônica. Os ribeirinhos também, possuem uma cultura própria. Aqui está a chave da questão, e o exemplo foi dado pelo Papa.

De outro lado, a forma com que os povos da floresta enxergam o mundo pode ser a solução para muitos problemas da sociedade hegemônica. O melhor exemplo acabou de acontecer na Amazônia, em proporção de escândalo mundial. Foram as queimadas feitas propositalmente por aqueles que enxergam a floresta como um obstáculo ao desenvolvimento. As sociedades que se estabeleceram na Amazônia, com características culturais muito próprias, diferentes da sociedade hegemônica, precisam da floresta em pé para que possam ter comida, para que possam ter remédios.

Esse modelo de vida, ainda que se fale só em termos econômicos, é mais lucrativo do que o modelo de desenvolvimento predatório da sociedade dominante. Hoje, o que se tem muito claro, é que esse projeto da sociedade dominante não deu certo. Ele foi implantado já há mais de 40 anos na Amazônia, pelo menos no Brasil.

No Brasil, para financiar esse plano houve três grandes fontes públicas: Banco do Brasil, Banco da Amazônia e Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM). Não faltou dinheiro. Porém o resultado não se coadunou com a Amazônia. A região tinha uma taxa de desmatamento de 0,5% na década de 1970. Essa taxa atinge hoje em torno de 20%.

Essa parte desmatada hoje concentra 9 em cada 10 mortes de ativistas no campo do Brasil. E mais. Desde 1995, foram libertados cerca de 55 mil trabalhadores escravizados em todo o país. Metade estava na Amazônia brasileira.

Outra consequência da implantação desse modelo foi um forte êxodo rural. Em 1960, 35% da população da Amazônia era urbana. Hoje, após a massificação desses projetos, quase 80% dos amazônidas estão nas cidades.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região é inferior ao da média nacional – que já é vergonhoso. Portanto, a injeção de dinheiro público promoveu mais concentração de renda, desmatamento e violência. A conclusão é que esse plano, baseado em atividades predatórias, não obteve sucesso.
 
Que papel pode desempenhar diante dessa conjuntura, dessa realidade, o Sínodo para a Amazônia?

O Sínodo tem um papel muito relevante. Ele deve continuar o discurso profético dos bispos da Amazônia. Desde a Carta de Santarém de 1972, os bispos da Amazônia brasileira vêm denunciando o modelo de desenvolvimento predatório, como um modelo que não respeita os povos da floresta e a criação. Se o alerta dos bispos tivesse sido ouvido, não estaríamos, na Amazônia, nesta crise socioambiental.
Espero que o Sínodo continue com essa trajetória da Igreja na Amazônia, agora reforçado pela escuta que o antecedeu – que foi uma das coisas mais extraordinárias que se passou na Igreja nos últimos anos. Acho que desde o Concílio Vaticano II não se tem algo tão participativo dentro da Igreja, como se abrir para ouvir as comunidades locais, para saber como deve ser uma atuação mais autêntica, mas inculturada na realidade dos amazônidas. Eu vi nos últimos anos a alegria dos povos ao ser ouvidos e a esperança de ter uma Igreja de presença, não uma Igreja de visita apenas. O Sínodo pode ajudar na passagem de uma sociedade colonialista para uma sociedade plural, que respeita a todos.

Inclusive, o senhor foi convocado pelo Papa Francisco para ser auditor desse Sínodo para a Amazônia, desde seu conhecimento em direito indígena. Qual é a voz que vai levar para a assembleia sinodal e desde onde vai tentar convencer os padres sinodais, que são os que depois vão poder votar o documento final, sobre a importância dessa realidade, de defender os direitos dos povos indígenas, nem só para a Igreja, como para a sociedade? 

Eu vou levar toda minha história na Amazônia e o conhecimento que adquiri na defesa dos povos da floresta. Sou oriundo de uma família de ribeirinhos. Vou levar a nova doutrina jurídica em pleno processo de descolonização do Direito. Isso para mostrar que não apenas a Igreja, mas também a Ciência Jurídica das Américas está em processo de transformação.

Essa evolução, em certa medida, também está acontecendo na Igreja. Até o Vaticano II a Igreja era organizada a partir do Romano Pontífice, depois foi mudando, e no ano passado, o Papa Francisco promulgou a Constituição Episcopalis Communio, que diz que a Igreja se organiza a partir do Sínodo.

Sei que não é fácil aceitar esses novos ventos depois de 500 anos de colonização e de colonialidades. Mas é o caminho para se viver uma ecologia integral. A Amazônia é mesmo esse campo de prova da mudança que seus povos querem fazer.

O Sínodo para a Amazônia deve gerar um documento final. Desde o âmbito no qual trabalha e é especialista, o que não deveria faltar nesse documento final?


A primeira parte do Instrumentum Laboris é muito clara quando fala da voz da Amazônia, dos problemas e do clamor dos seus povos e comunidades. Eles denunciaram um modelo de desenvolvimento que lhes foi imposto e que lhes trouxe destruição. É o mesmo modelo denunciado pelos bispos em 1972, como exploração de madeira, pecuária em área de floresta, mineração, energia e monocultura. Essa denúncia profética contra essas atividades não pode faltar, sob pena de a Igreja ser cúmplice da destruição da Criação.
De outro lado, há novos caminhos, tanto do ponto de vista socioambiental, como econômico, que trazem respeitos aos habitantes da Amazônia e à Criação. Espero que eles sejam apontados também.

Acho que o momento não poderia ser mais propício, a Amazônia sempre foi tida como a periferia do mundo, e agora, o mundo precisa entender que ela está na centralidade, como o Papa Francisco já havia percebido ao escrever a encíclica mais lida no mundo: a Laudato Si.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Comire realiza assembleia e elege nova coordenação

O Conselho Missionário Regional (Comire) do Regional Norte 1 realizou sua Assembleia anual nos dias 20 e 21 de setembro, com a presença de aproximadamente 25 pessoas das Igrejas do Alto Solimões, Tefé, Coari, Manaus, Borba, São Gabriel da Cachoeira, Roraima. O evento foi sediado no Centro de Treinamento Maromba, na Arquidiocese de Manaus.

A programação iniciou dia 20 com a Eucaristia às 18he finalizou com a missa de envio no sábado, dia 21, às 18h, e partilhou-se os seguintes temas: o Mês Missionário Extraordinário; o Sínodo para a Amazônia; o programa Missionário Nacional; as notícias sobre o Congresso Missionário Nacional em 2022, a ser sediado em Manaus, o Congresso Missionário Americano (CAM VI) em 2023.

No sábado, pela manhã, os missionários do Conselho Missionário dos Seminaristas (Comise), incluindo leigos e leigas, participaram da Assembleia e acompanharam o tema “A missão ad gentes e a territorialidade amazônica’, apresentado por padre Raimundo Gordiano, como parte do último momento formativo antes do envio à Semana Missionária de outubro (em Beruri, diocese de Coari).

Houve a partilha das experiências missionárias das Igrejas locais e o envio da nova coordenação eleita para esse serviço:
Irmã Carla Porfírio (coordenadora);
Pe. Raimundo Gordiano (vice-coordenador);
o jovem Alex – da Arquidiocese de Manaus (secretário);
o seminarista Matheus (tesoureiro); e
Pe. Marcelo Gualberto e Francinete (membros de apoio).

Batizados e enviados, somos missão no mundo.

Por Pe. Gordiano.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Seminários sobre o Tráfico Humano são celebrados na Amazônia



O combate à exploração sexual e ao tráfico de pessoas tem se tornado uma das prioridades da Igreja católica nos últimos anos, uma bandeira que tem no Papa Francisco um dos seus principais portadores. Com motivo do Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças, que acontece todo 23 de setembro, tem acontecido diferentes seminários ao longo deste final de semana na Amazônia brasileira. Dentre eles cabe destacar o celebrado em Tabatinga e Manaus.

Muitas vezes essa problemática é vista como algo distante, mas devemos nos questionar, se fosse alguém que você ama? uma pergunta que tem sido ponto de partida do 4º Seminário de Enfrentamento ao Tráfico de Mulheres e Crianças para fins de Exploração Sexual, organizado pela Arquidiocese de Manaus e a Rede um Grito pela Vida, com o apoio da Caritas Manaus, que contou com mais de cem participantes. Isso deve nos levar a assumir as palavras de Dom José de Albuquerque, bispo auxiliar de Manaus, que insistia em que “não podemos ficar indiferentes, temos que nos sensibilizarmos”. Para isso, o bispo fazia a proposta de que esses assuntos estejam “entrem nas pautas de nossas instituições e paróquias, são coisas que acontecem bem perto de nós”.

No mesmo sentido, o coordenador de Pastoral da Arquidiocese, Padre Geraldo Bendaham, via a necessidade de “não tornar as pessoas mercadoria”, numa sociedade que não respeita a dignidade da pessoa. Por isso, se faz necessário segundo o padre, a importância de “descobrir os esquemas de exploração para denuncia-los”. Nessa luta, a Rede um Grito pela Vida, tem um papel em destaque. Dela faz parte a vida religiosa e, cada vez mais, um bom número de leigos e leigas, como afirmava a Ir. Rosineuda Rocha, que faz parte da coordenação do núcleo de Manaus.

Falar de tráfico é dizer que essa é uma problemática além fronteiras, por isso a importância do Seminário da Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Tríplice Fronteira, que reuniu mais de 50 participantes do Peru, a Colômbia e o Brasil, os dias 20 e 21 de setembro, em Tabatinga – AM. Como também foi reconhecido em Manaus, Verónica Rubi, uma das coordenadoras da rede, mostrava aos presentes o que é o tráfico humano e como essa é uma realidade oculta, mas que merece nossa atenção, pois “se fechamos os olhos nos tornamos cúmplices”, o que levou os participantes a identificar as situações de morte presentes na região.

Como entender uma sociedade de gente vendendo gente, perguntava a Ir. Eurides Alves de Oliveira na contextualização da realidade do tráfico humano. A religiosa definia o tráfico de mulheres e crianças com fins de exploração sexual como uma “mercantilização dos corpos e da dignidade”, afirmando que a pessoa se tornou mercadoria de consumo. Desde o ponto de vista histórico, numa perspectiva amazônica, a professora Iraildes Caldas Torres, enraizava essa realidade no tempo da conquista portuguesa, um tempo em que a exploração sexual das mulheres indígenas se tornou instrumento de dominação, assumido pelos próprios nativos, relatando situações de homens que oferecia suas filhas e inclusive suas esposas aos portugueses. Isso foi criando uma consciência de que a mulher não existe e que elas eram as culpadas da situação, o que desembocou em que atualmente muitas mulheres, vítimas dessa situação, não denunciem.

A Igreja está desenvolvendo tanto em nível mundial como local o combate dessa realidade. A Seção Migrantes e Refugiados, que faz parte do Dicastério do Vaticano para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, publicou Orientações Pastorais sobre o Tráfico de Pessoas, como apresentava a Irmã Rose Bertoldo, que em abril participou em Roma de um seminário sobre essa temática e que, coincidindo com a data deste seminário, tem sido nomeada auditora do Sínodo para a Amazônia pelo Papa Francisco, em consequência de seu trabalho e conhecimentos sobre o tráfico humano. Ela dizia que “nós mulheres somos quem mais cuidamos da vida na Amazônia, da vida humana e do meio ambiente”, questionando aos presentes com a pergunta: como é que o ser humano pode se satisfazer a partir da dor de outra pessoa? Ela denunciava que “muitas vítimas não confiam nas autoridades, na polícia, que muitas vezes acusa em vez de defender”. A religiosa fazia referência ao encontro que vai ser celebrado em Roma nesta semana em ocasião dos 10 anos da Rede Talitha Kum uma das muitas redes eclesiais que favorecem o trabalho de prevenção, se referindo ao trabalho da vida religiosa e da Cáritas nos programas de reintegração das vítimas do tráfico humano.

Em nível local, a Igreja católica na região vem desenvolvendo um importante trabalho, como reconhecia Dom Edson Damian, presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, e bispo de São Gabriel da Cachoeira, destacando o grande trabalho da Rede um Grito pela Vida. Ele parabenizava as muitas mulheres presentes no seminário, de quem destacava sua coragem, que etimologicamente significa agir com o coração. O bispo falava da sua diocese, “uma região de fronteira onde tudo é permitido, onde tudo é possível”, recordando muitas palavras do Papa Francisco em referência ao tráfico e destacando um grande número de mulheres que estarão presentes na assembleia do Sínodo para a Amazônia, dentre elas várias representantes do combate a essa problemática.

Nesse trabalho local, o Padre Geraldo Bendaham, destacava a importância da Campanha da Fraternidade de 2014, com o tema: Fraternidade e Tráfico Humano, que provocou um ampla ressonância dentro e fora da Igreja. Algumas consequências dessa campanha foi o Seminário Internacional celebrado em Manaus em 2015 ou o conteúdo da X Assembleia Pastoral da Arquidiocese, em 2018, que faz um planejamento para quatro anos, onde aborda essa questão ao falar sobre a superação da violência. Desde a Cáritas Arquidiocesana de Manaus estão se desenvolvendo, em parceria com a Rede um Grito pela Vida, ações de prevenção, sensibilização e combate ao tráfico humano, como relatava Rosivane Souza dos Anjos, psicóloga da instituição, especialmente a través do projeto Iça.
Esse fenómeno “reveste-se de uma perversidade tamanha”, afirmava Dom Sérgio Castriani, arcebispo de Manaus, que definia a quem faz parte da Rede um Grito pela Vida como “mulheres comprometidas com a justiça social e com os pobres. Mas sobretudo misericordiosas”. Ele enfatizava que “uma sociedade que admite a exploração sexual de uma criança é uma sociedade doente que admitirá outras barbaridades também”. Ele agradecia a quem enfrenta essa problemática, algo que nasce “da experiência de fé e do seguimento de Jesus em comunhão com a sua Igreja, da qual nem sempre recebem todo o apoio que necessitam e merecem”.

Na região da Tríplice Fronteira, a Igreja combate a rede de morte que tem se instalado nesse local, que segundo o jesuíta Valério Sartor, tem o dinheiro no centro e tem se instalado na realidade social, a partir da lógica do mercado, incentivada pela globalização e os meios digitais. Essa é uma realidade que precisa de pautas que ajudem na ação em defesa da vida, apresentadas por Marta Barral, algo que segundo ela “começa em cada um e cada um de nós” e que precisa que “acreditemos em nossa dignidade e nossos direitos como pessoas”, insistindo em que o enfrentamento ao tráfico de pessoas e a defesa da vida não pode ser feito individualmente, “precisamos nos organizarmos em redes”. Essas redes de proteção precisam da parceria de diferentes atores sociais e eclesiais e a formulação de compromissos concretos que possibilitem uma melhor atuação.

Desde o mundo político, Elias Emanuel, vereador de Manaus pelo PSDB, que se fez presente no seminário, referia-se ao acontecido na legislatura passada da câmara municipal, em que foi aberta uma frente parlamentar sobre esse tema, algo que precisa ser reavivado. Para isso vê necessário “trabalhar um plano municipal no enfrentamento do tráfico de crianças e mulheres para a exploração sexual, que deve ser construído com várias políticas”, insistindo em que a câmara “tem que induzir a participação da assistência social, da educação, da saúde, do esporte, de várias políticas em torno dessa questão, pois se a gente não tiver essa intersetorialidade, nós não teremos efetividade nessa ação de combate”.

O deputado Federal José Ricardo Wendling, também presente, denunciava que “nós estamos vendo um retrocesso na política nacional de direitos humanos”, o que faz ainda faz mais difícil enfrentar esse problema, dado “o desmonte de certas estruturas públicas” por parte do governo, o que segundo o deputado do PT, “amplia a necessidade da sociedade civil ser uma voz mais protagonista”, que precisa “pressionar mais o poder público”, que deixou de fazer funcionar a rede de proteção às crianças. Segundo o deputado, tendo em conta que o tráfico de pessoas continua forte, “se o governo flexibiliza, fragiliza suas ações de enfrentamento, logicamente o quadro vai permanecer”, repetindo a necessidade da “sociedade pressionar o poder público a fazer sua parte”.

No combate ao tráfico de pessoas participam diferentes instituições do poder público. Um deles é o Ministério Público do Trabalho, que a través de uma das Procuradoras, Alzira Melo Costa, relatava diferentes casos, sobretudo no interior do estado, onde as poucas oportunidades, fazem com que o povo se encante. Ela pedia da Igreja, que sobretudo no interior do estado tem uma importância fundamental na construção de políticas públicas e na defesa dos direitos humanos, que ajude as pessoas a se perguntar, a cobrar, a ter um olhar atento e diferenciado, a fazer um trabalho de prevenção. Ao mesmo tempo reconhecia que os cortes e desmonte dos direitos sociais, cada vez mais presentes no Brasil, tem como consequência que no estado do Amazonas, só tem 12 procuradores para todo o estado e todos ficam na capital.

O Brasil e o país de Sul América com maior incidência nesse campo, afirmava Márcia Maria Cota do Álamo. Segundo dados oficiais, entre 2012 y 2016, cada 4 hora foi contabilizada uma vítima desse crime, mas os números são bem maiores, segundo a advogada, pois muitos casos não são registrados. Não podemos esquecer que o tráfico de pessoas é mais lucrativo do que o tráfico de drogas, com um lucro de 32 bilhões por ano, uma escravidão de correntes invisíveis que tem múltiplas causas no Brasil, o quarto país do mundo em casamento infantil, o sexto em exploração sexual e o terceiro em tráfico de mulheres, o que demanda uma maior cobrança aos gestores, para quem não é prioridade proteger as pessoas, segundo Márcia Álamo, que destacava que ao longo da história, no Amazonas mais de trezentas mil mulheres indígenas já foram capturadas para a prostituição. Por isso, ela insistia na necessidade de políticas de estado e não só de governo.

Desde a Defensoria Pública da União, Lígia Prado da Rocha, enumerava os marcos normativos nacionais e a política nacional de enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que “muitas vezes fica só no papel, falta assistência às vítimas”, como se demonstra no fato de que no estado do Amazonas deveria ter 13 postos avançados de atenção às vítimas espalhados por todo o estado e só tem um em Manaus, o que a leva a denunciar que “o estado não está implementando as políticas”. Também relatava a situação dos migrantes ilegais que quando são vítimas do tráfico não denunciam, sem conhecer que a lei garante sua regularização no país quando são vítimas dessa situação.

A problemática do Tráfico de Pessoas, demanda, como foi relatado no Seminário realizado em Tabatinga a importância de se articular em rede diante de um sistema capitalista que procura o lucro, especialmente na Amazônia, empobrecendo os direitos e explorando os recursos, materiais e humanos, e gerando necessidade de possuir. Isso se agrava diante da situação política, onde a extrema direita cada vez tem mais auge, a corrupção. As consequências são a violência, o êxodo às grandes cidades, o turismo que prostitui as culturas locais, diante da ineficácia policial e a criminalização dos delitos. Tudo isso incrementado diante da ausência de mecanismos de controle nas comunidades.


segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Vaticano divulga lista de participantes do Sínodo


A lista dos participantes da Assembleia do Sínodo dos Bispos para a Amazônia foi divulgada no último sábado pelo Vaticano. Para a atividade que será realizada entre os dias 6 e 27 de outubro, foram convocados pelo papa Francisco 118 brasileiros para os mais diferentes serviços  (Lista completa dos Participantes do Sínodo)

O Cardeal Cláudio Hummes, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM e da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia/CEA, terá um papel fundamental na assembleia. Ele foi nomeado, ainda maio desse ano, relator do Sínodo. O também Cardeal João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, será um dos presidentes delegados.
Ao todo, participam pelo Brasil 56 bispos das dioceses e prelazias da Amazônia e 2 padres administradores das Igrejas particulares que estão sem bispo nomeados. Ao grupo dos padres sinodais, aqueles que têm direito a voto, somam-se os padres representantes da União dos Superiores Gerais (USG).

O Brasil também terá um número significativo de mulheres na Assembleia Sinodal. 19 mulheres, 13 religiosas e 6 leigas, estão no grupo nomeado pelo Papa Francisco. Entre elas estão auditoras e peritas que contribuirão nas reflexões e discussões, mas não poderão votar.

Outro destaque para a convocação do Sínodo são os representantes de outra igrejas de tradição cristã, chamados na lista de delegados fraternos. Quatro representantes brasileiros de três igrejas estarão na Assembleia em outubro.

Confira a lista de brasileiros e os serviços que desempenharão no Sínodo para a Amazônia:

Relator Geral
  1. Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo (Brasil), Presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da CNBB, Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM
Presidente Delegado
  1. Cardeal João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica
 Comissão de Informação
  1. Maria Irene Lopes dos Santos, Religiosa da Congregação das Carmelitas Missionárias de Santa Teresinha do Menino Jesus, Assessora da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da CNBB, Diretora Executiva da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil
Comitê de Litígios
  1. Dom Wellington Tadeu de Queiroz Vieira, Bispo de Cristalândia
Conselho Pre-Sinodal
  1. Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo (Brasil), Presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da CNBB, Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM
  2. Dom Erwin Krautler – bispo emérito da Prelazia do Xingu
  3. Dom Neri José Tondello, Bispo de Juína/MT
  4. Dom Roque Paloschi, Arcebispo de Porto Velho/RO
  5. Maria Irene Lopes dos Santos, Religiosa da Congregação das Carmelitas Missionárias de Santa Teresinha do Menino Jesus, Assessora da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da CNBB, Diretora Executiva da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil
Bispos do Brasil
  1. Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte, Presidente da CNBB
  2. Dom José Albuquerque de Araújo, bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus/AM
  3. Dom Benedito Araújo, Bispo de Guajará-Mirim/RO
  4. Dom Bernardo Johannes Bahlmann, Bispo de Óbidos/PA
  5. Dom Sebastião Bandeira Coêlho, Bispo de Coroatá/MA
  6. Dom Fernando Barbosa dos Santos, Bispo da Prelazia de Tefé/AM
  7. Dom Vilsom Basso, Bispo de Imperatriz/MA
  8. Dom Pedro Brito Guimarães, Arcebispo de Palmas/TO
  9. Dom Derek John Christopher Byrne, Bispo de Primavera do Leste-Paranatinga/MT
  10. Dom Rubival Cabral Britto, Bispo de Grajaú/MA
  11. Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Manaus
  12. Dom Evaldo Carvalho dos Santos, Bispo de Viana/MA
  13. Dom José María Chaves dos Reis, Bispo de Abaetetuba/PA
  14. Dom Vital Chitolina, Bispo de Diamantino
  15. Dom Adriano Ciocca Vasino, Bispo da Prelazia de São Félix
  16. Dom Jesús María Cizaurre Berdonces, Bispo de Bragança do Pará
  17. Dom Pedro José Conti, Bispo de Macapá/AP
  18. Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá/PA
  19. Dom José Belisário da Silva, Bispo de São Luís/MA
  20. Dom Mário Antônio da Silva, Bispo de Roraima
  21. Dom José Altevir da Silva, Bispo de Cametá/PA
  22. Dom Antônio de Assis Ribeiro, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém/PA
  23. Dom Wellington Tadeu de Queiroz Vieira, Bispo de Cristalândia
  24. Dom Philip Dickmans, Bispo de Miracema do Tocantins
  25. Dom Jacy Diniz Rocha, Bispo de São Luiz de Cáceres/MT
  26. Pe. José Celestino dos Santos, Administrador Diocesano de Ji-Paraná
  27. Dom Giuliano Frigeni, Bispo de Parintins/AM
  28. Dom Flavio Giovenale, Bispo de Cruzeiro do Sul/AC
  29. Dom Juventino Kestering, Bispo de Rondonópolis – Guiratinga/RO
  30. Dom Canísio Klaus, Bispo de Sinop/MT
  31. Dom Jan Kot, Bispo de Zé Doca/MA
  32. Dom Romualdo Matias Kujawski, Bispo de Porto Nacional/TO
  33. Dom Sebastião Lima Duarte, Bispo de Caxias/MA
  34. Dom Francisco Lima Soares, Bispo de Carolina/MA
  35. Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, Bispo da Prelazia de Itacoatiara/AM
  36. Dom Protógenes José Luft, Bispo de Barra do Garças/MT
  37. Pe. Odirley Maia, Administrador Diocesano de Santarém/PA
  38. Dom Armando Martín Gutiérrez, Bispo de Bacabal/MA
  39. Dom Teodoro Mendes Tavares, Bispo de Ponta de Pedras/PA
  40. Dom Meinrad Franz Josef Merkel, Bispo de Humaitá/AM
  41. Dom João Muniz Alves, Bispo da Prelazia do Xingu/PA
  42. Dom Roque Paloschi, Arcebispo de Porto Velho/RO
  43. Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, Bispo da Prelazia de Borba/AM
  44. Dom Giovane Pereira de Melo, Bispo de Tocantinópolis/TO
  45. Dom Joaquín Pertíñez Fernández, Bispo de Rio Branco/AC
  46. Dom Marian Marek Piątek, c.ss.r., Vescovo Bispo de Coari/AM
  47. Dom Elio Rama, Bispo de Pinheiro/MA
  48. Dom Irineu Roman, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém/PA
  49. Dom Santiago Sánchez Sebastián, Bispo da Prelazia de Lábrea/AC
  50. Dom Wilmar Santin, Bispo da Prelazia de Itaituba/PA
  51. Dom José Valdeci Santos Mendes, Bispo de Brejo/MA
  52. Dom Evaristo Pascoal Spengler, Bispo da Prelazia do Marajó/PA
  53. Dom Edson Tasquetto Damian, Bispo de São Gabriel da Cachoeira/AM
  54. Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo de Belém/PA
  55. Dom Neri José Tondello, Bispo de Juína/MT
  56. Dom Carlo Verzeletti, Bispo de Castanhal/PA
  57. Dom Dominique Marie Jean Denis You, Bispo de Santíssima Conceição do Araguaia/PA
  58. Dom Adolfo Zon Pereira, Bispo de Alto Solimões/AM
– Pela União dos Superiores Gerais
  1. Padre Pedro Saul Ruiz Alvarez – Superior Regional dos Padres Xaverianos
  2. Padre Dario Bossi – Missionário Comboniano, Superior Provincial dos Missionários Combonianos no Brasil e Assessor da REPAM-Brasil e da Rede de Igrejas e Mineração
  3. Padre Celestino Ceretta – Sociedade do Apostolado Católico – Palotinos; vigário paroquial, auxiliar da área pastoral de Ponta Negra, em Manaus/AM e professor de História da Igreja na Amazônia.
  4. Padre José Amarildo Luciano da Silva – Congregação do Santíssimo Redentor – Superior Provincial dos Redentoristas em Manaus
  5. Padre Raimundo Aristides da Silva – Cônegos Lateranenses – Vigário Paroquial e professor.
  6. Padre Gilberto Orsolin – Sociedade do Apostolado Católico – Palotinos – membro do Conselho Provincial e Diretor da Faculdade Palotina de Santa Maria
  7. Padre José Boeing – Sociedade do Verbo Divino – Trabalho Pastoral com a Justiça, paz e integridade da criação.

Outros Participantes:
 – Colaboradores do Secretariado Especial – Expertos
  1. Joaquim Alberto Andrade Silva, especialista em Pastoral e Direitos Humanos – membro da União Brasileira de Educação Católica/UBEC
  2. Padre Adelson Araújo dos Santos, docente do Instituto de Espiritualidade da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma
  3. Padre Agenor Brighenti, presidente do Instituto Nacional de Pastoral e membro da Equipe de Reflexão Teológica do CELAM
  4. Monsenhor Raimundo Possidonio Carrera da Mata, professor de História da Igreja
  5. Marcia Maria de Oliveira, Doutora em Sociedade e Cultura Amazônica, assessora da REPAM-Brasil
  6. Ima Célia Guimarães Vieira, Membro da Comissão Nacional do Meio Ambiente CONAMA
  7. Padre Mauricio Jardim, presidente das Pontifícias Obras Missionárias no Brasil
  8. Roberto Malvezzi, especialista em Meio Ambiente, especialmente em Água
  9. Padre Justino Sarmento Rezende, especialista em espiritualidade indígena e pastoral inculturada
  10. Padre Paulo Suess, doutor em Teologia Fundamental, esperto em Teologia e Inculturação e Pastoral na Amazônia com os povos indígenas

– Auditores 
  1. Dorismeire Almeida Vasconcelos, coordenadora de pastoral e movimento de defesa dos direitos humanos e ambientais, na Prelazia do Xingu/PA.
  2. Diácono Francisco Andrade de Lima, secretário Executivo do Regional Norte 1 da CNBB
  3. Roselei Bertoldo, religiosa das Irmas do Coração Imaculado de Maria, membro da Rede Um Grito Pela Vida, Igreja de fronteira, na luta contra o tráfico de pessoas.
  4. Marlene Fátima Betlinski, religiosa das Irmãs Franciscanas Angelina, responsável pela administração geral de 37 comunidades rurais da área Pastoral Santa Clara (UISG)
  5. Padre Guilhermo Antônio Cardona Grisales, missionário jesuíta há 23 anos na Amazônia
  6. Judite da Rocha, coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens/MAB
  7. Corrado Dalmonego, Missionário da Consolata no estado de Roraima nas comunidades Yanomami da Amazônia
  8. Raimunda Nonata de Aguiar Bezerra, religiosa de Nossa Senhora, coordenadora da área de Justiça e Paz na Congregação, representante da ONG UNANIMA, da Congregação nas Nações Unidas, membro da Rede Um grito pela vida. (UISG)
  9. Felício de Araújo Pontes Júnior, Procurador Regional da República, especialista em direito dos povos indígenas.
  10. Maria Carmelita de Lima Conceição, religiosa das Filhas de Maria Auxiliadora, Superiora Provincial da Província “Laura Vicunha” de Manaus. (UISG)
  11. Mariluce dos Santos Mesquita, religiosa das Filhas de Maria Auxiliadora, indígena da etnia Barassana
  12. Maria Henrique Ferreira Cavalcante, membra da Comissão de Justiça e Paz de Belém, da Igreja de Fronteira e da Rede Um Grito Pela Vida.
  13. Fracinete Galvão Noronha, religiosa indígena da etnia Tuyuka.
  14. Padre Zenildo Lima da Silva, reitor do Seminário São José, de Manaus e vice-presidente da Organização dos Seminários e Institutos do Brasil
  15. Maria Irene Lopes dos Santos, Religiosa da Congregação das Carmelitas Missionárias de Santa Teresinha do Menino Jesus, Assessora da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da CNBB, Diretora Executiva da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil
  16. João Gutemberg Mariano Coelho Sampaio, membro da REPAM atuando no eixo de Formação e Métodos Pastorais, com ênfase na Ecologia Integral.
  17. Moema Maria Marque de Miranda, assessora da REPAM-Brasil e da Igreja e Mineração.
  18. Irmã Arizete Miranda Dinelly, religiosa da Congregação de Nossa Senhora Cônegas de Santo Agostinho, membro da Equipe Itinerante “Tenda Amazônica”, da REPAM e da CLAR. (UISG)
  19. Irmã Gervis Monteiro da Silva, religiosa da Congregação das Filhas de São Paulo, membro da Equipe Itinerante “Tenda Amazônica”.
  20. Irmã Mary Agnes Njeri Mwangi, religiosa Missionária da Consolata, especialista em Teologia Indígena e Diálogo Interreligioso, envolvida na caminhada da Igreja de Roraima, especialmente na pastoral com os povos originários. (UISG)
  21. Maria Petronila Neto, agente de Comissão Pastoral da Terra na Arquidiocese de Porto Velho.
  22. Padre Raimundo Vanthuy Neto, diretor Instituto de Teologia Pastoral e Ensino Superior da Amazônia/ITEPES
  23. Laura Vicuña Pereira Manso, agente de pastoral do povo Karipuna
  24. Diácono Francisco Salvador Pontes Filho, da Arquidiocese de Manaus, presidente da Comissão Nacional de Diáconos
  25. Marcivânia Rodrigues Paiva, representante do grupo étnico Sateré Mawé
  26. Tapi YawalapitI, liderança de 16 comuinidades indígenas do Alto Xingu, Mato Grosso.

Colaboradores da Secretaria Geral do Sínodo
  1. Leandro dos Santos Pereira, assistente para a comunicação
Assistentes
  1. Padre Micael Carlos Andrejzwski
  2. Padre Alexandre Boratti Favretto
  3. Padre Elizeu Conceição
  4. Padre José Raymundo dos Santos
  5. Padre Márcio Fernando França
  6. Padre Sebastião Junior Ferreira Braga
  7. Padre Carlos Fernando Hernández-Sanchez
  8. Padre Luiz Albertus Sleutjes
Delegados Fraternos
  1. Moab César Carvalho Costa, Igreja Assembleia de Deus
  2. Daniel dos Santos Lima, Membro da Comunidade Anglicana de Manaus, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
  3. Cláudio Correa de Miranda, vice-coordenador do Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs (CAIC), membro da Igreja Anglicana
  4. Nicolau Nascimento de Paiva, coordenador do Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs (CAIC), Igreja Evangélica de Confissão Luterana, no Brasil.
Convidado Especial
  1. Carlos Alfonso Nobre, cientista, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2007, Membro da Comissão de Ciências Ambientais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
 
Fonte:  Repam Brasil

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Igreja do Amazonas e de Roraima refletem sobre novos caminhos para ser presença em toda a Amazônia


Bispos, padres, diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas, dentre eles representantes de 12 povos indígenas, estiveram reunidos em Manaus, na 47.ª Assembleia do Regional Norte 1 (Amazonas e Roraima) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para acolher as novas Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil (2019 – 2023) e recordar a caminhada feita em preparação ao Sínodo para a Amazônia a ser realizado de 6 a 27 de outubro, em Roma, reforçando o compromisso de levar ao Papa Francisco alguns clamores houve durante as escutas e que estão no Instrumentum Laboris, documento norteador deste sínodo.

Com o objetivo geral de evangelizar no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude, as novas Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil (2019 – 2023) nos trazem a imagem da casa, com quatro pilares de sustentação: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária.

“As diretrizes têm uma proposta muito clara de formar Comunidades Eclesiais Missionárias e para que fique mais fácil de tratarmos esse assunto, apresentam-nas na imagem da casa, do lar, que é também símbolo da comunidade que acolhe, envia, protege, forma, evangeliza e salva, e essa casa possui quatro pilares. O pilar da Palavra reconhece a importância da Palavra de Deus e o necessário avanço no processo de iniciação à vida cristã; o Pão que nos alerta para a liturgia, para a nossa espiritualidade, fonte de vida e de compromisso; a Caridade nos interpela a ser tal como Jesus, capazes de investir a nossa vida, talentos e capacidades e até comunicação e economias a serviço da vida plena, para que todos tenham vida e vida em abundância; e a Ação Missionária que nos convoca a uma missionariedade permanente, um processo eclesial necessário em toda a igreja do Brasil, em especial para a nossa Amazônia. Por isso estudar e conhecer as diretrizes é entrar no coração das comunidades e fazer com que todas sejam um ambiente de paz, justiça, verdade, uma página viva do Evangelho”, explicou Dom Mário Antônio que é o segundo vice-presidente da CNBB e bispo da Diocese de Roraima.

Também se recordou a caminhada realizada nas comunidades em preparação para o Sínodo, sendo este último com ampla e diversificada preparação através de muitos processos de escuta, principalmente ao clamor dos pobres, ribeirinhos e povos originários da Amazônia (indígenas) com sua sabedoria e sua forma de viver respeitando a natureza, tendo uma estimativa de 390 povos existente da Pan-Amazônia.

Pe. Zenildo Lima, reitor do Seminário São José e integrante do grupo que realizou a síntese das escutas realizadas no Regional Norte 1, esteve responsável por recordar aos participantes da assembleia a caminhada preparatória desse Sínodo que teve uma trajetória muito particular, tendo como ponto de partida a Encíclica Laudato Si, onde o Papa apresenta um conceito de Ecologia Integral e chama a atenção para o compromisso de defesa do meio ambiente ligada a um processo de justiça social, com a consciência de que tudo está interligado. “Aqui na assembleia retomamos a caminhado do sínodo a partir de algumas categorias: o diálogo, que traduz a necessidade que temos de entrar em contato com uma nova cosmovisão, uma nova compreensão da realidade, por isso o diálogo da igreja com diversas populações amazônicas é um convite para ela rever a sua linguagem e a sua estrutura ministerial; a profecia, pois existem muitos ruídos e incompreensões sobre o papel da igreja católica diante da realidade, sendo papel da igreja sair da sacristia, assumir essas lutas, fazer companhia para esses povos, assumimos suas lutas, profeticamente assumimos essa pauta, pois é papel da igreja seguidora de Jesus; e a Presença, muito invocada neste sínodo que nos pede para sair de uma pastoral de visita para assegurar presença na comunidade, que implica em rever a organização da comunidade eclesial e da igreja, rever os ministérios que tem e o modo como acontecem e estão presentes nas comunidades, para que os protagonistas, líderes nativos, cristãos leigos e leigas, homens e mulheres, tenham mais participação na igreja. É com esse espírito que esta assembleia delega aos bispos a voz dos povos que estão na Amazônia”, explicou Pe. Zenildo.

Flavio Ferraz, leigo e professor indígena, da etnia Wanano, de São Gabriel da Cachoeira onde há 23 povos e quase 90% da sua população é de indígenas, considera importante acolher as novas diretrizes, em especial quando trata da missionariedade. “A complexidade dos povos indígenas desafia a adentrar no processo missionário, com ponto focal no chamado do Papa para o Sínodo que nos dá oportunidade de colocar tudo que se passa com os povos indígenas para poder traçar novas diretrizes nesse caminho missionário. Vários leigos indígenas na região tem um processo missionário, e acreditamos que no pós-sínodo podemos sonhar com representantes de decisão, padre ou bispo indígena, para que possamos ter força nesse processo missionário nesta vasta Região Amazônica”, explicou Flávio.
E Denis da Silva, também indígena da etnia Tukano, que exerce o ministério extraordinário da Sagrada Comunhão e é coordenador de liturgia na comunidade Santana, pertencente à Paróquia N. Sra. Aparecida, em São Gabriel da Cachoeira, acredita que todo esse processo vem fortalecer a ação da igreja junto aos povos indígenas, além de fazer ecoar suas vozes e seus clamores. “A igreja é a única instituição em quem os povos ainda confiam e isso é muito importante, e através dos depoimentos que surgiram nas escutas a gente percebe o quanto que a igreja deve estar presente nesses locais, porque é uma forma também de ecoar a voz das pessoas que estão sendo deixadas à margem da sociedade”, destacou.

“Estamos muito felizes com tudo isso que está acontecendo. Nós estamos sendo ouvidos e isso é importante, pois antes não tínhamos participação nas decisões que a Igreja toma. Hoje está se ouvindo o povo. Mas estamos apreensivos e ansiosos, pois sabemos que as mudanças podem acontecer de forma rápida ou lenta, e com tudo isso estamos vendo que a igreja deu uma abertura para sermos ouvidos. A gente espera que haja mais esse diálogo para que eles possam levar os pedidos que fazemos e o principal pedido é que a gente precisa desses novos ministérios que estão sendo estudados, porque assim a gente poderá chegar mais próximo de nossas comunidades, levar mais a palavra e a eucaristia aos que estão mais distantes dos centros das cidades, transformando visita em presença. Estamos em uma área muito distante em que o padre passa poucas vezes. Além de valorizar as mulheres de nossas comunidades porque na maioria das vezes são elas que fazem todo esse trabalho”, explicou Denis.

Para o presidente do Regional Norte 1, Dom Edson Damian, o sínodo para a Amazônia tem uma originalidade especial pois nenhum dos sínodos anteriores tiveram, tendo em vista a grande preparação que foi feita, principalmente no exercício de escutar as bases, os povos indígenas e aqueles que nunca tiveram vez e nem voz na igreja. “Levamos uma expectativa de que realmente nós vamos encontrar novos caminhos para evangelizar a Amazônia, com a valorização das mulheres e a busca de novos ministérios que possam tornar presente a eucaristia, a penitência e a unção dos enfermos de uma forma mais direta e tornar a pastoral de visita, em uma pastoral de permanência, de presença constante, e isso vai fazer com que busquemos novos ministérios. E a gente espera que este sínodo que está colocando na vitrine do mundo a situação em que vive a Amazônia, a gente busque novos caminhos para uma ecologia integral”, destacou o bispo.

Ana Paula Lourenço
Pastoral da Comunicação - Regional Norte 1

Confira o registro fotográfico no álbum publicado na Fanpage do Regional Norte 1

Representantes das nove dioceses e prelazias elaboram carta do 47.ª Assembleia do Regional Norte 1

Representantes das nove dioceses e prelazias elaboram carta do 47.ª Assembleia do Regional Norte 1

Os participantes da 47.ª Assembleia do Regional Norte 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, totalizando 90 pessoas dentre bispos, padres, diáconos, religiosas e religiosos, leigos e leigas, dentre eles indígenas de 12 etnias, das nove (arqui)dioceses e prelazias elaboraram e aprovaram uma carta sobre este momento de acolhida das novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil e resgate do caminho em preparação ao Sínodo Especial para Pan-Amazônia e "conduzidos pelo Espírito de Deus olhamos para nossa Igreja como casa do Pão, da Palavra, da Caridade e da Ação Missionária em busca de novos caminhos".

Sua versão final foi apresentada pelo Pe. Zenildo Lima, ao final da coletiva de imprensa realizada na manhã do dia 19 de setembro. 

Confira a carta na íntegra. 
 

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Novas Diretrizes da CNBB e Sínodo são destaques da 47ª. Assembleia do Regional Norte 1


Com o tema  “Igreja da Amazônia: Casa do Pão, da Palavra, da Caridade e da Missão em busca de novos caminhos”, o Regional Norte 1 da CNBB – AM/RR realiza de 16 a 19 de setembro, no Centro de Treinamento Maromba. A 47ª. Assembleia, com a presença de 90 pessoas, dentre bispos, padres, religiosos(as) e leigos (as), das nove dioceses/prelazias dos estados do Amazonas e Roraima (Manaus, Parintins, Borba, Itacoatiara, Coari, São Gabriel da Cachoeira, Tefé, Alto Solimões e Roraima).

Segundo o presidente do Regional Norte 1, Dom Edson Damian, esta assembleia é um espaço em que as dioceses e prelazias estão reunidas para acolher com generosidade e criatividade as novas Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil (2019 – 2023), documento n. 109, aprovadas na 57ª. Assembleia Geral dos Bispos da CNBB, em maio de 2019, cujo objetivo geral é evangelizar no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude. 

Também está sendo tratado a respeito da caminhada realizada nas comunidades em preparação para o Sínodo, sendo este último com ampla e diversificada preparação através de muitos processos de escuta, principalmente ao clamor dos pobres, ribeirinhos e povos originários da Amazônia (indígenas) com sua sabedoria ancestral e sua forma de viver respeitando a natureza), tendo 179 (44%) dos 390 povos presentes na Pan-Amazônia participado de alguma forma deste sínodo no processo de escuta, respondendo ao pedido do papa Francisco que os povos indígenas fossem os principais protagonistas, fossem escutados com especial atenção.

A assembleia também é um momento de partilha do que cada prelazia e diocese tem realizado a partir das três causas comuns: Migração, Meio ambiente e Indígenas.  As coordenações das diversas pastorais e organismos também tiveram espaço para relatar as principais atividades realizadas, desafios e conquistas, desde a última assembleia, de setembro de 2018 a setembro de 2019.

A Assembleia segue até o dia 19, no Centro de Formação Maromba. Confira o registro fotográfico https://www.facebook.com/pg/cnbbnorte1/photos/

terça-feira, 17 de setembro de 2019

O desafio da vida urbana nas comunidades cristãs na Amazônia

Por Diác. Francisco Andrade de Lima
Secretário executivo Regional Norte 1 - CNBB]

Apesar de vermos e ouvirmos falar de uma Amazônia de Natureza exuberante, de muitos povos: indígenas, ribeirinhos, quilombolas... a Amazônia cada vez mais vai sendo devastada, e os povos “empurrados” para as cidades, ou a forma de vida das cidades vai chegando nas comunidades mais longínquas. Isso vai dando uma característica para a região amazônica que é a predominância da maioria das pessoas morando nas cidades e, consequentemente, um alto percentual sofrendo as dificuldades da urbanização desordenada, agravada pela fragilidade das políticas públicas e outras iniciativas estatais que poderiam favorecer a vida na cidade.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em sua 57ª Assembleia Geral, aprovou as Novas Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil, incluindo já no Objetivo Geral, o aspecto urbano: “Evangelizar no Brasil, cada vez mais urbano”. Para os Bispos do Brasil “não se trata tanto de pregar o Evangelho a espaços geográficos cada vez mais vastos ou populações maiores em dimensões de massa, mas de chegar a atingir e como que pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação” (DGAE 31).

Também o Sínodo para a Amazônia no Instrumentum Laboris, dedica dois capítulos, um na segunda parte (julgar) e outro na terceira parte (agir) sobre os desafios da evangelização no mundo urbano. Sugere que precisamos aproveitar do que o mundo urbano oferece de positivo para a evangelização, e a partir da evangelização nas cidades possamos irradiar também para as demais comunidades, daí a necessidade de termos uma pastoral que trabalhe em comunhão, para que assim se possa de fato atingir os mais pobres e excluídos das cidades que na maioria dos casos são provenientes das comunidades ou regiões remotas, seja da própria região, seja migrante que vindos de situações de conflitos, fugindo da fome e tantas outras mazelas levam ao crescimento urbano em nossa Amazônia.

Quando chegam cidades trazem se deparam com grandes desafios, a Campanha da Fraternidade de 2016, sob o tema “casa comum, nossa responsabilidade”, que versava sobre o saneamento básico, revelou o grande déficit quanto a este direito nas cidades localizadas no perímetro amazônico. A região correspondente a Amazônia legal tem em média 8% de esgoto coletado e destes 16% é tratado. Existem também dificuldades quanto ao acesso à agua potável, condições de moradia digna e tratamento de resíduos domésticos, industriais e hospitalares. Outro fato preocupante no que se refere aos habitantes da cidade diz respeito as diferentes situações de violência que tem atingido sobretudo a juventude, os negros, os indígenas e as mulheres.

As referências citadas acima revelam o grande desafio das cidades da região para a Igreja. Pergunta-se como marcar presença em uma realidade tão plural, complexa, onde estão em atuação diferentes interesses e jogos de forças, reflexo do que acontece em âmbito maior. Muito do que é a sociedade, seja esta nacional e mundial, se desenvolve e decanta-se na grande cidade. Aí se desenvolvem as relações, os processos e estruturas que constituem as formas de sociabilidade. O espaço urbano indica o que acontece em dimensões mais amplas, no todo da humanidade. Os fenômenos urbanos estão ligados a outros fenômenos em escala planetária. Demanda a necessidade de uma leitura atenta do que acontece na cidade e suas implicâncias na vida das pessoas com as quais nos envolvemos pelos compromissos pastorais.

Há ainda outras variantes que podem ser observadas como influenciadoras da “vida na cidade”, especialmente porque atingem os meios populares. Um dos elementos é o espaço.

Na grande cidade o espaço tem uma influência profunda na vida da pessoa. Daí o grande peso econômico da especulação imobiliária. A superpopulação e as condições de vida desta população fazem da luta pelo espaço algo primordial na grande cidade. Neste dado há de se considerar o espaço público, o espaço da rua, podemos nos perguntar: Porque tanta gente morando na rua? Onde moram? De onde vieram? Vão ficar sempre morando nas ruas? Na exortação apostólica Evangelli Gaudiun o Papa Francisco lembra que não podemos ignorar que, nas cidades, facilmente se desenvolve o tráfico de drogas e de pessoas, o abuso e a exploração de menores, o abandono de idosos e doentes, várias formas de corrupção e crime.

Na perspectiva eclesial cabe lembrar o mundo urbano como lugar das profundas transformações sócio econômicas, culturais e religiosas que impactam a vida e que, por sua vez, interferem no agir das Igrejas. Se queremos ter uma atuação que realmente repercuta na vida do mundo urbano, teremos que corajosamente mudar a metodologia e a forma de organização da Igreja, as Novas Diretrizes da ação Evangelizadora da Igreja do Brasil, propõe que atuemos em pequenas comunidades missionárias, que acolhe, mas também envia, onde o grande trabalho a ser feito é o processo de Iniciação a Vida Cristã, na perspectiva da escuta e vivência da Palavra, da partilha do pão e da caridade.

Neste espaço devemos atuar como cristãos provocando uma outra forma de relação com a cidade, marcada pela solidariedade e compromisso mútuo. São propostas históricas, contudo inovadoras porque hoje o discurso que atrai é o do individualismo, do fazer e viver por si, ignorando a coletividade. Em apoio a esta proposta lembramos a Encíclica Laudato Si que sugere outro patamar de relacionamento. Diz que sempre é possível desenvolver uma nova capacidade de sair de si mesmo rumo ao outro. Sem tal capacidade, não se reconhece às outras criaturas o seu valor, não se sente interessado em cuidar de algo para os outros, não se consegue impor limites para evitar o sofrimento e a degradação que nos rodeia. É possível, na experiência urbana, apontar outro caminho que não o fechamento individualista, nestes sentido o modelo de comunidades missionárias será uma grande alternativa para indicar um caminho diferente ao individualismo, podemos trabalhar a preocupação com o (a) outro (a). Diz o Papa na Laudato Sí: quando somos capazes de superar o individualismo, pode-se realmente desenvolver um estilo de vida alternativo e torna-se possível uma mudança relevante na sociedade. Esta intenção requer assumir mecanismos e metodologias de viabilização porque o ideal compreende os processos de concretização.

A partir do Evangelho de Jesus Cristo e do testemunho dos primeiros cristãos, que agiram na cidade, somos desafiados a este compromisso. O Papa Francisco na Evangelli Gaudiun lembra que: viver a fundo a realidade humana e inserir-se no coração dos desafios como fermento de testemunho, em qualquer cultura, em qualquer cidade, melhora o cristão e fecunda a cidade.

Sigamos, pois, as propostas das Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil, proposta pela CNBB, para o quadriênio, 2019 – 2023 que nos oferecem elementos importantes que dão indicativos para uma Evangelização no contexto urbano, o principal é que sejamos comunidades missionárias sustentadas pela Palavra, pelo Pão, Pela Caridade e pela missão.


segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Leigos realizam encontro anual da Comissão do Laicato do Regional Norte 1

Nos dias 14 e 15 de setembro aconteceu o Encontro Anual com a Comissão do Laicato do Regional Norte 1, com o tema “Eu vi, ouvi e desci” e lema “O rosto do laicato da Amazônia”. Conforme a coordenação do encontro, foi um momento de partilha de experiências na caminhada dos cristãos leigos e leigas, a partir da articulação dos conselhos e comissões do laicato e na vivência da sinodalidade das ações atentos aos clamores de nossa Amazônia e dos povos que aqui vivem. O encontro aconteceu em Manaus, no Centro de Formação Maromba e contou com cerca de 30 representantes de sete dioceses do Regional Norte 1 - AM/RR.

Conforme a coordenadora do evento e membro da Comissão de Leigos do Regional, Patrícia Cabral, este foi realizado com o intuito de integrar leigos das dioceses e prelazias visto que se encontram em fase de articulação. “Ainda estamos em uma caminhada de articulação, desde 2015, do Conselho de Leigos nas dioceses e prelazias, sendo que hoje temos em Manaus, Tefé, Parintins, Roraima, Itacoatiara, Borba. Além de visar o fortalecimento da caminhada do conselho, também refletimos a vivencia do Sínodo, onde nos estamos, com quem a gente pode contar, como a gente pode trabalhar principalmente o seguimento dos cristãos leigos e leigas na sociedade, nesta igreja em saída, dentro da dimensão que também é igreja em outros espaços, além dos templos e das pastorais”, destacou Patrícia, que atualmente preside o Conselho de Leigos e Leigas na Arquidiocese de Manaus.

Os presentes puderam refletir sobre os documentos em que a igreja fala da prática pastoral, em especial dentro do movimento referente ao sínodo da Amazônia, da Teologia Ecológica que exige uma reflexão crítica dos leigos, com o teólogo George Alexandre de Vasconcelos, professor do Instituto de Teologia Pastoral e Ensino Superior da Amazônia (ITEPES), que atua na linha da Teologia Pastoral, especificamente na linha de pesquisa Instituições Religiosas, realizando estudos sobre a história da igreja na Amazônia. “Trouxe uma reflexão no sentido de mostrar uma dimensão ecológica, a preocupação da igreja, em uma perspectiva mais prática na qual a igreja vem dizer que o leigo necessita ter essa consciência, enquanto sujeito da ação evangelizadora da igreja e, dentro de uma dimensão profética, o leigo cristão e consciente não pode se calar e deve intervir na realidade, precisa refletir sobre essa realidade de maneira participativa, dando seu  testemunho e levando a sua prática, ligada à prática de Jesus na qual nós fundamentamos a nossa reflexão teológica e prática pastoral”, explicou George.

A programação contemplou também uma reflexão sobre o rosto do laicato da Amazônia, uma  abordagem sobre a caminhada do Conselho Nacional de Leigos e Leigas do Brasil (CNLB) local, com momentos para partilhar e identificar como os leigos estão caminhando nas dioceses e prelazias, o que conseguiram no âmbito do envolvimento dos cristãos leigos e participação nos espaços políticos e o planejamento da comissão de leigos dentro do Regional Norte 1, identificando se é possível estipular um prazo, visando trabalhar uma grande assembleia de leigos para sair da condição de comissão e passar a ser um Conselho de Leigos e Leigas do Regional Norte 1.

Também houve a apresentação do Instrumento de Trabalho do Sínodo, pelo diácono Francisco Lima, secretário executivo do Regional Norte; e uma dinâmica para melhor compreensão da Ecologia Integral e o Sínodo, com Diego Aguiar, membro do Eixo de Formação e Métodos Pastorais do Comitê da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam).

Por Ana Paula Gioia -  Pascom Regional Norte 1